Gileno Lima discursa em solenidade da Academia
Gileno da Silveira Lima nasceu em Cachoeira, Bahia em 3 de abril de 1920. Fez o curso primário no Colégio São Bento e o ginasial no Ginásio da Bahia. Complementou o estudo no Colégio Estadual da Bahia e em 1939 ingressou na vetusta Faculdade de Medicina daquele estado, primeira do Brasil, formando-se em 1944. Dois meses após, vem morar em Laranjeiras, atendendo convite para substituir Antonio Garcia que se transferira para Aracaju. Nesta cidade, faz clínica geral no consultório e atende pacientes nas usinas e fazendas. Tem atuação destacada no atendimento emergencial às vítimas de um grave acidente ferroviário da Leste Brasileira, ocorrido próximo a Riachuelo.
Em Laranjeiras conhece Mariantonia, com quem se casa e permanece por toda a vida
Em Aracaju, Gileno atua no Hospital Santa Isabel, chegando à direção do nosocômio em 1958, onde implementa uma ampla e geral reforma, transformando a centenária instituição num hospital moderno. Para viabilizar esta grande obra, Gileno recorre a um organismo internacional, a alemã Miserior, associação católica que através dos donativos recebidos nas missas, ajuda obras humanitárias em todo o mundo e que doa recursos significativos para a obra de restauração do hospital.
Outra ação marcante de Gileno foi promover o retorno à casa do ilustre cirurgião Augusto Leite, para as comemorações do Jubileu de Ouro da primeira laparotomia (cirurgia abdominal) feita em Sergipe, em 1914.
Corria o ano de 1963 e com a aproximação da data, Gileno prepara uma solenidade para a inauguração das novas instalações do complexo cirúrgico, a quem denomina de CENTRO CIRÚRGICO “AUGUSTO LEITE”. Superando todas as dificuldades e apelando para a interferência de amigos fraternos de Augusto Leite, (que prometera nunca mais pisar os pés no hospital após divergências com a diretoria da entidade), o velho cirurgião finalmente cede aos apelos e comparece ao ato inaugural. Duas grandes surpresas porém ainda estavam reservadas. Com as mãos firmes e técnica apurada, mesmo com idade já avançada, Augusto Leite repete o procedimento cirúrgico realizado 50 anos atrás, em uma paciente com fibrossarcoma uterino. Sensibilizado com a iniciativa da direção do Santa Isabel, Augusto Leite, num gesto magnânimo, doa à entidade o BISTURI DE OURO, que havia recebido anos antes dos seus colegas do Hospital de Cirurgia, por ocasião dos 50 anos de formado. O BISTURI DE OURO é recebido com todo o carinho pelo Santa isabel, que o instala numa redoma iluminada encravada nas paredes centenárias da instituição. Esse episódio é um dos mais marcantes da medicina sergipana e tem
Gileno Lima dirige instituições bancárias em Aracaju, preside a Associação Comercial de Sergipe na década de 50 e torna-se prefeito interino de Aracaju por 4 meses. Já aposentado, não se afasta das atividades médicas e cabe-lhe, em 1994 desencadear o processo de fundação da Academia Sergipana de Medicina. Viaja para Salvador e pede o apoio do médico e primo Geraldo Milton da Silveira, da Academia de Medicina da Bahia, para a realização desse desejo. Geraldo dá-lhe estatutos e outras informações e de volta a Aracaju instala uma comissão formada pelos médicos Cleovansóstenes Aguiar, Alexandre Menezes, Osvaldo de Souza, José Leite Primo, Hugo Gurgel e Lauro Porto, para compor os primeiros quadros de patronos e outras providencias devidas.
Convida-nos para ser um de seus fundadores, após termos colocado, na condição de presidente da SOMESE, toda a infra-estrutura da entidade à disposição da comissão. Gileno sempre ressaltava esse fato. Dizia que o nosso nome já estava há muito tempo aprovado em função da atuação em prol da categoria mas, na oportunidade, ele omite a informação. Somente depois da nossa decisão, ele comunica o fato, que nos enche de orgulho.
Em 9 de dezembro de 1994 é fundada e instalada a Academia Sergipana de Medicina, em solenidade memorável ocorrida no auditório da SOMESE, com a presença de grande delegação de médicos baianos que vem da “boa terra” prestigiar a instalação da co-irmã. Gileno poderia ter sido o seu primeiro presidente. Aliás, deveria. Declinou por humildade e amor à Academia. Queria que outros colegas compartilhassem desse momento de alegria e realização. No seu discurso, Gileno faz um histórico de todos os passos e ações para que a Academia se tornasse realidade. Traça um breve perfil de cada membro fundador e é aplaudido de pé pela assistência que lota o auditório.
Em toda a história da Academia, Gileno foi um dos mais assíduos atores, vibrando com todas as suas ações e se colocando sempre à disposição para colaborar no que fosse preciso. Não foi sem motivo que apresentamos a moção, no período em que presidimos a entidade, de conceder-lhe a Título de Presidente de Honra da nossa Academia, aprovada pela unanimidade de seus pares.
Tínhamos muito
Gileno Lima partiu para a última morada em 5 de maio último. Não ouviremos mais a sua voz experiente e conciliadora. Sua presença física não mais será sentida, entretanto a sua obra permanecerá, eterna e imortal a nos guiar, como um facho de luz iluminando os nossos caminhos.