Todos nós sabemos que a gravidade exerce uma força maior durante as manhãs de domingo. Acordar em plena madrugada no dia universal do descanso é quase uma tortura para muitos. Alguns, no entanto, preferem acordar exatamente nesse dia e concordam que levantar da cama para trabalhar é o verdadeiro martírio.
Acostumados com o volume felpudo dos lençóis estampados e perfumados pela lavanda, três amigos uniram forças para desmistificar a preguiça que envolve o domingo. Resolveram participar de uma prova de triatlo. Escolheram a 2ª Copa Governador Marcelo Déda de Triathlon Sprint.
Para não perder o horário eles decidiram que iriam dormir juntos, no mesmo quarto, na mesma cama, mas não com o mesmo travesseiro. Era pra sentir a sincronia e harmonizar o conceito da prova. O foco estava justamente na sintonia que cada um representava à imagem e semelhança do outro.
A chuva que desabou em Aracaju no dia anterior era o prenúncio de uma competição que poderia ser adiada. Chegou o domingo. O céu, encoberto com nuvens carregadas, ainda dava sinal de que poderia aprontar alguma surpresa. Mas só ameaçou. A água do rio, ainda fria, começou a ser aquecida logo nos primeiros minutos quando os atletas entraram.
Duas voltas de 350 metros marcaram a prova de natação. O primeiro amigo nadou melhor do que esperava. Na largada ele pensou duas vezes antes de sair no meio dos demais competidores. Preferiu seguir a recomendação da professora. Não quis arriscar espaço entre chutes, tapas e cotoveladas.
Fez a transição e passou o bastão para o outro companheiro. Esse foi para o ciclismo confiante porque sempre pedalou bem. Foram 10 voltas em um percurso de 2 quilômetros. O desafio não era completar a prova, mas sim contar as voltas mentalmente. Na quinta volta perdeu a contagem e na dúvida fez mais uma.
Era a vez da corrida após um incessante percurso de 20 quilômetros no ciclismo. O último amigo foi com tudo. A empolgação, no entanto, atacou em forma de “dor de facão” logo nos 400 metros iniciais. Ele pensou em parar em pelo menos três momentos, mas lembrou do esforço dos outros dois amigos.
Para completar os 5 quilômetros de corrida ele encontrou motivação nas palavras de cada corredor que cruzava.
– Respira forte e solta.
Foi o que ele mais ouviu dos colegas. Ainda com a mão segurando o lado direito abaixo da costela, a dor oscilava entre forte e muito forte. A água gelada no ponto de hidratação aliviou o calor e ajudou na distração. Com o tempo, a dor sucumbiu diante do seu esforço. Na chegada, descobriu que foram três desafios e uma só pessoa. Foi o seu batismo no triatlo.
Fotos: César de Oliveira (www.tocorrendo.com)