Uma bolsa pode ser mais que apenas uma bolsa

Numa dessas aulas típicas das faculdades de comunicação, na qual se discute questões de marketing e afins, o professor comentou sobre uma mulher que precisava comprar uma bolsa sempre que selecionada para uma entrevista de emprego. “Ela se sentia mais segura”, esclareceu. De certa forma, faz sentido. Há quem diga que com a bolsa certa, uma mulher pode chegar a qualquer lugar. É preciso deixar de lado o mérito da sentença para admitir que, sim, há um pouco de verdade aí.

A icônica Birkin Bag é considerada uma das mais exclusivas do mundo (foto: reprodução)

Não sei precisar quando esse objeto, que eu suponho ter sido concebido para meras questões práticas, se tornou praticamente uma extensão da personalidade de quem a carrega. Conheço quem não deixa a bolsa em casa nem para comprar pão. Eu, por exemplo, me estranho quando por algum motivo tenho que usar uma de outra pessoa. É a mesma estranheza que sinto quando uso um perfume deferente: não é o meu cheiro. Evidentemente, sou muito mais tolerante a bolsas diferentes, mas é preciso algum esforço.

No começo do ano, precisei – no sentido mais fiel da palavra – de uma bolsa nova. Depois de semanas, quase meses, de busca angustiante, acabei comprando uma muito parecida com o modelo antigo que já estava completamente puída àquela altura. Mas é bem verdade que por mais que exista aquela peça que nunca decepciona, é interessante ter alguma variedade. E, para mim, isso não tem nada a ver com aquela história de combinar cartesianamente a bolsa com sapato ou com a roupa.

O legal da bolsa é que ela pode balancear as coisas, sabe? Pode deixar todo o resto mais interessante. Para aqueles dias em que não há paciência nem inspiração para vestir algo além do jeans e camiseta, uma peça de modelagem interessante arremata e confere personalidade à composição. Se o vestido é muito delicado, uma bolsa de ares masculinos proporciona um contraste charmoso. Gosto quando a bolsa traz um quê de imprevisível. Não precisa ser nada conceitual, como um modelo de papel. Pode-se começar, por exemplo, fugindo das combinações óbvias.

Há alguns dias, me perguntaram por que mulheres gostam de bolsas. Não soube responder de forma objetiva como, certamente, esperavam que eu respondesse. Agora que parei para pensar, acho que é porque se pode colecioná-las. E o modelo favorito, diferente de uma peça de roupa, não precisa deixar de ser usado quando se engorda ou emagrece. A verdade, é que achei a questão um tanto quanto filosófica. E a gente não pergunta em conversas despretensiosas qual é o sentido da vida, do universo e de tudo o mais.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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