O Brasil saiu da época do “teje preso”, característico do regime militar, para o “teje enquadrado”, do atual Governo neoliberal Luiz Inácio Lula da Silva (PT), eleito pelo esperança de se ver um Brasil sem os ranços do regime de exceção. Um Brasil com a classe trabalhadora sendo prestigiada e pronto para promover as justiças sociais, além de uma divisão de renda equilibrada, salários dignos e uma aposentadoria tranqüila. Um país sem violências. Nem físicas, nem morais. Com liberdade de expressão, com direito de revelar o contraditório, sem receio de punição. Vive-se hoje um regime que se aproxima de uma ditadura branda e um socialismo disfarçado, mas distante da democracia ampla e irrestrita, pela qual o ex-metalurgico Luiz Inácio Lula da Silva tanto lutou. Mas, o que se poderia esperar de um partido que, para chegar ao poder, fez entendimento seguro e perpetuo com uma elite que decide a vida econômica e financeira do país, desde o início da República? Ou se aliou com um bloco coronelista que fez a revolução de 1964, inventou a Nova República e agora circula faceiro pelo Palácio do Planalto, com a confiança da tecnocracia petista? Quando os financistas começam a achar que o País está bem, é porque ele vai muito mal para o trabalhador… Ontem pela manha, um ex-comunista sergipano, que sofreu a força da repressão durante o período ditatorial, pergunta estarrecido: “Mas que PT é esse?” Ninguém sabe de que origem vem esse novo movimento petista que enquadra a classe intelectual, pune seus deputados e senadores que divergem de ações equivocadas do Governo, usa da truculência para impor convicções neoliberais que antes tanto combatia. Isso é o retrato em preto e branco de um regime de exceção. Será que o Brasil vai assistir o presidente Lula da Silva, do alto do seu estrelato, editar o Ato Institucional nº 13 (AI-13), para ter força suficiente de cassar os direitos do cidadão, retornar o bipartidarismo e impor censura aos órgãos de comunicação. O eleitorado, que foi às ruas surfar na onda vermelha que balançou o país durante as eleições de outubro de 2002, do operário ao intelectual, de todas as camadas sociais, principalmente as excluídas pelos poderes conservadores, o fez na esperança de mudanças radicais, tanto na filosofia do Governo, quanto das caras que enojam o povo brasileiro desde o golpe militar de 1964. E o quê está vendo? Uma reprise má remendada de tudo que se combateu ao longo dos anos e um cidadão que abandonou o campo das ideologias e enveredou no populismo barato, com o objetivo de preparar a sua permanência por mais oito anos no Planalto. O deputado federal Jackson Barreto (PTB), por exemplo, está delirando de satisfação. Acha que o governo Lula é o caminho do vanguardismo político brasileiro. Até o classifica como um dos marqueteiros mais eficientes do Brasil. Taxar salário de inativo vem sendo considerado um avanço pelos petistas do amém, quando eles mesmos combateram proposta idêntica oferecida pelo Governo Fernando Henrique Cardoso, cujo projeto atual é um papel carbono do anterior. O enganoso Fome Zero, que colocaria comida à mesa do pobre, é bem menos eficiente do que fora posto em prática por FHC. Aliás, tudo está meio zero à esquerda. Não se viu nada que configurasse o Lula da Silva de projetos audaciosos, do primeiro emprego, do respeito à cidadania e da renovação política do País. Reconheça-se a eficiência na área econômica, ainda em dúvida se decorreu de uma ação de Governo. Esse esnobismo gabola do crescimento econômico se desfaz quando se sabe que o rombo da previdência será pago com o dinheiro do trabalhador, sem que nenhum dos maiores sonegadores do INSS deste país esteja na cadeia. Numa análise fria desse surpreendente comportamento conservador do Governo petista, a dedução é que o aprendiz de Golbery, o ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, inaugurou, esta semana, um novo arbítrio no Congresso Nacional, ao determinar que nenhum deputado do PT poderia apresentar emendas individuais, o que cassa um dos direitos do parlamentar e põe por terra o que disse o presidente Lula, ao entregar os projetos de reforma: “agora o jogo é de vocês”. José Dirceu está montando as cores do caleidoscópio