Vamos falar de amor

De tantas mazelas vivemos falando, que hoje eu resolvi falar sobre o amor. Há um ano, compreendi alguns clichês, me deparei com a solidão, mas não aquela em que não há pessoas ao seu redor, a solidão como espaço sagrado, como um reencontro com o que há de mais sublime em meu ser.  Há um ano, a vida que gerei durante 41 semanas expandiu em mim.  Meu filho, Miguel, nome de um arcanjo poderoso, veio ao mundo já mostrando que eu não tenho e nem consigo ter o controle das coisas.

Ao longo desses meses, parei para pensar sobre essa extensão de vida que brotou a partir de mim, e percebi que Miguel, mesmo com as semelhanças físicas e de personalidade, não pode ser a minha extensão, nem a do pai. Miguel é a extensão dele mesmo, e perceber isso me deixa com uma profunda sensação de alívio. De maneira geral, a sociedade tenta imputar às mães e aos pais que haja uma expectativa de que as crianças sigam caminhos previamente traçados, planejados e almejados por suas famílias.

Mas, e que bom, a realidade nos apresenta as surpresas, os desvios, a autonomia e a liberdade de ser quem você quiser . Eu tive muito incentivo de grandes mulheres a me tornar quem eu quis, mesmo quando o acordo não era mútuo, mesmo quando eu não aceitava os conselhos e acabava aprendendo as lições através da dor. E é a partir da autonomia, da liberdade, que quero, junto a meu companheiro, conduzir meu filho.

Ao amor não cabe prisões, chantagens, escambo. E cada dia percebo o quanto isso é verdadeiro, seja através dos cuidados com a saúde, com o cotidiano e os desafios da maternidade , que são inúmeros.  O amor não precisa de armadilhas egóicas, como o orgulho ou o prazer em sentir que provém alguém. O amor é um sorriso, o amor é um abraço sem esperar, um olhinho brilhando quando a gente se encontra.

Por isso, ser mãe não é padecer no paraíso, pois às mães o paraíso é uma utopia, é um caminho solitário, muitas vezes perverso,  mas a realidade também tem suas delícias. E é através dessa doce realidade que celebro um ano da chegada de um amor que me ilumina, que me impulsiona ao bem e que me traz tanta alegria e felicidade.  Celebrem seus filhos, de qualquer maneira, a qualquer hora, para sempre.

Um brinde e todos os vivas a Miguel!

 

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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