Estávamos no ano de 2001 (parece até que já se passou um século de lá para cá), João Alves Filho, sem mandato, estava em campanha para retornar ao governo do Estado; Marcelo Déda, prefeito recém eleito de Aracaju; Zé Eduardo Dutra, senador por Sergipe. O que os três tinham em comum na época? Faziam oposição frontal ao governo do presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB). Os discursos contra a transposição das águas do rio São Francisco, dos três, era recheados de nitroglicerina. João até escreveu um livro sobre o assunto. Não era organizado um só ato contra a transposição das águas do Velho Chico que os três senhores não se fizessem presentes.
Naquele ano (2001) juntaram-se aos “inconseqüentes” militantes “incendiários” para impedir a realização da “audiência pública” que seria realizada no auditório principal do CIC, no Distrito Industrial de Aracaju, João, Déda e Zé. Nesta terça-feira, 25/01, os deputados estaduais promoveram sessão especial para discutir formas de impedir a realização da “audiência Pública” que tem por objetivo transpor as águas do rio São Francisco, sem antes ser promovida a revitalização do doentio rio. Lá não estavam nem o hoje governador João Alves Filho, nem o prefeito Marcelo Déda e muito menos o ex-senador Zé Eduardo Dutra! Sequer mandaram representantes.
O que mudou de lá para cá? O rio São Francisco continua o mesmo, ou melhor, suas margens e afluentes estão mais degradadas, mais doentias… Então, o que mudou? O que mudou foi que estes três homens públicos sergipanos (João, Déda e Zé Eduardo) não estão mais na condição de “oposição”!!! É isso… Hoje fazem parte do poder e quando se chega ao poder muita coisa muda. Muda a forma de pensar, muda a forma de agir, muda o que escreveu, o que falou, muda tudo. Até a condição de vida e representação do povo muda para pior. Mas para os que chegaram ao poder… muda… só que, para melhor. Os “seus”, jamais serão abandonados, mas o povo, ah!… Pobre povo…
Como acreditar nos homens públicos? Antes de estarem no poder tudo é possível ser feito. Quando assumem o poder se escondem até de um simples debate sobre a transposição das águas do rio São Francisco. No dia da audiência, prevista para 31 deste mês no auditório da Escola Técnica, é mais que provável que os três não só estarão ausentes como farão de tudo (usarão todos os instrumentos ao dispor) para viabilizar a realização da audiência e a aprovação da transposição tal qual o governo federal quer. Exatamente o oposto do que fizeram quando estavam na oposição. Esse é um breve histórico de João Alves Filho, Marcelo Déda e Zé Eduardo, antes e depois de serem PODER.
Ausentes
Dos três senadores sergipanos (Antônio Carlos Valadares (PSB), Almeida Lima (PSDB) e Maria do Carmo Alves (PFL)) nenhum compareceu à sessão especial da Assembléia para debater a transposição das águas do rio São Francisco. Será que já mudaram de opinião também?
Únicos
Da bancada federal sergipana as únicas presenças foram as dos deputados federais Jackson Barreto (PTB), José Carlos Machado (PFL) e João Fontes (PDT). Os outros cinco (Bosco Costa, Cleonâncio da Fonseca, Pastor Heleno Silva, Jorge Alberto, Mendonça Prado e seu suplente Ivan Paixão) também não deram as caras.
Bancada do J
Você sabia que os oito representantes de Sergipe na Câmara Federal têm nomes começados com a letra “J”? Vejamos: José Carlos Machado, Jackson Barreto, João Bosco da Costa, Jorge Alberto, José Heleno, João Fontes, José de Araújo Mendonça Sobrinho, José Cleonâncio da Fonseca.
Nova reunião
Os vereadores de Aracaju realizam nesta quarta=-feira pela manhã reunião especial para debater com representantes de entidades fórmulas de impedir a transposição das águas do rio São Francisco. A sessão especial foi idealizada pelo vereador Fábio Henrique, o “Lapão”, como é tratado por ex-colegas do colégio Salesiano.
SPU extorsivo
Continuam chegando “e-mails” condenando a bi-tributação do aforamento e taxa de laudêmio cobrada pelo SPU. Um leitor lembra que o serviço topográfico para definir o que é terreno de marinha é datado de 1831. Será que está ultrapassado?
Distância
Este mesmo leitor informa que a lei diz que área de marinha é toda faixa compreendida a uma distância de até 33 metros das margens dos rios, riachos, córregos mares, oceanos e etc. No entanto tem prédio em Aracaju que fica a essa distância da beira mar e não paga laudêmio.
Projetos
O deputado federal João Fontes disse existirem em tramitação no Congresso Nacional dezenas de projetos de lei corrigindo as distorções do aforamento e laudêmio.
Ex-pracinhas
Um outro leitor enviou e-mail informando que os recursos apurados pelo laudêmio são usados para pagar os ex-pracinhas. O leitor inclusive acha isso um absurdo.
Mesa da Assembléia
É dada como certa a reeleição do presidente da Assembléia, deputado Antônio Passos (PFL). No entanto existem resistências, principalmente na bancada do governo, quando a reeleição dos demais integrantes da Mesa, sobre tudo a primeira secretaria. A eleição Será em meados de fevereiro.
José Araújo é jornalista
josearaujo@infonet.com.br