para montar velhas formas de se manter no poder por muitos anos. Dirceu promove um escancaramento político que manda às favas todos os pruridos ideológicos, para se unir com aqueles que sempre estiveram na linha de frente, independente da cor que se vestia no momento. E isso tem sido tão claro, que o lado autêntico de um Partido dos Trabalhadores democraticamente discordante está sendo enquadrado. Psicologicamente torturado e exilado da sigla. Está preso a instrumentos de exceção existentes dentro da legenda, em nome de um programa que põe por terra todo o arrobo democrático do PT de antigamente. Como dizia o compositor Cazuza: “Ideologia, eu quero é gostar de ter…” RENOVEL O Grupo Empresarial Rollemberg adquiriu, recentemente, a Empresa Renovel Veículos Ltda, revendedora da marca Reneau em Sergipe. No registro da Junta consta o valor de R$ 953 mil, tendo como sócia majoritária a empresária Angélica Maria de Campos Rollemberg. VALOR REAL Segundo informações de bastidores, a Empresa fora adquiria por R$ 2 milhões e vai ampliar a revenda em todo o Estado. O grupo já detém órgãos de comunicação, locadoras com acesso em todo Estado, principalmente a Prefeituras, publicidade e atividades pecuárias. É um dos grupo que mais cresceu na área empresarial nos últimos três anos. DISSIDENTES O grupo dissidente que deixou o PPS continua se reunindo periodicamente, inclusive para ver os rumos que o pessoal deve tomar. A ex-primeira dama Leonor Franco participa das reuniões. A tendência natural do grupo é se filiar a partidos que fazem oposição ao Governo e que trabalharam para eleger José Eduardo Dutra ao Governo. FILIAÇÕES Um dos primeiros passos é a filiação do deputado estadual Fabiano Oliveira e do prefeito de Canhoba, Frederico Torres, hoje no PTB. O prefeito de Própria, Renato Brandão, está em conversa avançada para retornar ao Partido dos Trabalhadores e frei Enoque, de Volta Redonda, se mantém em dúvida entre PTB e PSB. ALMOÇO Quatro deputados federais e o senador Renildo Santana almoçaram, ontem, com o governador João Alves Filho, em uma das churrascarias de Brasília. A preocupação maior do governador João Alves Filho é que a Reforma Tributária, da forma em que está, engesse os Estados do Nordeste. AUDIÊNCIA O ministro da Segurança Alimentar, José Graziano, conversou com o deputado federal José Carlos Machado, em Brasília, por mais de 60 minutos e falaram sobre o projeto Fome Zero. Machado deu algumas sugestões e duas delas animaram o ministro: a ovinocultura, com a distribuição de uma ovelha e uma cabra e a recuperação de moradias na zona rural. MORADIA O programa da moradia já é projeto da Secretaria de Combate a Pobreza do Estado e visa a construção de casas na zona rural, com a mão de obra familiar. O pessoal constrói a casa com orientação de pedreiros e será remunerada durante o período em que estiver trabalhando. EM SERGIPE O ministro José Graziano virá a Sergipe na próxima semana, com o objetivo de lançar o cartão alimentação em apenas sete cidades. Ele vai tratar com a secretaria de Combate a Pobreza do Estado sobre o assunto. O objetivo do ministro é chegar a todos os municípios do semi-árido até o final do ano. VICIO Um prefeito de interior disse que a distribuição de alimentos já está viciando alguns agricultores do sertão, porque está faltando orientação para os objetivos do projeto. Muitos deles estão deixando de ir ao trabalho, preparar a terra, porque estão sabendo que tem almoço ao meio dia. Tudo que é adquirido sem trabalho vicia o cidadão. CONVERSA O ex-governador Albano Franco (PSDB) não está parado. Ele teve uma conversa com o deputado federal Jackson Barreto e o ex-prefeito Jerônimo Reis, sobre a filiação do deputado Fabiano Oliveira no PTB. Albano Franco fez um apelo para que Fabiano Oliveira ingressasse no PTB mais na frente. Na realidade gostaria de ver o parlamentar no tucanato. ROLLEMBERG O ex-senador Francisco Rollemberg vai comparecer, hoje, à solenidade de filiação dos novos membros do PTB. A perspectiva é que ele também assine sua ficha. Outra surpresa que Jackson Barreto pode proporcionar: o deputado federal Bosco Costa (PSDB) também pode se transferir para os trabalhistas. CONTATOS Já há algum tempo que