Os festejos juninos batem novamente as nossas portas. Com ele, toda a tradição culinária e cultural, invade os corações, as ruas e as mentes dos sergipanos. Está no sangue do povo. Todo ano é a mesma coisa: milho, pamonha, quadrilha, forró e a expectativa de grande parte dos músicos e sanfoneiros, que irão tocar nos arraias sob pagamentos da Emsetur. É sempre um vexame. Mas um vexame que não começou ontem, nem no ano passado, ou no retrasado. Começou desde que a empresa existe e vem atravessando os anos se incorporando na cultura da festa, fazendo parte do ritual junino, sem que as autoridades constituídas elaborem uma solução definitiva para o problema. Muitos deles poderiam ser evitados se fosse feito um planejamento antecipado, com cálculos de gastos e provisões de receitas. É como se todo o ano o governo não soubesse que existem as comemorações dos festejos juninos e só descobrisse de última hora. Assim, como que um susto! E aí tome improvisação e atropelos, que vão estourar mais na frente. É apenas uma questão de tempo. O governo vai enfrentar, este ano, mais uma vez, esta empreitada. Não há como fugir. De um lado tem a prefeitura de Aracaju que conseguiu consolidar um grande evento na capital, concorrendo diretamente e tirando muito público das tradicionais cidades do interior que festejam este período, como Estância, Areia Branca e a mais recente Itaporanga D’Ájuda. Não é fácil competir com a programação montada pela atual administração municipal. Eles estão trazendo o que há de melhor e mais popular para os mercados e o grande público que se deslocava anteriormente para os forródromos do interior, dificilmente vão enfrentar estas estradas que cortam o estado para prestigiar programações que nem de longe se comparam com a da capital. De outro lado, o governo vai ter que, como sempre, ceder aos apelos dos prefeitos e deputados do interior, que também querem fazer a sua festa, nem que seja para a população local. É hora de se fazer política e a pressão vai ser grande. Aliás, esta mesma política é em grande parte responsável pelos problemas existentes na Emsetur. Sem querer fazer a defesa do presidente da empresa, Ari Leite, mas é preciso ser justo. A maior parte das dívidas enfrentadas por ele hoje, foi causada por demandas vindas de fora. São prefeitos, deputados, vereadores e lideranças políticas que pressionam o governo por festas e são atendidas para que sejam executadas pela Emsetur, sem que haja a devida compensação financeira. Ou seja, tome-lhe festa à vontade, só não tome dinheiro para paga-la. E aí se cria uma bola de neve que vai crescendo e deságua nas reclamações das emissoras de rádio, em manifestações na porta da empresa e em baixarias de todos os tipos, por parte de pessoas que, com razão, trabalharam e querem receber, mesmo que não entendam esta relação conflituosa que se cria entre quem libera para rolar a festa e aqueles que efetivamente têm que pagar, sem ter o dinheiro. Ari Leite tem desenvolvido um bom trabalho na área do turismo. A Emsetur, juntamente com a Secretaria de Turismo, conseguiram grandes conquistas num curto espaço de tempo. Mas, sinceramente, ter que administrar esta questão política em que se tornam estas festas de padroeiras em povoados, espalhadas pelo estado inteiro, sem o devido respaldo financeiro, é pedir para apanhar. Sem contar que, para estes políticos que exigem suas festas nos redutos, o céu é o limite e não a conta bancária da empresa de turismo, como deveria ser. Agora existe uma pergunta que precisa ser feita: A Emsetur é uma empresa criada para fomentar o turismo no Estado, quantos turistas estas festas de padroeiras trazem para Sergipe? Não seria a hora de se repensar o verdadeiro papel da empresa, que é a atração de turistas, dentro de um projeto macro que beneficiasse o Estado? Neste aspecto a Emsetur tem tido êxito, mas no