Tudo transparente

Apesar de uma política duvidosa, quanto a sua transparência, imposta pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a sociedade brasileira tem outra consciência. A mudança não vem da troca de comando do país, mas de um sentimento de seriedade e justiça que se incorporou no cidadão, hoje muito mais exigente dos seus direitos do que há 10 anos. A exibição de tantas falcatruas, o enriquecimento ilícito de um grupo que se perpetuou no poder e a sensação de que o Brasil não pode ser pai para um e padrasto para tantos, fez com que reduzissem as jogadas engenhosas que facilitavam a vida de muita gente considerada acima da moral e dos bons costumes. Hoje, para se praticar alguma coisa que escancare a corrupção, há uma reação imediata de uma população que antes assistia, com um certo medo, as irregularidades acontecerem, beneficiando sempre quem está na cúpula das decisões. Quando o presidente Lula subiu a rampa do Palácio do Planalto, o povo que o elegeu teve a repentina sensação de que, enfim, chegava ao poder. Alguns meses depois, todos caíram na real e se desenvolveu a frustração numa parcela significativa da sociedade civil e militar. Esperava-se que a presença de Lula fosse um breque no corporativismo, na Lei de Gerson, nas mãos largas no dinheiro público e no fim das oligarquias que ainda representam o atraso neste país. Pois bem, o primeiro sinal de corrupção existente no Governo Lula, que foi o terrível caso do envolvimento de Waldomiro Dias com o jogo do bicho, que tinha o dedo escabroso do ministro da Casa Civil, José Dirceu, pensava-se que tudo seria esclarecido e, evidente, alguém responderia a processo e pagaria a malandragem na prisão. Qual o quê? O Planalto, vergonhosamente, trabalhou para salvar a pele de Dirceu, os pauzinhos foram mexidos e um escândalo desse tipo terminou em caipirinha. Mas a sociedade não se contentou. Praticamente exigiu que se tomasse uma atitude e manifestou o seu repúdio através de pesquisas que pediam a apuração rigorosa do caso. Lógico que a “turma do abafo” agiu com muita rapidez e terminou minimizando até mesmo a voz que vinha das ruas. Mas, mesmo que não tenha se registrado um grande êxito, se percebeu que a sociedade vive atenta às mazelas de segmentos retrógrados que mancham os poderes. E é sob esse destemor de uma gente cansada de exploração, que se assiste a novas denuncias, a um certo receio no que se pratica e um maior cuidado com a coisa pública. O Brasil realmente é de todos e cada qual está cobrando o que lhe cabe em uma apodrecida estrutura viciada do poder. O Brasil continua sendo o país da impunidade, mas a população já não se mantém omissa, silenciosa, deixando acontecer. Lógico que é um avanço, quando todos se sentem no direito de exercer a sua cidadania e com coragem de denunciar os excessos. Não há mais espaço apenas para os sabidos… Lógico que hoje, em Sergipe, não existe mais clima para a pratica de um dos maiores escândalos que a sociedade engoliu: a redistribuição. Uma imoralidade que envolveu personalidade que antigamente pisoteavam a lei e eram imune a qualquer tipo de reação popular. Não se dá para continuar exercendo a prática do nepotismo, nem de querer oficializa-lo por meios aparentemente lícitos. Os médicos, engenheiros, advogados, jornalistas, professores, economistas e outros profissionais liberais têm que exercer suas atividades, sem precisar de indicações de políticos, que sequer cursaram a Universidade. O direito ao trabalho é de todos, sem precisar de sobrenome ilustre e nem padrinho influente. Por tudo isso, é bom aprender essas lições que a sociedade vem dando, para perceber que nada pode ser um continuísmo, esse tal de passar de pai para filho ou de conquistar espaços por posições familiares. O momento é de todos, dentro de um campo de concorrência