o deputado federal Jackson Barreto vem conversando com Bosco Costa sobre a possibilidade de filiação no PTB. Ainda ontem Bosco teve um encontro com o presidente nacional do partido, Luiz Carlos Martinez, para tratar do assunto. A definição só se verá hoje. EXPULSO O deputado federal João Fontes (PT) seria expulso da Comissão de Constituição e Justiça, quando ela estava reunida para debater as reformas apresentadas pelo Governo. Só não aconteceu porque o partido recuou. Havia muitos jornalistas no local. A expulsão deve acontecer na próxima terça-feira. Notas GENOINO Carta do então deputado federal José Genoino, hoje presidente nacional do PT, a uma eleitora: “Cordialmente acusamos o recebimento de sua correspondência, agradecendo sua atenção e sugestões oferecidas. Esclarecemos mais uma vez que somos contrários à proposta do Governo que pretende tributar os benefícios dos aposentados e pensão”. E continua: “em nossa atuação parlamentar, temos dispensado esforços no sentido de assegurar direitos sociais e políticos do povo brasileiro. Reiteramos compromisso em continuar esta luta que há muitos anos iniciamos”. Hoje Genoino exige a tributação JOSÉ DIRCEU Carta do então deputado José Dirceu, atual chefe da Casa Civil, ao leitor Raimundo: “não podemos esquecer os companheiros que construíram o país que herdamos. O seu drama é compartilhado por milhares de brasileiros abandonados à própria sorte, por um Governo insensível às causas sociais. A nossa luta é manter as conquistas dos aposentados”. E conclui: “Infelizmente nossa bancada não é maioria no Congresso para mudarmos essa política econômica que tantos malefícios têm causado aos trabalhadores. Somente a vigilância e mobilização da sociedade são capazes de dar um basta a situações como essas”. MOVIMENTO O deputado federal Jackson Barreto vai fazer, hoje, um grande movimento político em Aracaju, para filiação em massa de seus aliados ao Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), do qual terá o comando, ao lado do ex-prefeito de Lagarto, Jerônimo Reis. Jackson pega uma legenda forte, que tem horário na televisão e voz no Congresso. Alguns prefeitos já estão certos de reforçar o novo PTB, além de um deputado estadual e possivelmente outro federal. A alta cúpula trabalhista virá a Aracaju e será recepcionada por Jackson com um jantar em sua residência. É fogo Embora não esteja aparecendo muito, o ex-governador Albano Franco (PSDB) tem feito algumas incursões políticas importantes. O secretário de Comunicação Social, Carlos Batalha, está trabalhando para a realização do Fórum de Governadores do Nordeste. É possível que deste Fórum saia um documento oficializando a posição dos governadores sobre as reformas apresentadas pelo presidente Lula da Silva. O deputado federal João Fontes está viajando pelo Brasil para participar de palestras e debates sobre as reformas tributária e da previdência. João Fontes diz que não vai deixar que o PT cerceie o seu direito de apresentar emenda individual aos projetos de reforma. O deputado federal João Fontes acha que esse gesto representa a cassação de um direito parlamentar, do qual ele não abre mão. O ministro das Cidades, Olívio Dutra, classificou de “grandemente qualificada” a escolha do prefeito de Aracaju, Marcelo Déda para ser coordenador geral da Frente Nacional de Prefeitos. A escolha de Marcelo Déda é realmente merecida pela sua atuação polítco-administrativa e por ser amigo pessoal do presidente Lula da Silva. O ex-prefeito de Aracaju, João Augusto Gama, também acompanha o ex-prefeito Jackson Barreto na filiação ao PTB. Já está sendo elaborado o programa do PTB para ser exibido na televisão. O pessoal agora tem tempo para mostrar o que está fazendo. O senador Antônio Carlos Valadares está trabalhando muito para levar nomes importantes da política sergipana a filiar-se em seu partido. O ex-governador Albano Franco não quis ouvir alguns amigos e preferiu ficar no Governo até o final, sem fazer o sucessor. Hoje lamenta não estar participando das reformas que tramitam no Congresso O deputado estadual Gilmar Carvalho já começou a viajar para formar diretórios em todo o Estado e dá forma e força ao Partido Verde. brayner@infonet.com.br