Um Dicionário De Médicos

Armindo Guaraná, intelectual e magistrado, deixou para a posteridade sergipana um livro que foi, que é, e que continuará sendo o melhor documentário sobre a vida intelectual de Sergipe, editado em 1925, como obra póstuma, pela operosidade do Governo do Estado, chefiado por Maurício Graccho Cardoso. O Dicionário biobibliográfico sergipano (Rio de Janeiro: Pongetti, 1925), foi editado pelo esforço de Prado Sampaio e Epifânio Dória, embora não tenha sido pioneiro como livro de biografias, pois o general Liberato Bitencourt lançou, em 1913, a primeira edição do seu Vultos do Brasil – Sergipe, reeditado em 1916 com 216 páginas, apresentando grande número de sergipanos biografados. É certo, também, que Sacramento Blake lançou, ainda no século XIX, um dicionário biográfico de brasileiros, com notícias sobre sergipanos, graças a colaboração de Armindo Guaraná. Contudo, o dicionário de Guaraná permanece prestando inestimáveis serviços, inspirando a que setores da vida cultural sergipana possa, como obra aberta, revisar e atualizar verbetes, ampliar o volume de informações, dentre outras coisas, inclusive pela via da Internet, através do endereço www.infonet.com.br/serigysite.


Os médicos sergipanos têm, nos últimos anos, ocupado espaço no âmbito da sociedade local, refletindo sobre aspectos da saúde pública, dissertando sobre doenças, epidemias e outros fatos que marcaram o estado sanitário de Sergipe, dinamizando a atuação dos seus organismos de representação, como a SOMESE – Sociedade Médica de Sergipe e a ASM – Academia Sergipana de Medicina, entidades legitimadas pelo exercício contínuo de ações valorativas da profissão e da contribuição científica. A própria organização da Academia, instalada em 1994, significou a escolha de 40 nomes de Patronos e igual número de Fundadores, projetando um grupo seleto de homenageados e homenageantes, vitalizado pela dialética da morte que faz vaga a Cadeira, preservando a imortalidade acadêmica.


Fato novo e relevante, quebrando a rotina de reuniões semanais, dos encontros e dos eventos, por iniciativa da Academia Sergipana de Medicina, presidida por Débora Pimentel, foi a reunião de três acadêmicos – Antonio Samarone de Santana, Lúcio Antonio Prado Dias e Petrônio Andrade Gomes – para elaborarem o Dicionário biográfico de médicos de Sergipe, editado sob a chancela cultural da Universidade Tiradentes (Aracaju:ASM/UNIT, 2009) e lançado no último dia 15 de dezembro, como ato solene que fecha o ano, depois dos eventos que marcaram 2009, como o Centenário de Nascimento de Lourival Bonfim, os 40 anos da Clínica e Hospital São Lucas e os 30 anos da Clínica de Repouso São Marcelo, que promoveu, no final de novembro, um Colóquio sobre a Psiquiatria, com ênfase na evocação do II Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental do Nordeste, realizado em Aracaju em 1940.


Samarone é um estudioso das “febres do Aracaju”, um historiador da medicina sergipana, um bem informado intelectual da saúde pública e um militante que amplia a dimensão do homem público, juntando êxitos de suas experiências políticas e administrativas bem sucedidas. Lucio Prado Dias é um homem da ação, organizado, que leva o conhecimento que detém à prática dos múltiplos fazeres, que a seu cargo garantem sucesso e garante, nas entidades, a eficiência das promoções. Petrônio Gomes é um colecionador de livros, um organizador de acervo, um estudioso da genealogia. As qualidades de cada um garantem a capacidade do grupo, cuja demonstração está evidente na organização, elaboração e publicação do Dicionário biográfico de médicos de Sergipe.

O livro, com biografias titulares de grande número de médicos, com os dados dos integrantes da Academia Sergipana de Medicina, e, ainda, com verbetes a serem, no futuro, completados, com farta ilustração, é um documento precioso, um objeto de bom gosto estético, bem editado, que vai ocupar um lugar muito destacado na estante sergipana das bibliotecas e dos gabinetes. Um livro que sendo obra aberta receberá acréscimos, complementando informações, notadamente através de uma base de dados que a Academia constitui para o fim específico de mantê-lo atualizado.

A participação da Universidade Tiradentes na edição do livro é o suporte da qualidade editorial e representa o início de uma nova etapa universitária, que a autorização do curso de Medicina instrumentaliza. A junção da Academia com a UNIT é algo relevante, tanto no sentido prático da circulação do livro, como na legitimação do trabalho dos seus autores, na ação coletiva que resulta no padrão cultural e científico da obra. Um livro, enfim, para ser um patrimônio dos médicos, suas famílias, suas entidades, e ser, também, um exemplo a estimular que outras categorias de profissionais tomem o mesmo caminho dos médicos e mostrem, eloqüentemente, suas contribuições à sociedade, ao Estado e ao País.


 Antonio Samarone, Lúcio Prado Dias, Petrônio Gomes, Débora Pimentel, Jouberto Uchoa de Mendonça são nomes unidos por uma idéia formidável, executada com competência e esmero, para marcar época, quebrando a rotina do cotidiano sergipano.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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