lícito, onde as oportunidades diversificam e se abram os caminhos para que o filho do pobre tenha o mesmo direito dos que têm pai rico e influente. GILMAR O deputado Gilmar Carvalho (PV) voltou a conversar, ontem, com a senadora Maria do Carmo Alves (PFL). Ela insistiu para que ele retomasse a pré-candidatura. Gilmar disse que com a Comissão de Ética não tem condições de ser candidato.Revelou que está chegando o momento que mesmo sem a Comissão ele não disputa as eleições. CONFIANÇA Gilmar Carvalho admite que está havendo necessidade de um entendimento, para que se restabeleça a confiança entre ele e o Governo. Segundo o parlamentar verde, O Governo pensa que retirando a Comissão, ele não será candidato. E Gilmar acha que sendo candidato, o Governo não retira a Comissão. EXPLICAM Luiz Mendonça, da Segurança, e Emanuel Cacho, da Justiça, vão à Assembléia falar sobre o agente assassinado e os outros que estão sofrendo ameaças de morte. O requerimento é de autoria de Gilmar Carvalho que, quando o viu aprovado, cochichou para o líder do Governo, Venâncio Fonseca: “então, está selada a paz”. BASES Só quando retornar a Aracaju é que o prefeito Marcelo Déda vai marcar um congresso do PT em Aracaju, para submeter sua candidatura à reeleição e ouvir a militância. Vai mostrar da necessidade de participação dos partidos aliados na chapa majoritária. Tem petista que exige chapa puro sangue. FABIANO Quanto às reclamações de Fabiano Oliveira sobre sua ausência nas negociações e indicação de auxiliares, Marcelo Déda considera que “essa é tarefa dos presidentes de cada partido”. Diz que cabe a Jackson Barreto (PTB) chamar Fabiano Oliveira para conversar. O que aconteceu, sábado, em Brasília. PESSOAL Até o momento os candidatos do PMDB só fizeram anunciar suas candidaturas: Walter Franco esta viajando e o deputado federal Jorge Alberto retornou na sexta-feira, mas não conversou com o Diretório Regional. Um dos membros do partido acha que as duas pré-candidaturas estão muito frias, embora Walter esteja bem numa pesquisa interna. NOVOS Foi encomendada uma pesquisa para avaliar a posição dos candidatos à Prefeitura de Aracaju, dessa vez incluindo nomes novos como o de Jorge Alberto e Walter Franco e Emanuel Cacho, que lançaram suas pré-candidaturas. Dos candidatos que já apareciam nas pesquisas estão o prefeito Marcelo Déda (PT) e a deputada Susana Azevedo (PPS). WALTER Uma das surpresas desta pesquisa, já em mãos do partido contratante, é a performance eleitoral do empresário Walter Franco (PMDB), que aparece em excelente posição. Outra é a força de transferência de votos de Maria do Carmo Alves (PFL). Por essa pesquisa, se as eleições fossem hoje, haveria segundo turno. CACHO Ao ter seu nome lembrado pelo deputado José Carlos Machado para candidato a prefeito pelo PFL, o secretário da Justiça, Emanuel Cacho, recebeu dezenas de telefonemas. Ontem, Cacho disse que isso é coisa que não é ele que decide, mas revelou que seu nome está à disposição do partido para qualquer candidatura. CONFUSO O senador José Almeida Lima (PDT) considera o quadro confuso e indefinido. Confirmou que está mais observando. Segundo Almeida, o único pré-candidato que teve interesse em conversar com ele foi a deputada Susana Azevedo, que tem se movimentado em toda cidade. CARTAS José Almeida Lima acha que as coisas ainda estão muito paradas, além de Susana Azevedo, ele diz que não está sentindo ninguém mais dar as cartas. Talvez as pessoas ainda estão achando cedo para começar, embora a convenção para escolha seja no próximo mês, geralmente na última semana. SAMARONE O vereador Antônio Samarone transferiu-se do PT para o PDT com o objetivo de ser candidato à Prefeitura de Aracaju. Isso era certo. Como até agora não se manifestou sobre isso, o senador José Almeida Lima considera que ele