O Dicionário Biobibliográfico Sergipano, de autoria de Armindo Guaraná, continua sendo a mais frondosa árvore da inteligência sergipana, fulgurando em suas páginas centenas de nomes de bacharéis, médicos, engenheiros, militares, sacerdotes, professores, artistas, que formaram a elite cultural de Sergipe, principalmente aqueles que viveram nos séculos XIX e XX. É, por isto mesmo, um inventário do mais alto valor, que ainda hoje é a maior e melhor referência, ainda que biografias de sergipanos estejam no livro Homens do Brasil – Sergipe, do general Liberato Bitencourt, que precede o Dicionário de Armindo Guaraná, embora sem a mesma estrutura de registro e informação.
O certo é que o livro de Armindo Guaraná fixou essa singularidade sergipana, de oferecer ao Brasil a contribuição dos filhos ilustres da terra, quase todos incluídos com suas biografias e referências autorais. É raro alguém de valor que não componha a obra de Guaraná, tendo projetado sua vida intelectual antes de 1920. O livro, editado pelo Presidente Graccho Cardoso, em 1925, foi preparado, após a morte do autor, contando com a organização final de Prado Sampaio e de Epifânio Dória. Os dois editores seguiram os parâmetros estabelecidos nas biografias, preservando a qualidade das páginas que Armindo Guaraná preparou.
Mais um nome sergipano teria o mérito de ser incluído no Dicionário, o de Otaviano de Menezes Bastos, nascido em Capela (SE), em 28 de setembro de 1879. Estudou em sua terra natal o curso primário, mudando-se para Aracaju, continuando os estudos ginasiais, antes de seguir para o Rio de Janeiro e matricular-se na Escola Militar da Praia Vermelha, em 1896. Passou pouco tempo na Escola Militar, desligando-se em 1897, no bojo de um movimento revolucionário dos próprios estudantes. Mesmo anistiado, não quis voltar ao convívio com os militares e deu início a diversos trabalhos, desde o de comerciário e, em 1902, o de funcionário público do Ministério da Fazenda, como Escriturário na Alfândega do Pará. Trocou o Pará por São Paulo, servindo na Delegacia Fiscal do Tesouro Nacional, na Caixa de Amortização e no Tribunal de Contas. Exerceu diversas outras funções de confiança, dentro e fora de São Paulo.
Otaviano de Menezes Bastos começou sua vida intelectual em Aracaju, redigindo o jornal O Porvir, em 1900, quando em 11 de fevereiro circulou pela primeira vez, adotando os pseudônimos Fiel e Amorim de Montarroyos. Sua vida maçônica, que lhe rendeu o reconhecimento nacional, também foi iniciada na capital sergipana, na Loja Camerino, sendo iniciado em 13 de fevereiro de 1900, sendo Mestre em 1901. Por onde andou ou viveu colaborou com jornais e revistas, tornando-se conhecido em vários Estados pela sua contribuição intelectual. Depois publicou, ao que tudo indica, na Bahia a primeira edição da sua Pequena Enciclopédia Maçônica, republicada em São Paulo, em 1952. Fluente e aplaudido pelos seus escritos, Otaviano de Menezes Bastos escreveu e publicou os seguintes livros: O triângulo e a tara, O México e o papado, O Maçom e o Seminarista, Rito Brasileiro.
Em Sergipe foi sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe e membro correspondente da Academia Sergipana de Letras, legitimando-se, na sua terra, como intelectual. Foi, contudo, na Maçonaria que Otaviano de Menezes Bastos tornou-se uma referência em todo o Brasil, conquistando a admiração dos seus irmãos, até morrer, no Rio de Janeiro, em 29 de setembro de 1952. Nesta data é quando sai a segunda edição da Pequena Enciclopédia Maçônica, livro essencial ao conhecimento do mundo maçônico. Ele, que na Ordem teve todos os graus, viu a Maçonaria, conquistou todos os títulos, inclusive os de Benemérito e de Grande Benfeitor, morreu admirado e respeitado pelos seus irmãos de todo o País, deixando uma obra doutrinária, de livros e de artigos de jornais e de revistas, que adornam o seu perfil de intelectual da Maçonaria do Brasil, reforçado pela sua presença e atuação em diversas lojas, em muitos Estados brasileiros.