A primeira vista o leitor deve achar que está diante de um roteiro de filme de bang-bang americano, ao fazer a leitura fria e crua do título deste artigo. Dado as devidas proporções é quase verdade. Em terra de Sergipe Del Rey, três nomes despontam hoje no cenário político como pretensos e fortes concorrentes ao Governo do Estado em 2006 (por ordem de potencial da atualidade): Marcelo Déda, Zé Eduardo Dutra e João Alves Filho, enquanto o senador Almeida Lima aparece como coadjuvante, no momento, ainda sem maior importância no cenário cinematográfico da sucessão estadual. É bom ressaltar que em política tudo é possível, por isso antecipo que não é intenção desse articulista descartar ou entronar alguém neste cenário de forma definitiva (até porque essa decisão cabe soberanamente ao eleitorado) Em política casa momento é impar. O objetivo é analisar a atualidade e seus desdobramentos na persistência deste cenário.
Já vimos neste mesmo espaço em articulo intitulado “Futuro de João, uma incógnita”, que o governador João Alves Filho (PFL), traçou uma estratégia confusa e obteve resultados mais confusos ainda nas eleições municipais em todo o Estado. Por isso seu comportamento tem suscitado indagações até entre seus mais fiéis aliados se ele pretende disputar a reeleição, uma vaga no Senado ou na Câmara Federal ou em última instância, vestir o “pijama”, ou seja, se aposentar da política institucional. Logo sua situação política eleitoral continua complicada diante dos adversários que se apresentam; Marcelo Déda e Zé Eduardo Dutra, ambos do PT, onde a briga promete se transformar numa autêntica guerra de guerrilha para saber quem terá a preferência da militância e do eleitorado sergipano para ocupar o palácio do governo.
O prefeito Marcelo Déda, saiu de uma vitória eleitoral indiscutivelmente significativa, não só por ter sido reeleito com mais de 71% dos votos válidos, como também por ter conseguido manter o seu bloco de aliados unido na disputa e conquista de vários prefeituras do interior, estrategicamente importantes para as eleições de 2006. No entanto, ainda tem pela frente sua própria administração – ao menos neste dois próximos anos, para se firmar como cumpridor de suas promessas para a grande massa que lhe deu mais esse crédito de confiança. Quem diz isso é o próprio Marcelo Déda.
Além de ter sob sua batuta o compromisso de fazer uma administração exemplar em Aracaju, com obras, muitas obras e a maioria que atendam fundamentalmente os interesses das populações da periferia da cidade, esquecidas em seu primeiro mandato, o prefeito ainda terá que manter unido o bloco partidário que lhe dá sustentação na capital e no interior. E as cobranças já começaram. O líder de Lagarto, Jerônimo Reis, já cobrou “maior presença de Déda” entre as lideranças do interior.
Aliado a isso e ai é onde a coisa promete pegar, Déda ainda enfrentará a disputa interna no PT com o seu aliado Zé Eduardo Dutra. Essa história de dizer que tem espaço para os dois na chapa majoritária não parece lógica. Será que PTB, PSB, PL, PSDB e demais aliados vão permitir que o PT indique os candidatos ao Governo e ao Senado (em 2006 só se disputa uma vaga de senador) e disputem entre eles apenas a indicação do candidato a vice e as suplências? Acho improvável. Neste exato momento o presidente da Petrobras, Zé Eduardo Dutra parece está levando uma ligeira desvantagem junto ao distinto público (eleitores). Esse aumento nos preços dos combustíveis, não o ajuda muito a aumentar a popularidade entre o eleitorado sergipano. O grosso da classe média, os formadores de opinião, não está nada satisfeita.
Diante desse quadro, não é difícil prevê que se a disputa para a escolha do futuro governador fosse hoje, dentro do PT, o quadro seria mais favorável ao prefeito Marcelo Déda. Essa escolha, evidentemente, não se dará de forma pacifica. As cenas cinematográficas do bang-bang americano seriam (ou serão) uma rotina na escolha do candidato. Os tiros serão disparados a ermo e só um mocinho escapará ileso. Resta saber qual deles. Por enquanto o quadro sucessório é pintado com este cenário: três homens (Déda, Zé Eduardo e João Alves) e um destino: o governo do Estado. Em qual deles você apostará?
José Araújo é jornalista, correspondente free-lance de O GLOBO e foi diretor de jornalismo dos jornais da Cidade e Correio de Sergipe.