“Venda Extra”

“VENDA EXTRA”

 

– O senhor não quer colocar uma carga no seu celular? Temos de todas as operadoras e o nosso procedimento aqui é seguro e rápido.

– Mas o meu telefone é de conta, não tem como colocar carga, argumentei.

– Pois coloque crédito nos telefones de seus filhos, eles vão ficar muito felizes.

– Eu só tenho uma filha e não mora aqui.

– E o telefone de sua esposa, também é de conta?

– É, respondi. Mas, pelo seu espontâneo sorriso e a sua boa vontade, coloque R$ 20,00 de crédito no telefone do meu sobrinho.

Este diálogo aconteceu entre mim e uma moça, caixa de um grande supermercado de Aracaju.

Fiquei feliz, pela maneira como aquela jovem fez a abordagem e desenvolveu aquele processo, o qual  conheci, há muito, quando eu também era vendedor, e do tempo em que ministrava cursos de vendas no SENAC, no Ceará. Naquela época nós denominávamos aquela operação de “venda extra”.  Ou seja, vender algo a mais do que o freguês – lembra? Antigamente era assim que chamávamos os clientes – veio comprar.

Parabéns para aquele supermercado, parabéns para aquela vendedora.

O seu esforço, e a sua boa vontade, para com a sua empresa e a sua atenção para com o cliente ­- não tenho dúvida – será percebido por alguém daquela empresa, como foi por mim.

Pois, como o mercado está carente de pessoas que se interessem verdadeiramente em atender bem; de vendedores que de fato vendam; de entregadores, que de fato entreguem; de consertadores que de fato consertem; de montadores que de fato montem; de pintores que, de fato pintem… Mas, e, sobretudo, estamos desprovidos de profissionais que exerçam com eficiência, comprometimento e honestidade. Que saibam envolver, com uma boa vontade e, sobretudo, com técnica, que se dispõe a usar e pagar pelos seus serviços ou produtos.

No que diz respeito às vendas, todos sabemos que, na atualidade, são feitas por antecipação através da mídia. Quando uma pessoa se dirige a uma loja, já conhece tudo sobre o produto que quer adquirir. Às vezes, até mais do que quem está na loja: a tv, as revistas, a internet, os jornais, os panfletos, os folders e os outdoors, já forneceram todos os dados necessários para o convencimento do comprador interessado.

Por outro lado, relativamente, ao modelo e a qualidade os produtos estão muito iguais. Se você estiver dentro ou fora de um automóvel novo, por exemplo, e não visualizar a sua logomarca, tenho certeza que haverá dificuldade em saber quem é o fabricante. Talvez, por isso, os chamados “vendedores” de algumas lojas achem não ser mais necessário esforço nenhum na hora em que o  que dizer o cliente chega à loja. 

As empresas investem tanto em prédios modernos, limpeza, exposição do produto, cafezinho e publicidade para levar o cidadão até as suas lojas. E, conseguem, pois sempre existe a demanda, o interesse e a necessidade. O quase cliente vai até o local.

Mas, em lá chegando, se decepciona. A coisa é tão diferente, aquilo que foi oneroso e exaustivamente anunciado está lá e é realmente aquilo que você quer comprar, vê, pega, experimenta, gosta, tem interesse e quer. Mas, onde anda a boa vontade do operador do negócio? Às vezes, onde estão os vendedores para lhe dar atenção.

Por outra via, a grande maioria dos atendentes, – concessionárias de automóveis são líderes nesta operação, – só porque têm o produto ou serviço sentem-se senhores absolutos e, quase sempre, conseguem fazer o mais difícil, que é: não vender a quem está necessitando e querendo comprar. Esquecem um detalhe: só ganha quem vende e, quando o cliente quer comprar, ele compra, não ali naquela loja, mas, o pior acontece. Compra do concorrente.

Ao que parece, está faltando treinamento, pois todos sabemos que a diferença está, exatamente nos apelos usados na divulgação, na maneira de mostrar e, sobretudo, como é feito o atendimento, o qual pode acontecer basicamente de três formas: aquela recepção sem interesse nenhum no produto, na loja e no cliente; aquele “grudento”, onde o atendente cola em você, sem nenhuma técnica de relacionamento, também totalmente desinteressado em você ou no patrão, o que de fato ele quer vá embora; e, por fim, como fez a caixa do supermercado, atende normalmente, com atenção, educação, sem forçar a barra, explica, vende e sugere outra coisa, ou simplesmente agradece, demonstrando boa vontade.

 

 

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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