outro, em que a política entra e atrapalha, não está dando certo. E não adianta culpar o executivo de plantão e sim a estrutura viciada que vem de vários Governos e está equivocada. Enquanto permanecer do jeito que está, pode entrar Jesus Cristo na Emsetur, que após todos os festejos juninos, vai ter sua barba puxada pelos mesmos sanfoneiros que todos os anos tocam e reclamam, num lenga-lenga torturante. COLIGAÇÃO Até o momento o PTB e o PL ainda não conseguiram fechar coligação proporcional com outros partidos, mas esperam chegar a um entendimento até a próxima sexta-feira. O deputado federal Jackson Barreto (PTB) vem conversando com outros partidos, mas encontra resistência porque tem nomes fortes para a disputa. HELENO A mesma coisa acontece com o deputado federal Heleno Silva (PL), que já ameaçou até a tomar outra posição para salvar seus candidatos proporcionais. A situação ainda está sobre controle, mas há também obstáculos para formação de composição, exatamente pela boa performance dos candidatos. DÉDA O prefeito Marcelo Deda confirmou que, quando pediu a Sérgio Góis para filiar-se ao PL, lhe prometeu trabalhar para fazer uma coligação ampla. “Acontece, que no meio do caminho houve problemas”, disse o prefeito. Um deles foi à imposição do vice pertencer a um dos partidos aliados. BOMBA Marcelo Deda pressentiu que, na hora em que topou a indicação, uma bomba relógio foi colocada em sua mão, para explodir depois da decisão. Os candidatos a vereador pelo Partido dos Trabalhadores recusaram um chapão, porque sabiam que perderiam duas posições na Câmara. UM OU OUTRO O Partido dos Trabalhadores não queria dividir a chapa com partidos que o apoiavam. Essa luta foi difícil de vencer, desde quando Deda se lançou pré-candidato à reeleição. Depois que o nome de Edvaldo Nogueira (PCdoB) se consolidou os candidatos a vereador disseram: chapa majoritária mista e proporcional fechada ou vice-versa. HELENO O deputado federal Heleno Silva (PL) não viajaria a Brasília, caso a votação do projeto de Salário Mínimo fosse votado hoje. Heleno confidenciou a alguns amigos que defende o salário de R$ 275,00 e não pretendia contrariar a base governista, que quer manter os R$ 260,00. ILZO O deputado estadual Ilzo Silveira (PFL) derrubou na justiça a intervenção no Diretório Municipal do partido em Itabaianinha. Agora ele é candidato a prefeitura daquela cidade pelo PFL e deve bater chapa com o senador Renildo Santana (PFL), na convenção do dia 30. MUDANÇA O deputado Gilmar Carvalho (PV) soltaria hoje uma bomba na sede do seu partido, ao anunciar aos pré-candidatos a vereador, que não disputaria mais a Prefeitura. Diante de fatos novos surgidos ontem pela manhã, sua avaliação foi redesenhada e o deputado adiou a bomba para segunda-feira, véspera de São Pedro. TELEFONEMA Heleno Silva (PL) ligou para Gilmar e lhe disse que deu até sexta-feira para Deda resolver o problema do seu partido. Se não acontecer, ele abre um novo processo de composições. Pediu que Gilmar Carvalho aguardasse uma posição do PL até segunda-feira. Ele acatou e comunicou ao Partido Verde os novos fatos, adiando a reunião de hoje. CHORO O presidente da Câmara, Sérgio Góes (PL) chorou ontem em um programa de rádio, porque os partidos aliados não querem uma composição com a sua legenda. Acusou alguns “pelegos” de estarem espalhando que ele tem mais votos do que os candidatos das demais legendas aliadas. COMUNICADO O senador Almeida Lima (PDT) ligou domingo para Gilmar Carvalho dizendo que autorizava os vereadores a conversar com ele e pediu que resolvesse tudo até hoje. Ontem, Gilmar telefonou para Almeida, comunicando a posição do PL: e pediu que ele aguardasse até segunda-feira próxima. PAIXÃO O secretário da Administração, Ivan Paixão, diz que a dívida do Ipes é superior a R$ 15 milhões, por serviços prestados e haverá um ajuste do plano, com