As recentes leis aprovadas pelo Governo Federal visando reduzir o nível da economia informal no Brasil mostra que há uma preocupação para uma área imensa que poderá ser desenvolvida de forma segura à medida que os empreendedores individuais, os micro e pequenos empresários começarem a sair da clandestinidade. Ou seja, como os impostos são muito elevados no Brasil as pessoas terminam por temer em pagar muitos impostos e não ficar com nada, daí optam pelo negócio informal. Por outro lado, como a mídia nacional divulga muitos escândalos relacionados aos desvio de dinheiro público, corrupção e outras coisas as pessoas começam a pensar: “Se eles podem porque também nós não podemos?”.
Num recente discurso a presidente Dilma afirmou que: “Combater a corrupção não é meta do seu governo, porque essa é uma prática de governo.” Ufa! Até que enfim. Esta é, certamente, a retórica correta. O exemplo precisa emanar do Planalto. Não resta a menor dúvida.
Mas, voltando ao nosso tema, acredito que estamos despertando e acordando para assuntos que estão sendo discutidos nos países de primeiro mundo, há pelo menos mais de dez anos; a questão da economia criativa, num país dito de população extremamente criativa. Mas que não sabe – lamentavelmente – como usar essa criatividade para ganhar o pão de cada dia.
Mas, para isto acontecer estamos falando de uma nova economia. Porque a abordagem sobre a importância da competência criatividade não é nova no mercado, mas o que há de novo e extremamente saudável é o entendimento da importância da relação intima entre a criatividade e a economia. Isto permite com que sejam criados resultados do ponto de vista econômico poderosos.
Exatamente porque começamos a entender que as pessoas que possuem as suas próprias ideias poderão até vir a ser muito mais poderosas do que aquelas pessoas que trabalham com as máquinas e, muitas vezes, até dos donos das máquinas. Aí me lembro daqueles profissionais que passaram no mínimo vinte anos estudando e, hoje, ficam operando com máquinas moderníssimas e se sentem muito poderosos e únicos. Daí esquecem que a sua própria máquina – muitas vezes – mostra os possíveis caminhos da saída e, por sua vez, eles precisam pensar muito pouco para resolver o problema que está à sua frente.
A relação entre a criatividade e a economia é intangível. Criatividade é a habilidade de gerar algo novo; isso significa a produção por parte de uma ou mais pessoas de ideias ou invenções que deverão ser originais, pessoais e possuir significado. Já a economia é definida, convencionalmente, como sendo um sistema para produção, troca e consumo de bens e serviços. Portanto, os economistas lidam, geralmente, com o problema de como indivíduos e sociedades satisfazem os seus desejos, os quais por sua vez são infinitos, mas que precisam lidar com fontes de recursos cada vez mais finitas e, principalmente, em descobrir as escassas fontes de recursos. No caso brasileiro, sempre temos a alternativa de gerar mais impostos e tudo se acerta, mas esse não é o modelo adotado pelo mundo. Vimos recentemente que o presidente Obhama passou por momentos e extrema dificuldade e ficou exposto à opinião pública porque os políticos americanos não quiserem taxar com impostos os mais ricos.
A criatividade, portanto, não é uma atividade econômica; todavia, pode tornar-se quando produz ideias de valor econômico ou gera produtos considerados propriedade intelectual. Nesses casos temos os chamados produtos criativos, os quais por sua vez podem ser definidos como bens ou serviços que resultaram da criatividade de uma pessoa ou grupo de pessoas e tem valor econômico.
Acabamos e ver, em Aracaju, uma ideia criativa e de forte agregado econômico da artista Ivete Sangalo. A pergunta é: “Será que as pessoas pagariam o valor que pagaram dos ingressos se esse show tivesse sido lançado apenas no Brasil?” Vamos pensar a respeito? Não estou falando da qualidade do show, que pelo que soube foi excelente, mas do valor que foi agregado ao mesmo, por ter sido apresentado e lançado no Madison Square Garden em New York.
Durante muito tempo, os chamados produtos criativos ficaram muito mais visíveis nas artes: obras primas de grandes pintores e escultores, peças teatrais muito famosas, show, musicais e, por este motivo, de um modo geral, nasceu a tendência de se acreditar que a criatividade era importante apenas para as artes. Hoje já se sabe e entende que a criatividade é importante para os artistas, cientistas, médicos, engenheiros, advogados e empresários (individuais, micro, pequenos, médios ou grandes).
E, finalmente, podemos dizer que poucos negócios hoje são os mesmos de há dez anos e pouquíssimos serão os mesmos daqui a cinco anos. Portanto, a capacidade de criar, de agregar valor econômico à ideia é o que fará com que muitos possam continuar num mercado cada vez mais agressivo, cada vez mais mutante e que exige que seja feito – sempre – mais por menos.
Logo, essa capacidade de criar, de gerar ideias e agregar valor econômico será, com certeza, a mais nova fronteira para pessoas, instituições, empresas, comunidades, territórios, cidades, estados e países. Este é um caminho sem volta!
Fernando Viana
www.fbcriativo.org.br