Existe exceção, claro! Mas gente, o que anda acontecendo com essa juventude dos 20 aos 30 anos? É um vai e vem, uma indecisão tão estranha, que não se pode contar pra nada, na-da. Mesmo! Esses dias, eu estava bebendo uma cerveja com amigo, na faixa dos 30 e tantos, quando ele me explicou seu modus operandi de vida, e se num segundo o critiquei, não demorei muito a apoiá-lo.
– Eu conheci o figura pelo aplicativo. Conversa boa. Achei que íamos desenrolar algo mais sólido.
– O que é esse algo mais sólido, um casamento? – indaguei.
– Claro que não né, Jaime? As pessoas não estão marcando um segundo encontro vão lá marcar casamento? – rebateu.
– Sólido seria no máximo um açaí antes de um sexo? Mas nem isso?
– Na-da. Sumiço total.
– E você? – perguntei.
– Ah, eu já excluí logo. Disse a peste antes, e já tirei do Instagram – contou.
– Vixe, que loucura a sua! Não deu nem tempo da pessoa raciocinar.
– Raciocinar? Jaime, segundo depois, o figura tava lá de novo com o aplicativo em sinal verde, já buscando outra pessoa.
– E você?
– Eu também. Voltei ao aplicativo, claro! Como você acha que eu vi que ele estava online?
Mundão acelerado.
Fiquei três ou quatro goles de Heineken pensando se não seria meu amigo o fugaz da história, até o ouvir contextualizar. O cara em questão tinha trocado zap com meu amigo, e eles estavam marcando um encontro, no dia seguinte, a noite. Meu amigo, programado que é – coisa de quem já passou dos 30 – fez toda uma lista de afazeres a serem realizados antes do tal “encontro” (nunca concretizado). Na hora H, o que significa três horas antes do combinado, meu amigo mandou mensagem para que juntos decidissem o local, e como resposta obteve um: “Ah você não falou nada mais cedo, achei que não ia mais rolar hoje. Marquei de ver série na casa de uma amiga”. (“SÉRIE NA CASA DE UMA AMIGA O CARALHO”).
Revoltado com a falta de consideração, meu amigo nem titubeou e já mandou uma voadora na caixa de peito (do fone), e disse ao cidadão que o que ele estava fazendo era tirar onda, gastando tempo, que adultos marcam e cumprem (nem sempre, né?), que ele tinha passado o dia inteiro se programando para a noite os dois se conhecerem. Simplesmente, o outro disse que ia continuar com a programação de séries mesmo, e que se meu amigo desejasse no dia seguinte eles poderiam se ver. Óbvio, meu amigo não quis.
Após ele exemplificar outros casos, com detalhes, pude perceber um ponto importante na história: a faixa etária dos envolvidos – todos entre 20 e poucos e 30 anos. Daí caiu minha ficha: é mal da idade. Como cobrar que alguém cumpra uma palavra (sobre qualquer que seja o assunto) quando esta pessoa não sabe nem o que significa honrar sua própria palavra? E se essa geração, que nem é mais tão nova assim, tiver realmente um problema sério com cumprir as coisas? O que estamos construindo (socialmente falando)?
Fala-se tanto que as relações estão mais frágeis e é verdade. Ninguém quer se demorar em nada mais, não existe mais aquele aperto no coração esperando o cd de Roberto Carlos no final do ano, quando temos Anitta lançando uma música por semana, às vezes três. So so fast… e quem sofre com essa rapidez da vida e toda a falta de segurança é o amor, que não sobrevive ao sucesso do final de semana anterior. Morrendo como algo que já nasceu para não durar.
Tudo parece simples demais. E nós, que pulamos a casa dos 30, estamos nesse embate: superficializarmos nossas emoções, permanecermos apegados ao que nos resta de dignidade sofrendo para construirmos um amor pra vida inteira ou esperarmos que chegue o final de semana para tomarmos uma Heineken bem gelada, e ficarmos na cama com um bom livro mediano.
Até semana que vem, quem sobreviver!
P.S: Para conversarmos mais sobre a vida, estou no Instagram: @jaimenetoo.