Ao longo dos anos, o termo “tesoura press” ficou bastante conhecido entre os jornalistas como um termo jocoso para denominar veículos de comunicação que utilizavam os chamados releases ( boletins e matérias feitos para a imprensa por assessorias de empresas, políticos, organizações sociais) como fonte principal de seus noticiosos. Mas tudo não passava de uma grande e divertida brincadeira entre colegas jornalistas. Bons tempos aqueles.
Nas últimas semanas, no entanto, o termo tesoura press passou a ter uma conotação diferente nas redações sergipanas. Virou sinônimo de censura. É que, infelizmente, em “Sergipe Del Rey” (onde desembarcou recentemente Dom Cabral e seu séqüito de consultores), alguns cidadãos de mente tacanha – que se dizem democratas e de espírito aberto para críticas – passaram, de forma vil, a utilizar a força do dinheiro público para massacrar e perseguir todos aqueles jornalistas que, por ventura, ousem dizer que o imperador está cometendo equívocos.
Tudo isso nos faz lembrar das fantásticas estórias de Hans Christian Andersen (1805-1875), escritor dinamarquês, conhecido por sucessos como o lúdico “O patinho feio” e o genial “As roupas novas do imperador”. Este último, inclusive, cai como uma luva ao fazermos uma analogia com a situação reinante hoje em Sergipe. No conto de Andersen, o imperador, iludido, desfila nu pelas ruas, sem que ninguém lhe ousasse advertir. Até que uma criança – em sua inocência – grita: “ele está nu”. Na nossa história tupiniquim, assistimos a um governo de um homem de bem, obcecado pelo trabalho, de inteligência impressionante, mas que, como a maioria dos imperadores, não se cerca de pessoas que lhe digam a verdade… que lhe abram os olhos para que perceba que está “nu”.
Tesoura press: quem faz jornalismo sério está fora.
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