Tecnologia não alcança saudade

Cleomar Brandi e seu livro de crônicas OS “Segredos da Loba”

No último sábado completamos uma década sem Cleomar Brandi. Como passou rápido!

Para quem não conhece, Cleomar (Cléo para os íntimos) foi um dos mais queridos e competentes jornalistas sergipanos. Baiano com coração dividido por Sergipe, Brandi veio a Aracaju para compor a equipe que colocaria no ar a única emissora de televisão pública do Estado, a TV Aperipê.

Mas ele passou também por diversos outros veículos de comunicação, como a TV Sergipe, TV Jornal, Delmar FM, Jornal de Sergipe, TV Caju e, por muito tempo, foi pauteiro do Jornal da Cidade. Além de ter sido correspondente da revista Veja e atuado na diretoria de Comunicação do Tribunal de Justiça de Sergipe (TJSE).

Sem desmerecer toda a importância do seu trabalho jornalístico, hoje quero escrever sobre a saudade que sinto dele. Do amigo carinhoso que gostava da minha companhia no bar, mesmo sem eu beber uma gosta de álcool. E como eram deliciosas as tardes com ele! Naquelas mesas de bar saiam novas pautas, crônicas e letras de músicas. Todos que se sentavam ou passavam acabavam participando, seja como fonte, personagem ou como um simples insight.

Eu e Cleo

Sinto falta das suas ligações nos meus plantões de trabalho falando “Larga tudo aí e vem para o Pastelão! Já mandei fazer um peixe para nós. Hoje não vai ocorrer mais nada tão grave que mereça uma capa (de jornal)! Desce que Paulinho tá vindo com o violão pra cá também!”.

Sinto falta das conversas sobre política ou dos últimos acontecimentos da cidade; dos seus conselhos profissionais; das amizades que fazia com as mesas vizinhas; das poesias que me escrevia ali mesmo em guardanapos e declamava com alegria.

Cléo não era uma pessoa comum. Basta saber que ele deixou paga a última saideira no bar do Camilo, que fica na Coroa do Meio, para que seus amigos brindassem como ele viveu e não chorasse a sua morte. E “A última Saideira” é também o título de uma de suas crônicas que o leitor pode ler na parede deste mesmo bar.

Cléo era um boêmio inveterado, um amante da vida, da escrita, das artes, de um bom conhaque, e, sem esquecer das mulheres, apelidadas carinhosamente por ele como ‘lobas’. Um cronista maravilhoso! Suas linhas faziam do cotidiano uma peça de reflexão e diversão para seus leitores.

Ele brindava diariamente, mesmo após todas as adversidades que a vida lhe impôs. E sempre me dizia para eu levar a vida com menos seriedade. “Só viva, nem se preocupe, ela vai lhe sorrir”, me dizia.
Tem pessoas que passam por sua vida e deixam marcas, com certeza ele deixou as melhores em mim.

Saudade, amigo.

Aqui o texto que escrevi há dez anos.

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