Última esperança

Nos bastidores políticos não é segredo para ninguém que boa parte das lideranças interioranas recebeu dos candidatos mais promessas de ajuda do que dinheiro em espécie. Como não pode tornar público o não pagamento do acertado à boca miúda, eles têm se queixado entre si, além de prometer trabalhar contra o tratante. Fazem, contudo, uma ressalva: a não ser que as ‘verdinhas’ cheguem dias antes da eleição. A forte campanha da mídia contra a compra de votos, as constantes ameaças de punição, somadas à orientação da Justiça Eleitoral sobre esse grave crime são responsáveis, em grande parte, pela ‘crise’ que atinge as lideranças interioranas. Outro fato relevante é a fria campanha para o governo, onde o candidato à reeleição Marcelo Déda (PT) aparece nas pesquisas com uma boa vantagem e seu adversário João Alves Filho (DEM) não tem recebido as ajudas financeiras esperadas para tocar a campanha. Diante desse quadro, a última esperança dos líderes acostumados a vender votos é com os postulantes às duas cadeiras para o Senado. Fale-se muito que alguns vão inundar o Estado de dinheiro na última semana da campanha. É com esta expectativa que estão vivendo os vendedores de consciência.

 

Sem novidades

 

O debate promovido ontem pela TV Cidade (canal fechado) não apresentou muitas novidades. Como sempre ocorre nesse tipo de programa, todos os candidatos partiram pra cima do governador Marcelo Déda (PT) por dois motivos: o fato de ele liderar as pesquisas e por ser uma vidraça vulnerável já que é o chefe do Executivo. O petista deu algumas fustigadas em João Alves, seu principal adversário, mas recebeu outras estocadas de voltas. Esse desejo de todos em atingir o candidato à reeleição deixou a apresentação de propostas em segundo plano.

 

A Missão

 

Por duas vezes o grupo de extermínio batizado de ‘A Missão’ foi lembrado ontem no debate entre os candidatos. Criado no segundo governo de João Alves Filho, o grupo tornou-se temido na zona rural de Sergipe onde agia com truculência sob o argumento de ‘limpar’ o Estado dos ladrões de gado. Há quem garanta que em nome de combater a criminalidade, a ‘Missão’, que era formada por policiais militares, fez muitos ‘trabalhos’ sujos para políticos e fazendeiros.

 

Dinheiro a rodo

 

Uma boa notícia para quem amanheceu hoje sem dinheiro: a Mega-Sena vai sortear amanhã a bagatela de R$ 85 milhões. Para se ter uma idéia do que isso significa, com o prêmio que vai ser sorteado, é possível comprar uma frota de aproximadamente 3.400 carros populares, ou 34 unidades novas da Ferrari F599 GTB, uma das mais caras da marca existente no Brasil. Na poupança, a fortuna rende aproximadamente R$ 500 mil mensais. No ramo imobiliário, o valor do prêmio daria para comprar um bairro inteiro com aproximadamente 420 casas, no valor de R$ 200 mil cada. È grana demais, sô!

 

Contra a corrupção

 

A seccional sergipana da OAB participa hoje de reunião com a Justiça Eleitoral para definir estratégias da força-tarefa que objetiva coibir abusos e possíveis crimes eleitorais. O maior problema de se combater a compra de votos é que boa parcela do eleitorado acha ser obrigação do candidato pagar para ter apoio político. Segundo o presidente da Comissão Especial de Combate à Corrupção da OAB Nacional, Paulo Henrique Falcão  Brêda, “a quantidade de votos comprados ainda é muito grande, não dá para mensurar”.  Uma lástima!

 

Cruz credo!

 

Vocês já perceberam como tem candidatos cristãos nesta campanha eleitoral. E eles fazem questão de se apresentar como ‘irmãos’ na tentativa de conquistar os votos dos evangélicos. Caso todos fossem eleitos, a Assembléia Legislativa se transformaria num grande templo religioso. Era capaz até de passarem a sacolinha durante as sessões. O eleitor precisa saber separar o candidato do pastor, padre, freira e o Diabo a quatro. Deve escolher o candidato pelo que ele já fez e por seus projetos políticos, não entre os que possuem o melhor sermão.

 

Passaporte vale

 

O eleitor poderá utilizar o passaporte como um dos documentos com foto que deve apresentar, junto com o título de eleitor, no momento de votar. A Lei que alterou diversos dispositivos da legislação eleitoral obriga que o eleitor apresente no ato de votar, além do título de eleitor, um documento oficial com foto. Não esqueça que para votar nas próximas eleições a pessoa deverá apresentar o título de eleitor e um documento oficial com foto que comprove a sua identidade.

 

Último dia

 

Termina hoje o prazo para a entrega à Justiça Eleitoral dos dados relativos à segunda prestação de contas parcial dos candidatos que concorrerão nas eleições gerais de 2010, dos comitês financeiros e dos partidos políticos com representantes na disputa. Deverão ser entregues relatórios discriminando os recursos em dinheiro ou estimáveis em dinheiro recebidos para financiamento da campanha eleitoral e os gastos realizados até o momento.

 

Apoios negados

 

Os deputados Augusto Bezerra (DEM) e Angélica Guimarães (PSC) negam que estejam apoiando o candidato a deputado federal Almeida Lima (PMDB). Segundo os parlamentares, algumas lideranças que apóiam suas reeleições também votam com o peemedebista, mas eles estão trabalhando para outros candidatos à Câmara Federal. Então, tá!

 

Do baú políticos

 

Um dos jingles políticos mais difundidos em Sergipe foi o do empresário Oviedo Teixeira, que disputou o Senado em 1970 pelo MDB. Sem o advento da televisão, a musiquinha era difundida nos comícios e feiras livres. Logo, todo o Estado cantarolava o refrão “Meu voto é de valor/ É Oviedo pra senador”. As outras duas estrofes também eram fáceis de decorar: “Eleitor da capital/ Eleitor do interior/ Na cabine eleitoral/ É Oviedo pra senador” e “Eleitor vota legal/ Eleitor vota sem medo/ Na cabine eleitoral/ Pra senador é Oviedo”. Somava-se ao bem elaborado marketing a grande novidade da campanha: o emedebista costumava se deslocar para as cidades do interior em um helicóptero. Com seu barulho ensurdecedor e com o forte vento liberado pelas hélices espalhando poeira, a pequena aeronave praticamente desmanchou a feira de Carira. Era gente correndo pra todos os lados, meninos escondendo-se embaixo das saias, cavalo em disparada, bancas de verduras viradas e os homens quebrando potes e panelas de barro expostas nas esteiras. Foi um trovejo medonho. O reboliço, contudo, em nada prejudicava a popularidade de Oviedo. A campanha do emedebista começou a fazer água quando ele fez um acordo com o candidato da Arena 2, Augusto Franco. A idéia era derrotar o governador Lourival Baptista, que disputava uma das duas vagas para o Senado pela outra facção da Arena. Aconteceu que os comunistas foram contra e, segundo os líderes do MDB, os arenistas ligados a Augusto Franco não honraram o compromisso, votando apenas nele. O resultado foi que, com jingle, helicóptero e tudo, seu Oviedo perdeu a eleição.

 

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O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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