Vampré -Uma família sergipana em São Paulo

Uma família nascida na Estância transferiu-se para Limeira, no interior de São Paulo, e cresceu no reconhecimento dos paulistas. O filho e os netos de João Gualberto Carneiro e de Josefa Carlota da Silva – Fabrício Carneiro Tupinambá Vampré, Enjolras e Spencer Vampré – os filhos de José do Nascimento Pereira e Maria Benvindo Vampré – João Vampré e João Navarro Tupinambá Vampré. Exceção para Spencer Vampré, que já nasceu em Limeira.

Fabrício Carneiro Tupinambá Vampré, nascido em Estância em 1º de fevereiro de 1852, médico pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, na turma de 1881, exerceu a profissão em Laranjeiras antes de fixar-se, definitivamente, no Estado de São Paulo, onde trabalhou no Hospital de Alienados, e entrou para a vida pública em Limeira, onde foi Intendente (Prefeito) nos primeiros anos da República. Dois dos seus filhos – Enjolras e Spencer – ganharam notabilidade em São Paulo, o primeiro como médico e professor, o segundo como advogado, historiador e professor de Direito.

Enjolras Vampré nasceu em Laranjeiras, em 4 de julho de 1885. Fez o curso médico na Bahia, concluindo-o em 1908, e seu desempenho como estudante valeu uma bolsa de estudos na França e noutros paises da Europa, nos mais famosos hospitais europeus. Ao retornar trabalhou em São Paulo, onde sua família já residia, tornou-se um grande neurologista, assumindo, a partir de 1925, a cátedra de Psiquiatria e moléstias nervosas, da Faculdade de Medicina de São Paulo, sucedendo ao professor Franco da Rocha. Mais tarde passou a ser professor de Neurologia, disciplina para a qual foi concursado, em 1935.

Enjolras Vampré publicou dezenas de trabalhos científicos, dirigiu o Hospício de Alienados de Jaquerí, em São Paulo, fundou e presidiu a Associação Paulista de Medicina, foi também presidente da Academia de Medicina de São Paulo, membro da Academia Nacional de Medicina, dentre outras entidades. Foi membro destacado do movimento da Eugenia no Estado de São Paulo, morrendo em São Paulo, em 17 de maio de 1938, aos 53 anos.

Spencer Vampré, filho de Fabrício, irmão de Enjolras, já nasceu em Limeira, São Paulo, em 24 de abril de 1888. Estudou em Rio Claro e no Colégio Inglês da cidade de São Paulo. Em 1904 ingressou no curso jurídico, bacharelando-se com a turma de 1909. Iniciou-se no magistério, como professor substituto de Filosofia e Direito Romano, passando, em 1925, por concurso, a ensinar Direito Romano, e mais tarde Introdução à Ciência do Direito, até sua aposentadoria, ocorrida em 1953.

Spencer Vampré exerceu as funções de Diretor da Faculdade de Direito de São Paulo e escreveu Memórias para a história da Academia de São Paulo. Entrou para a política, foi vereador e deputado estadual. Em 13 de julho de 1964 morreu, em São Paulo, aos 73 anos.

João Navarro Tupinambá Vampré nasceu em 25 de agosto de 1865, em Estância, e foi para São Paulo em 1886. Professor, jornalista, intelectual colaborou com jornais e revistas e participou de entidades culturais no Estado de São Paulo.

João Vampré, também  da Estância, nasceu em 23 de outubro de 1868. Estudou Ciências e Letras, trabalhou como Secretário da Polícia, foi um dos fundadores da Academia Paulista de Letras e manteve colaboração nos órgãos da imprensa do Estado de São Paulo.

A família Vampré não é única. De Sergipe saíram para São Paulo, para o Rio de Janeiro e para outras partes do Brasil dezenas de famílias, que conquistaram lugares destacados na vida social, empresarial, cultural e científica dos centros maiores, construindo perfis de colaboradores identificados com a luta progressista das populações. As cidades paulistas de Araraquara, Limeira, Rio Claro, Santos, dentre outras, receberam muitos sergipanos que integraram, sem dificuldades, o esforço daquelas comunidades, na construção do desenvolvimento. Dotados de invulgar capacidade de adaptação, criativo e de fácil trato, o sergipano geralmente tem sucesso nos contatos, como colaborador eficiente dos processos de conquistas e avanços.

A família Vampré é apenas um exemplo, dentre muitos casos conhecidos. Não há, infelizmente, em Sergipe, acompanhamento daqueles que deixaram a terra berço e foram buscar sobrevivências e realizações noutros lugares. Nem há, também, estudo algum, sistemático, que proceda aos levantamentos das migrações que espalham sergipanos por todo o País. Ainda assim, há um cuidado com a memória dos conterrâneos que migraram, como se pode observar no Dicionário biobibliográfico sergipano, de Armindo Guarará, editado em 1925, que trata dos Vampré, e no recentíssimo Dicionário biográfico de médicos de Sergipe, 2009, de autoria de Antonio Samarone, Lúcio Prado Dias e Petrônio de Andrade Gomes, que contempla a biografia de Enjolras Vampré.  

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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