gastos só do necessário. A determina do Governo é baixar os custos dos atendimentos com particulares, através da compra em leilão eletrônico e aumento do atendimento nos hospitais do Estado. DEMISSÃO Segundo uma influente fonte do Governo, na próxima semana haverá demissão de um auxiliar, sem que haja grande divulgação. Será da mesma forma que aconteceu com o Controlador do Estado, Dílson Barreto, que saiu e ninguém viu. A posse do substituto também terá a mesma discrição. GASTOS Está chegando às mãos do governador João Alves Filho o relatório de gastos de um setor do Governo, que vai deixa-lo muito irritado. Com os documentos em mãos, João Alves verá que nem tudo é culpa de um dos seus auxiliares. Tem gente muito mais influente por trás dos gastos. Notas BOA SUGESTÃO Alguns funcionários do Estado, com salários acima de R$ 1.500,00 aceitam a proposta de não descontarem mais para o Ipes e fazer um plano de saúde particular. Essa idéia do governador João Alves Filho pode acabar com uma série de problemas na instituição que está absolutamente falida. É bom esclarecer que a maioria desses funcionários já tem plano de saúde e passam a não descontar da previdência. A questão do Ipes é muito grave e precisa ser solucionada de uma vez por todas. A sociedade merece explicações. POLÍCIA Aliás, o problema do Ipes é um verdadeiro caso de polícia, porque é preciso se chegar à origem do rombo que se fez na instituição e quais são os seus autores. A questão do Ipes sempre foi empurrada pela barriga e até o momento não se chegou ao fio da meada, o que dá a impressão de impunidade. É bom lembrar que há muito tempo não se utiliza o dinheiro que retira do salário do servidor, que deveria ser utilizado em um sistema previdenciário moderno, avançado e sem problemas. O coma do Ipes é de muitos anos. PATINHO O Partido Liberal é uma espécie de patinho feio das oposições: ninguém o quer. O problema é que os vereadores Sérgio Góes, Jidenal e um pastor que é candidato pela Igreja Universal são bons de votos e, em razão disso, indesejáveis para coligações. Está dando um grande trabalho chegar à solução. A questão mais grave é a de Sérgio Góes, que foi para o PL por sugestão do prefeito Marcelo Deda e com garantia de uma coligação. Mas os membros do PT não aceitaram e a reeleição está cada dia mis difícil. É fogo O governador João Alves Filho (PFL) oferece café da manhã a jornalistas, hoje, em um restaurante de comidas típicas na praia 13 de Julho. Waldione Sá (PFL) está bem em Itabi, onde disputa a Prefeitura daquela cidade com o apoio do governador João Alves Filho. O forródromo de Areia Branca foi condenado pelo Corpo de Bombeiro por falta de segurança. A cidade esta sem festa. A Polícia Rodoviária trabalhou intensamente no trecho Aracaju/Itaporanga, sábado passado. Em determinado momento a cidade não cabia mais carros. O Governo Federal vai trabalhar de forma clara para derrubar o salário de R$ 275,00 aprovado pelo Congresso Nacional. Ivan Paixão (PPS) diz que a candidata do seu partido à Prefeitura, Susana Azevedo, está indo muito bem. O deputado Belivaldo Chagas (PSB) vai propor uma emenda elevando pasta R$ 275,00 o reajuste do funcionalismo público. Belivaldo Chagas argumenta que a medida será em consideração ao PFL, que vem defendendo esse piso nacionalmente. O ex-prefeito Wellington Paixão está integrando o gabinete da senadora Maria do Carmo Alves, em Brasília, como assessor parlamentar. Neste período em que D. Maria está à frente da Secretaria de Combate à Pobreza, Wellington Paixão permanecer em Aracaju. O deputado Francisco Gualberto (PT) quer que o Governo do Estado dê publicidade dos recursos que tem recebido do Governo Federal. A taxa de juros Selic só deverá cair mis um ponto percentual até o final deste ano, chegando a dezembro em 15% ao ano. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br