A decisão do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, de afastar todos aqueles auxiliares que pretendam ser candidatos nas próximas eleições, coloca o ex-senador por Sergipe e atual presidente da Petrobrás, José Eduardo Dutra, em uma verdadeira encruzilhada.
Comenta-se, há muito tempo, que Dutra estaria decidido a ser o candidato a senador do chamado bloco das “oposições”. E que dificilmente abriria mão de ser o indicado para única vaga existente em 2006.
Em 16 de maio, ao participar de uma reunião da tendência Articulação, em Aracaju, da qual é um dos grandes exponenciais, deu provas de suas intenções, chegando a ser taxativo: “Só permaneço na presidência da Petrobrás a partir de abril do próximo ano se o presidente Lula me fizer um apelo nesse sentido”. Pouco antes disso, em reunião/almoço no restaurante Piantella, em Brasília, em meio aos “aliados” sergipanos, José Eduardo Dutra não quis nem saber da possibilidade de não ser candidato a senador. Praticamente bateu na mesa, dando por encerrado o assunto. Não preciso nem dizer o quanto esse almoço fora indigesto, não é mesmo?
De lá para cá, no entanto, muita coisa mudou no cenário político brasileiro. Denúncias e mais denúncias pipocaram contra alguns dos principais líderes do PT, o governo fragilizou-se. Por conta disso, o presidente Lula corre agora para fazer uma reforma ministerial que não dê margens a “fragilidades”, principalmente no Congresso. E já disse que não quer ministros e presidentes de estatais com pretensões políticas no próximo ano. Quem as tiver terá que sair agora.
Eis, portanto, a encruzilhada política de José Eduardo Dutra. Se ficar na presidência da Petrobras, terá que abdicar do sonho de ser – talvez – mais uma vez senador por Sergipe. Se sair do cargo agora, vários meses antes das convenções dos partidos e do próprio pleito, viverá um verdadeiro inferno astral cheio de dúvidas quanto ao que lhe reserva o destino… e os amigos.
Mas a vida é assim mesmo: uma grande encruzilhada.