Seu primeiro livro e o mais lido sai agora em 2ª edição (Rio de Janeiro: SENAI-Casa do Livro, 2006), graças aos esforços do seu irmão Carlos Dantas, músico consagrado que vive, há décadas, no Rio de Janeiro. Uma homenagem, sincera e sentida, de um admirador que restitui ao leitorado sergipano a oportunidade de contato com um autor que o tempo praticamente levou ao esquecimento de uns e ao desconhecimento das novas gerações. Manoel Luiz Dantas começou cedo, como autor, e logo aventurou-se na luta política, filiando-se ao Partido Republicano, chefiado por Júlio Leite, Armando Rollemberg, Gonçalo Prado, e candidatando-se a deputado estadual constituinte, na eleição de 1947, encarregada da elaboração do novo texto constitucional de Sergipe. Teve poucos votos nas urnas – 85 – mas não desistiu da tarefa intelectual, examinando fatos, ajudando na compreensão da história sergipana. Tomando o Dr. Gonçalo Rollemberg, sobrinho de José de Faro, casado com Aurélia Dias, filha do Barão de Estância, e depois patriarca de uma descendência ilustre, os Rollemberg Leite, senador da República, como seu personagem e movendo-o nos confrontos com outras lideranças políticas locais, Manoel Dantas revisita o Governo Pereira Lobo, de 1918 a 1922, fazendo desfilar nomes influentes, que marcaram a primeira República em Sergipe, como Nobre de Lacerda, Graccho Cardoso, Carvalho Neto, Gervázio Prata e muitos outros. Mesmo bendizendo as festas patrocinadas por Pereira Lobo para celebrar o Centenário da Emancipação Política de Sergipe, em 1920, e o Centenário da Independência do Brasil, em 1922, Manoel Dantas não deixa de colocar o presidente do Estado no centro de posições e atitudes reprováveis, enquanto dava ao senador Rollemberg ação aglutinadora, de liderança dissidente. Ainda que sua análise possa merecer reparos, deve-se a Manoel Dantas um panorama da vida política sergipana, dos anos vinte e até 1927, ano da morte do senador Rollemberg, já consagrado como líder da chamada “reação republicana.” Ao reeditar Um político da reação republicana, Carlos Dantas revela sua profunda admiração pelo irmão historiador, como sua própria ligação com a terra sergipana, que admirou sua arte de pianista e acompanha, com interesse, sua carreira. Carlos Dantas conquistou novas amizades, sabendo manter aqueles amigos dos tempos em que viveu em Aracaju, encantando, com o som do seu piano, as noites de Aracaju. Pianista de grandes artistas do canto lírico, mas também pianista do Restaurante da antiga MESBLA, na rua do Passeio, na cidade maravilhoa, Carlos Dantas empolgava a todos, sem deixar de evocar o passado sergipano, teclando notas e acordes de Carícia, de Euler Bessa, talvez a música inédita (sem gravação) mais famosa do mundo, fazendo lembrar Carlos Rubens, velho pianista do Iate Clube de Aracaju. Sergipe, que deve a Carlos Dantas muito, pelo seu talento de artista, passa a dever ainda mais, com a publicação do livro de Manoel Dantas, que certamente levará os mais novos à leitura, estimulados pelo prefácio do professor Ibarê Dantas.
Manoel Dantas, que nasceu em Própria em 6 de novembro de 1920, morrendo em Salvador, na Bahia, em 17 de setembro de 1991, perto de completar 70 anos. Era um homem preocupado com o registro dos fatos, escrevendo vários ensaios, entre os quais mereceram destaque editorial Um político da reação republicana (Aracaju: Livraria Regina, 1946) e Uma figura do Império – o Conselheiro Paulo Barbosa da Silva, publicado somente em 1983, (Salvador – Bahia: Bureau Gráfica e Editora, 1983) mostra pequena de um talento enorme para o estudo da história de Sergipe e do Brasil.
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