deve ter mudado de idéia e vai partir para a reeleição. DEVOLVE O Tribunal de Justiça do Estado de Sergipe divulgou ampla nota anunciando que a Fundação contratada para a elaboração das provas do concurso público para preenchimento de vagas naquela instituição, devolveu, espontaneamente, os R$ 500 mil que recebeu durante o contrato. PERGUNTA O deputado João Fontes pergunta: “como é que pode uma fundação sem dinheiro, que sub-empreitou uma Universidade de São Paulo, com todos os gastos, vir devolver o dinheiro?” Lembra que houve uma revogação, e não anulação, o que isenta a Fundação da necessidade da devolução dos recursos, porque não era problema dela. Notas BASES Álbuns candidatos a vereador pelo PFL ficaram animados com o lançamento do nome do secretário da Justiça, Emanuel Cacho, como candidato à Prefeitura de Aracaju. Aliás, a sugestão do seu nome é um fato atípico dentro do partido, porque vem sendo lembrado das bases para a cúpula. O presidente da Assembléia, Antônio Passos, e o deputado Walker Carvalho, ambos do PFL, já consideraram o nome de Emanuel Cacho como bom para o partido. Cacho também foi lançado por Clovis Silveira. PESQUISA Os resultados da pesquisa publicados ontem pelo semanário Cinform, não provocaram qualquer receio ou euforia nos candidatos, porque ela foi feita incluindo pessoas que não são candidatas ou que deixaram de ser, como é o caso de Pedrinho Valadares e Gilmar Carvalho. Mesmo assim tem a sua importância. A pesquisa foi realizada dia 24 de maio e já existem outras com resultados completamente diferentes, inclusive com a inclusão de novos nomes, como Emanuel Cacho, e a ausência daqueles que desistiram da disputa. COMPOSIÇÕES As cidades do interior estão liberadas das composições com qualquer legenda, seja de direita ou de esquerda. A rigidez em relação às composições ocorre apenas na capital, porque o ritmo da eleição tem uma visão que vai além do que se avista no interior, que é o Governo do Estado. Embora os partidos de oposição em Sergipe tenham trabalhado para fazer o maior número de prefeitos possível, está se mantendo a política de sempre, onde as lideranças continuam divergindo, mas sem atingir a cúpula estadual. É fogo Faixas foram distribuídas em algumas ruas principais de Aracaju, de incentivo à candidatura de Gilmar Carvalho (PV) à Prefeitura de Aracaju. O secretário Emanuel Cacho lembra que chegou ao partido levado pelas camadas da sociedade. O ex-deputado Ilzo Silveira (PFL) está disposto a disputar a Prefeitura de Itabaianinha e já deve comunicar isso ao governador João Alves Filho. Ilzo Silveira disse que espera que o senador Suplente Renildo Santana entenda que já foi prefeito e é senador suplente, podendo assumir o mandato no Congresso. Em Itabaiana o PFL ainda não indicou o candidato a vice-prefeito. Há indícios que o partido possa lançar outro nome. O acordo feito entre PMDB e PFL em Itabaiana decidiu que os pefelistas indicariam o nome do vice na chapa encabeçada por Carlinhos da Atlética. José Almeida Lima ainda não conversou com ninguém sobre sucessão municipal. Do seu partido ainda não apareceu ninguém querendo candidatar-se. O Banco do Brasil vai liberar, neste mês, mais R$ 1,2 bilhão para custeio, investimento, estoque e comercialização da safra 2003/2004. Os contribuintes que não declararam IR até sexta-feira vão pagar uma multa que varia de R$ 165,74 a 20% do imposto devido. O vereador Antônio Góis (PT) não consegue entender os rumos do seu partido, depois que virou poder. O ex-vereador Alcivan Menezes transferiu-se para Barra dos Coqueiros e está na luta pela Prefeitura daquela cidade. Garibalde Mendonça (PDT) ainda não falou em uma possível candidatura à Prefeitura da Barra dos Coqueiros. Por Diógenes Brayner brayner@infonet.com.br

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