O eleitorado certamente não vai entender como dois partidos que se odeiam a nível nacional, trocam afagos em Sergipe. Quê partidos são esses? Evidente que os interesses regionais se sobrepõem às questões nacionais, mas fica muito difícil entender como se dará essa relação em que os palanques presidenciais são radicalmente diferentes. A reunião com os prefeitos terminou sem que houvesse qualquer posição tomada sobre candidaturas a governador. Albano Franco – mestre no jogo de paciência – só vai se definir em 31 de março. A primeira impressão é que a tendência será a formação de uma aliança com o Partido dos Trabalhadores, mas há uma pergunta dentro do próprio ninho tucano: “o ex-governador ganharia as eleições para a senadora Maria do Carmo Alves (PFL), que está bem nas pesquisas?”. Lógico que só se sabe indo às urnas. Mas não será nada fácil, como indicam as pesquisas de opinião pública realizadas até o momento. Entretanto, uma coisa é absolutamente verdadeira: quem está procurando Albano para um entendimento é o bloco oposicionista, através do PT. Começou por José Eduardo Dutra e Edvaldo Nogueira, e teve continuidade com o próprio prefeito Marcelo Déda, que jantou com o ex-governador Albano Franco. Fez-lhe um apelo durante a sobremesa: “quero você na minha chapa majoritária, como candidato ao Senado”. O PT tem enviado românticas rosas vermelhas para o PSDB. Vermelhas sim senhor, tal e qual a bandeira do partido. Enquanto segmentos do PFL jogam pedras a arrancam as asas dos tucanos. Todo namoro se inicia através de flores e é isso que deixa transparecer PT e PSDB ao estarem juntos nas procissões, nos almoços em restaurantes, nos embalos do Pré-Caju e em jantares festivos na casa do senador Valadares, como aconteceu sábado passado, antes do grupo “arrepiar” ao som de Timbalada, no Côco Folia. Lógico que os dois estão apenas “ficando”, como adolescentes que não querem compromissos. Mas, se continuarem assim, de “ficantes” passarão a coisa mais séria, até fixarem alianças. Há um fato que não se pode desprezar: quem tem candidato a governador é que deve procurar partidos para coligação. Entretanto há semelhanças mais profundas entre os eleitorados do PFL e PSDB, tanto que nacionalmente os dois partidos estão se unido para derrotar exatamente o PT. Nas conversas internas, percebe-se que as lideranças maiores do PFL e PSDB querem a aliança, mas há necessidade de administrar divergências. Não se pode negar que é difícil alguém que tem mandato, está em boa situação e tenha que renunciar a uma reeleição praticamente certa, mas tudo pode acontecer desde que haja interesses maiores. É preferível perder os anéis do que os dedos. O pior é perder os dois. O governador João Alves Filho não deve estar muito longe de um encontro com o ex-governador Albano Franco. Há sinalizações de que os dois desejam conversar para tratar de um relacionamento mal resolvido. É possível que antes de 31 de março se tenha uma definição: seja para um lado ou para o outro… Há uma orientação política para os membros do bloco do governo de não atacar o PSDB, que deverá ser o aliado natural do PFL no estado e a nível nacional. Todos estão trabalhando para a aproximação com o grupo liderado pelo ex-governador Albano Franco (PSDB). ENTREVISTA O primeiro sinal foi a entrevista concedida pelo deputado federal Mendonça Prado (PFL), antes um crítico ferrenho do ex-governador. Mendonça, ao contrário do que falava anteriormente, chegou a defender uma composição com o PSDB. É esperar para ver no que vai dar. ALBANO Na reunião com prefeitos do PSDB, o ex-governador Albano Franco ouviu da maioria que apóia uma composição com o governador João Alves Filho. Todos declararam que votariam com Albano no cargo que ele disputar. Tomou-se uma decisão: a posição do PSDB sairá no dia 31 de março. MUDANÇAS Todos os secretários que são candidatos deixam o governo e assumem os novos nomes indicados pelo governador, até o dia 20. Haverá mudanças em auxiliares não candidatos. O secretário da Educação, Lindberg Lucena, permanece no cargo. Já Waldione Sá deixa um setor do Pronese para assumir um lugar no primeiro escalão. Deu uma explicação: “essa é uma época em que todos têm que conversar com todo mundo e o melhor é tratar do assunto mais adiante”. O prefeito de Riachuelo, Antônio Carlos Franco Sobrinho (PMDB) diz que seu compromisso é familiar, com o primo Marcos Franco (PMDB) para deputado estadual. Antônio Carlos deixa claro, entretanto, que o compromisso cessa caso Marcos Franco não seja candidato à reeleição. PRINCÍPIOS Almeida Lima (PMDB) disse ontem que preferiu perder a possibilidade de ser candidato, a desvirtuar os seus princípios. Admitiu que não cometeria os mesmos equívocos que o PMDB vem repetindo há alguns anos, sem tomar uma posição. CAMINHO Segundo Almeida Lima, “o PMDB em Sergipe está indo para quem der mais. Colocaram a minha pré-candidatura na mão para negociar”. Denunciou que alguns filiados do partido perguntavam: “vocês querem essa candidatura (de Almeida)? Quando respondiam não eles arrematavam: então paguem por isso”. CONVERSA O senador Almeida Lima deixou claro que não vai sentar com ninguém para tratar de alianças: “só falo por uma candidatura peemedebista”, disse. Quanto ao apoio de Germano Rigotto para presidente da República, não pensa duas vezes: “estaremos na linha de frente para trabalhar por ele”. JORGE Em nota da sua assessora, o deputado Jorge Alberto (PMDB) repudiou o que classificou de “afirmações destemperadas”, declarações do senador Almeida Lima, feitas a uma rádio. A nota diz que o senador fez ataques