Mais uma vez, abordo o assunto do mau atendimento nas lojas comerciais de nossa capital. O meu amigo, Clarêncio Fontes, competente jornalista da velha-guarda, diria que estou “pastichando”. Ou que estou fazendo “pasticho”. Na verdade estou mesmo. Mas, é que me causa compaixão, certas atitudes de alguns funcionários. O empresário investe tanto capital, interesse e tempo para trazer o cliente ao seu estabelecimento e, às vezes, o colaborador por falta de compreensão, de comprometimento e, sobretudo, de boa vontade faz com que todo aquele esforço não se converta em negócio, dando prejuízos incalculáveis àquele que se aventura na arriscada missão de gerar riqueza para todos. Por isto, com todo respeito ao meu ilustre colega e a todos os meus leitores, aos quais peço desculpas e paciência, “pasticho” e “pasticharei”. Vejam. Encontrei um amigo no shopping e ele, carregado de bolsas de uma determinada loja. Falou-me com entusiasmo sobre a promoção que estava havendo naquele estabelecimento. Disse que tudo poderia ser adquirido pela metade do preço normal. Ele mesmo havia comprado um sortimento de peças de roupas para quase um ano. Falou-me também do atendimento, que era muito bom, inclusive conhecia a funcionária/vendedora. E, sobre ela, teceu elogios, dizendo que era uma lutadora, pois a conheceu quando simples faxineira de um prédio onde ele morava. Exercia aquela função humilde, porém sempre demonstrando compromisso, esforço e boa vontade com as pessoas e com a empresa que a empregava, o que naturalmente a trouxe até aquela loja em que hoje é um misto de gerente e vendedora. Interessei-me. Todavia, como já eram quase 22.00 horas, e o shopping estava fechando, deixei para aproveitar a promoção depois. De fato no outro dia cedinho, quer dizer, assim que o shopping abriu, já estava lá para comprar. Escolhi, escolhi e acabei por decidir por apenas duas camisas, pois já era final de promoção e pouca coisa sobrara. Sim, a vendedora que havia atendido meu amigo não estava, pois trabalha no segundo expediente. Portanto, amarguei o desprazer de ser atendido por outra que melhor faria não estando ali. Sem nenhuma boa vontade, parecendo que só esperava o fluir das horas para chegar aquela em que a libertava daquele “martírio”, que era seu trabalho: não mostrou, não ofereceu, não sugeriu, não desempenhou, enfim, em momento algum, aquilo que no mínimo, seria esperado de quem está para atender e vender. Sem ser atendido, peguei as duas camisas, coloquei-as em cima do balcão e ia entregando o cartão quando fui por ela admoestado secamente: – Já experimentou? Não trocamos peças da promoção. Quis recuar. Pensei em deixar as camisas, guardar o cartão e sair sem dizer uma palavra. Mas, seguindo um princípio que agora adotei: não enfrentar grosseria com outra grosseria. Calei-me e entreguei o cartão dizendo que já tinha experimentado. Ela enfiou o cartão na máquina, colocando-a na minha frente, e verbalizou uma única frase de duas palavras: – A senha. Atendi-lhe o pedido. Ela arranjou uma bolsa e colocou apenas uma camisa dentro. – Mas eu quero levar as duas camisas, argumentei. – Ah, porque o senhor não disse! – Minha filha, eu trouxe as duas camisas e as coloquei juntas no seu balcão. Se fosse para levar somente uma, eu teria separado e dito: somente esta. Pois como é que você sabe qual a que eu queria, se a azul ou a branca? Por favor, tome o cartão e passe a outra. Ela enfia novamente o cartão na máquina, aguarda, coloca o preço, o código do produto. A máquina recusa com a informação de que aquela operação já tinha sido concluída. – Viu, não vai dar certo. As camisas são do mesmo preço, não vai dar. O senhor não quer pagar com cheque ou dinheiro? – Não, eu quero pagar com o cartão. – Então o senhor passe daqui a uma hora, eu deixo separada e aí veremos se máquina aceita. – Amiga, vamos negociar? Por favor, acrescente 00,5 centavos ao valor da camisa, para ver se a máquina libera, pois não estou com tempo para ficar aqui mais uma hora. Ela se cala e refaz a operação. “Ah, passou! Incrível, como eu não tive esta ideia!” – Amiga, desculpe, mas, ao que parece, você está necessitando, além de boas ideias, de um pouco de boa vontade e, se possível, um bom treinamento. Ser vendedor é uma das melhores profissões. O vendedor tem muito poder, pois ele é o elo entre o cliente, mantenedor do negócio, e o empresário; aquele que se arrisca na atividade comercial. O vendedor pode construir ou destruir uma empresa. Porém, ser vendedor. Melhor dizendo, vender é uma atividade que envolve muita boa vontade, comprometimento, treinamento e, sobretudo, muito esforço. É aí que reside o grande problema. Muita gente quer vender. Todavia não quer, ao menos, mudar um pouco do seu comportamento, melhorar, se comprometer, estudar, e, sobretudo, não quer se esforçar. Aí, não vende nada. O dono do negócio faz um grande investimento: lojas nos melhores locais, caríssimas instalações, caras publicidades para levar sua majestade, o cliente, até seu estabelecimento. E, quando ele chega lá, quer comprar e o vendedor consegue fazer a pior operação: não vender àquele, que como eu, queria comprar como o que aconteceu com a vendedora citada acima. Segundo o grande palestrante Valdez Ludwig, nos dias atuais, tudo está muito padronizado, a tecnologia acaba por deixar as mercadorias e os processos, muito iguais. Isto é facilmente visível. Experimente entrar num carro e, sem ver o símbolo da marca, adivinhar quem é o fabricante. Ou por outra, tire dos equipamentos de som, aparelhos de televisão, computadores, geladeiras, e demais produtos as suas identificações para ver se descobre qual fábrica os produziu. Esta padronização, este nivelamento por cima, tira do ser humano a possibilidade de mostrar diferenças no processo produtivo, posto que a igualdade não ocorre somente na aparência. Esta uniformidade vai estar também na qualidade e na funcionalidade. Logo, comprar aqui ou ali, deste ou daquele, pouca diferença faz. Está nas mãos do vendedor como a única coisa que resta para humano fazer. O bom atendimento, o bom relacionamento com o comprador. Logo, atender bem ou mal faz uma diferença incrível. PENSEMOS NISSO//////////////////////////////////////////////////////
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