O cartão postal continua sendo um atrativo, como suporte de imagens e de textos, que reúne arte e história, cultura e sociologia, exercendo um fascínio irresistível desde que começou a circular, em 1º de outubro de 1869, na Alemanha. Em 1880 o cartão, também conhecido como Bilhete-Postal, chegou ao Brasil para entrar, oficialmente, no circuito dos Correios, como um suporte de pequenas correspondências, sem envelope, com suas duas faces a descoberto: uma, com a mensagem textual, e os espaços para o endereçamento, a outra um desenho, ou, a partir de 1891, a reprodução de uma fotografia. Durante muitas décadas, os cartões ou bilhetes postais cruzaram o mundo, como portadores de notícias, mostruário de paisagens, retratos da vida, obras de arte, ou fixando a evolução arquitetônica das cidades. O mundo ficou melhor conhecido através dos cartões postais, levando as pessoas a colecionarem exemplares postados em muitos lugares, dando razão a uma cartofilia que tem sobrevivido, principalmente nos grandes centros urbanos, onde há maior respeito e interesse pelo passado. Nas cidades de pequeno e de médio porte, que vivem em ritmo frenético de mudanças, onde é comum que as famílias troquem de hábito de morar, deixando suas amplas casas para acomodarem-se em pequenos apartamentos. Nos novos condomínios que verticalizam a paisagem. Para traz fixam, não apenas as lembranças das ruas, mas também pertences que sobram, por falta de espaços nas novas moradias. Livros, revistas, objetos, retratos, fotografias em geral, incluindo cartões postais são perdidos, indo parar nas lixeiras ou nas casas que reciclam papel, como já são tantas em Aracaju. O prejuízo é inestimável e irrecuperável. Sabe-se, em Aracaju, de várias coleções de fotografias, que se perderam para sempre, tornando mais pobre a memória da capital sergipana. Ao localizar e selecionar cartões postais de Maceió e de outras partes das Alagoas, o professor Douglas Aprato Tenório ensina a prática da organização da memória, salvando do esquecimento um documentário essencial, que a FAPEAL multiplicou em reprodução, para brindar aos alagoanos de hoje, com um retrato insuperável do passado, no corte temporal possível, permitido pelas coleções consultadas. Valorizando com as velhas imagens o seu Calendário anual (já foram publicados outros, todos temáticos), a FAPEAL cumpre, pela sensibilidade do seu presidente, Petrúcio César Bandeira Mendes, um papel digno de todos os registros e louvores. A elite cultural das Alagoas estava presente, aplaudindo a iniciativa do Calendário, na manhã do seu lançamento, no Palácio do Governo. A imagem das Alagoas, a melhor e mais permanente das imagens, aquela que supera os episódios nefastos da política partidária, tantas vezes repetidos, é a que fica, impressa num Calendário de feição artística belíssima, graças ao talento de Werner Salles Bagetti, do Núcleo Zero Comunicação. Na verdade, são dois Calendários: um grande, de parede, tal qual as folhinhas antigas, e outro, pequeno, de mesa, ambos com a mesma riqueza de imagens, que enchem os olhos de emoção e afirmam a história da terra alagoana. Com a edição do Calendário 2008 da FAPEAL, o Governo do Estado de Alagoas põe em prática seu slogan: “Quem sabe tem que ensinar. Quem tem deve compartilhar”.
O Governo do Estado de Alagoas, através da FAPEAL – Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas – apresentou quinta-feira, 6 de dezembro, um Calendário para 2008, elaborado com cartões postais das primeiras décadas do século XX, recolhidos entre colecionadores. O Calendário foi organizado pelo professor Douglas Aprato Tenório, um dos grandes intelectuais contemporâneos das Alagoas, especialista em populismo e no período do Governo Muniz Falcão, auxiliado pela professora Carmem Lúcia Dantas, figura reconhecida pelas suas pesquisas.
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