Um mundo mutante em ação

“Na verdade, professores do Massachussets Technology Institute e do Califórnia Institute of Technology, bem como diretores de pesquisa de grandes companhias de engenharia já perceberam há muito tempo que o que acaba distinguindo cientistas e engenheiros do sucesso é a capacidade de perceber ou ver o que as equações significam”.

Robert & Michelle Root-Bernstein , 2000

 

Vivemos num mundo continuamente mutante. A cada minuto que passa milhares de transformações acontecem, sejam nas pessoas, sejam nas instituições, sejam nas comunidades, cidades, países ou no mundo.

Todavia, algumas características essenciais dos seres humanos por algum motivo não vêm acompanhando essa fantástica evolução. A nossa maneira de pensar, julgar e de decidir continua tão antiga como há milhares de anos atrás. Em outras palavras continuamos pensando, julgando, decidindo como faziam os bisavós dos nossos bisavós. A nossa maneira de pensar está alicerçada em modelos mentais que construimos a medida em que somos educados e crescemos. Assim sendo, de certa forma, vamos continuando as histórias que nossos avós nos contaram, e vamos pintando o mundo com as mesmas cores que aprendemos a ver.



Mas, esse é o único caminho?
Ou poderemos ter variantes que permitirão que encontremos alternativas que nos façam ver o mundo de forma diferente, enxergar coisas não vistas antes, atentarmos para detalhes até então não percebidos. Essa sútil diferença poderá acrescentar um diferencial de competência às nossas vidas, seja do ponto de vista pessoal, seja do ponto de vista profissional.

Atualmente, em qualquer campo de ação que estivermos interagindo, a arte de saber pensar e, consequentemente organizar a qualidade do pensamento, vem sendo um pré-requisito de extrema importância. Tudo que é projetado, planejado e posto em prática, antes precisa e deve ser cuidadosamente imaginado. É muito difícil executamos algo e obtermos sucesso sem antes termos pensado e planejado bastante. Portanto, começamos a pensar antes mesmo de aprendermos a falar e esse pensamento se manifesta através da nossa linguagem corporal, emoções, sensações ou os nossos “insights’”.

Dessa forma, as idéias resultantes desses pensamentos precisam ser transformadas em palavras, textos, equações, pinturas, música, dança, teatro, prédios, aviões, viagens interplanetárias, etc…Por esse motivo, aprender a organizar a qualidade do pensamento, ou em outras palavras, pensar de forma criativa, faz uma grande e poderosa diferença. Isso se explica pelo fato de ao educarmos a qualidade do nosso pensamento, ou seja, quando começarmos a pensar de maneira criativa, abrimos as portas do nosso potencial em diversos cenários de atuação e atividades.

Portanto, educar o pensamento é a saída para desafiar as pessoas para que entendam que precisam estar prontas e abertas para aprender durante toda a vida e que, esse comportamento lhes dará a oportunidade de estarem prontas para receber a inovação não no futuro, mas no dia a dia.

A contínua fragmentação do conhecimento provocada pela especialização tem feito com que as pessoas recebam muitas informações e que, ao mesmo, muitas delas se sintam perdidas por não saberem o que fazer com essa pesada carga de informações. Assim sendo, dentro do seu campo de atuação os especialistas tratam de problemas cada vez maiores em situações e áreas cada vez menores. De modo que a sociedade global começa a sentir o peso de parecer estar paralisada, num momento em que possui tanta informação e pelo fato de, cada vez mais, não saber o que fazer com tudo isso.

Vamos partir de uma premissa básica, todo mundo pensa. Todavia, vamos deixar bastante claro também que – nem todo mundo – pensa bem. Se levarmos o exemplo para ofícios corriqueiros, como a arte de cozinhar, vamos constatar que a prática, a vontade e o desejo continuo de melhorar é que faz com que um simples jovem cozinheiro possa a vir se transformar num futuro próximo em um fantástico “chef de cuisine”. Lógico que essas pessoas não nasceram prontas, até os já mais promissores aprenderam bastante e foi a arte de saber fazer as composições e misturas certas entre os alimentos que permitiram com que chegassem aonde chegaram.

Assim acontece com a arte de gerar idéias. A nossa fábrica (cérebro) de idéias vai aprendendo a gerar dezenas, até mesmo centenas de idéias que precisam ser, muitas vezes, combinadas, misturadas ou transformadas para que desse processo resulte na grande e verdadeira idéia.

Levando-se essa idéia para qualquer profissão percebemos quanto poderemos melhorar o que fazemos no nosso dia a dia, se estivermos prontos para combinarmos de maneira efetiva toda a gama de informações que temos e dessa maneira estarmos continuamente melhorando os nossos processos e efetivamente inovando os nossos produtos.

Assim como os “chefs” nos surpreendem, muitas vezes, com pratos até simples, mas encantador seja na apresentação, seja no sabor, podemos levar essa prática para o nosso dia a dia no trabalho.

Portanto para pensar criativamente é preciso antes “sentir.”, mas tembém é preciso ter a noção do poder de escolha de cada indivíduo, de cada cidadão, de cada ser humano. Cada um de nós de maneira consciente ou inconsciente poderá escrever a sua própria história, ou também poderá viver uma história criada por outrem. Tudo na vida é uma questão de escolhas. O desejo que compreender preciso estar aliado e estimulado com as sensações e os sentimentos e, por sua vez, ligado ao intelecto, para que o indivíduo possa finalmente chegar ao ‘insight imaginativo’. Que nada mais, nada menos é do que o ato de criar genialmente para servir, deslumbrar e encantar o cliente. Seja ele quem for.
 

 

(*) Sebastião Fernando Viana

Fundação Brasil Criativo

Presidente


 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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