pessoais ao deputado: “o destempero do senador é um comportamento típico de pacientes com distúrbio bipolar. E por isso o perdôo”. JANTAR O prefeito Marcelo Déda e o presidente regional do PT, Márcio Macedo, participaram do jantar de adesão pelos 26 anos do partido, na AABB de Brasília. Déda, como prefeito, pagou R$ 300,00 e Márcio, como presidente regional, desembolsou apenas R$ 200,00. José Eduardo Dutra não havia confirmado presença. CÔCO O PT e PSDB dançaram juntos o Côco Folia, sábado à noite, na Atalaia Nova. Todos estavam no mesmo ritmo, ao som de Timbalada. Estavam juntos Déda e José Eduardo (PT), Jackson Barreto (PTB), Valadares (PSB), Albano Franco, Bosco Costa e Fabiano (PSDB). Todos jantaram em casa do senador. SENADO? A fonte é do PL: “o prefeito Marcelo Déda está oferecendo a Albano Franco uma coisa que ele não tem: o Senado. Deda sabe que Albano não ganha essa eleição para Maria”. A mesma fonte fez um relato histórico: “Déda terá que se explicar muito ao pedir voto para Albano. O PT não aceita e a maioria tucana rejeita”, disse. Notas REFORMA O ministro Marco Aurélio de Mello, que deve assumir a presidência do TSE sinalizou que a reforma eleitoral em tramitação no Congresso pode não valer para as eleições deste ano, por determinação do STF. “Há um problema seriíssimo que é o respeito ao artigo 16 da Constituição, o da anterioridade”. “Essa regra dispõe que não se pode ter qualquer modificação no ano que antecede as eleições. Será que interessa essa mudança, rasgando a Constituição?”, afirmou o ministro Marcos Aurélio de Melo. JUSTIÇA “Pelo menos 1.148 parentes de magistrados ocupam cargos de confiança na justiça estadual de todo o Brasil. A prática, conhecida como nepotismo, está proibida há três meses, quando foi editada uma resolução do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), órgão criado para fiscalizar a atividade dos juizes”, fonte O Globo. O prazo para exonerações terminou ontem. No entanto, 40% dos casos detectados não serão atingidos pela norma: já somam 449 os funcionários que garantiram, por meio de liminar judicial, a permanência no emprego. LIMINARES O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Roberto Busato, condenou, domingo, a enxurrada de liminares que vêm sendo concedidas por desembargadores de Tribunais de Justiça em favor de parentes de magistrados e de procuradores que praticam o nepotismo. Roberto Busato considera “lamentável a atitude desses magistrados, que deveriam ser os primeiros a apoiar a medida adotada por esses Conselhos a fim acabar com essa prática nefasta que é o nepotismo”. É fogo A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) foi muito aplaudida em Frei Paulo, sexta-feira, durante a inauguração da agência do Banese naquela cidade. Até a próxima quinta-feira o Supremo vai julgar todas as liminares de parentes dos juizes e desembargadores de todo o Brasil, para se manter nos empregos. A informações de ministros é que o Supremo vai manter a decisão do Conselho Nacional de Justiça, que proíbe a prática do nepotismo no judiciário. PT e PCdoB anunciam que mantêm a coligação, o que dispensa qualquer divulgação, já que as duas legendas estão no mesmo barco. O prefeito Marcelo Déda (PT) viajou ontem a Brasília e hoje inicia uma série de visitas a Ministérios. A peregrinação termina amanhã. O governador João Alves Filho (PFL) viajou no mesmo avião que Marcelo Déda para Brasília. O vôo tinha uma dose política muito forte. O prefeito da Barra dos Coqueiros, Airton Martins (PT) não terá dificuldades de relacionamento político com os tucanos, caso seu partido faça uma aliança com o PSDB. Um auxiliar do governo está querendo mudar de Pasta. Já apelou para velhos amigos que deseja ocupar a Secretaria de Turismo. As viagens constantes têm aguçado o desejo de assumir a Pasta, o que não deverá acontecer porque outro nome já está nas mãos do governador. O deputado suplente Ivan Paixão (PPS) inicia para valer os seus contatos em todo o estado, para eleger-se deputado federal. As cidades que tradicionalmente realizam o carnaval estão se preparando. Neópolis e Pirambu pretendem levar um número maior de foliões. Uma inovação no carnaval de rua de Aracaju: será aberto com um cortejo que terá animação de bandas de frevo, caracterizando o som original do período. brayner@infonet.com.brA executiva do PSDB reuniu ontem os prefeitos municipais para ouvir suas opiniões em relação às composições. Sentiu que cada um tem situação diferentes em suas cidades, como é o caso de Maria Mendonça, em Itabaiana, e de Ivan Leite, em Estância. Maria já anunciou o seu apoio ao prefeito Marcelo Déda (PT), enquanto Ivan trabalha pela reeleição do governador João Alves Filho (PFL). O ex-governador Albano Franco concluiu, depois que ouviu os prefeitos, que há necessidade de construir a unidade do partido, para que se faça a melhor aliança. Da forma como está, fica difícil fazer qualquer tipo de composição, se há preferências diferentes em relação aos candidatos a governador do estado. Percebeu-se que uma ala do PSDB está muito sentida com as críticas desferidas contra o líder maior da legenda e até pela rejeição explícita para uma aliança através de setores do PFL. Entretanto há reclamações sobre o PT, além de uma distância programática quilométrica, sem contar com a disputa para presidente da República.
ORIENTAÇÃO
D. MARIA
A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) mantém que é candidata à reeleição, mas admitiu que ainda é muito cedo para tratar dessas coisas.
COMPROMISSO
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