Passou o dia, fatídico dia, 14 de janeiro.
Terrível dia que marca a insensibilidade dos governantes aracajuanos; prefeito, vice, vereadores sabujos, todos rabujos, por fedidos, incapazes de se contemplarem fedorentos e bolorentos, exploradores exemplares de seus munícipes.
Não houve revolução, não houve protesto, não houve queima de pneus, nenhuma palavra de ordem tipo: “explorado unido será sempre lascado!”.
Lascado sempre resta o contumaz pagante do IPTU, o famoso imposto do qual o cidadão não vê, o como, e o porque do cálculo, sempre além dos índices de reajustes em razoabilidade.
Mas, que é o razoável, perguntaria Luís Antônio Furtado, o Visconde de Barbacena, aos Inconfidentes Mineiros, o Alferes José Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes, à frente, comandando um Tenente-coronel, o Freire de Andrade, e um Coronel, o Alvarenga Peixoto, sendo acoitado por um Desembargador, o Tomás Antônio Gonzaga, inspirado nos versos canoros de Claudio Manuel da Costa e sob as bênçãos do Padre Rolim?
Qual seria o razoável, diante de tanta gente sem estirpe para exaltar uma revolta verdadeira?
Ah! A derrama!
A História mostraria que o nome já ensejava uma causa sem efeito.
Bastou-se adiar a tal derrama, para laçar os líderes inconfidentes e enforcar o alferes, que restou mártir, mais de cem anos depois.
O pleito dos inconfidentes, só 20% devidos, não fora a cobrança de um imposto extorsivo, o quinto real?
Já para um outro povo em melhor estirpe, um imposto menor, sem igual, fez a Revolução Francesa, cortar a cabeça de um rei e de quase todos no seu entorno, em prós e contras.
E uma outra taxação bem menor fez a Revolução Americana que começou com os colonos, fantasiados de índios, jogando ao mar uma carga de chá vinda da Inglaterra.
Por aqui, o Congresso Nacional se abespinha com a perspectiva de uma cobrança de impostos, tipo CPMF, um tributo do qual ninguém foge, deixando desembestar sem freio nem arreio, o ICMS, um imposto estadual sob os combustíveis e energia elétrica, principalmente, e quiçá, energia solar, taxas que possuem o funesto desiderato de embutir até mesmo a oscilação cambial, sem falar do IPTU, que ninguém sabe como é, como foi ou o que poderá vingar, em verdade sendo apenas um cutelo esfolador utilizado por toda a edilidade, para tirar o coro de parte da municipalidade.
Dita e já bem repetida, restou a lembrança da última administração municipal, em que o IPTU fora reajustado fora dos padrões constitucionais.
O aumento fora dado porque os que a acompanhavam acharam que sua reeleição seria favas contadas, e assim lhes sobrariam recursos para as realizações e repartições no novo mandato que se avizinhava.
O pleito teve outro resultado, inclusive com a perspectiva de revogação do excesso denunciado.
O abuso permanece igual, calamitoso, sem revolução, sem intentona e sem queima de pneu no paço municipal, o dia 14 de janeiro restando pacífico, sem nem mesmo uma inadimplência viril, em desobediência civil. Até quando?
E as burras da Prefeitura, cada vez mais cheias para o gasto perdulário!
Como o dinheiro que é retirado do público sempre lhe faz falta, rareia o comércio, os serviços, o povo se infelicitando na impossibilidade do consumo.
E assim a crise continua.
O que fazer? Dizer que tudo está bem e merece continuar assim, sem mesmo externar uma desesperança, uma descrença, uma infelicidade sem remédios?
Infelizmente, esta é a nossa democracia.
Será que um míssil de Trump ensejaria melhor solução?