A decisão do TSE em manter a verticalização nas próximas eleições funcionou como uma verdadeira ducha fria nas aspirações de certos políticos sergipanos. Tem muita gente preocupada com a possibilidade de os partidos serem obrigados a seguir nos Estados as coligações nacionais.
Sem densidade eleitoral no interior, o partido de Marcelo Déda precisa como nunca de um acordo com o PSDB de Albano Franco. E as pesquisas realizadas até agora, nos principais municípios, já apontam as dificuldades a serem enfrentadas caso isso não venha a ocorrer. Numa leitura rápida dos últimos eventos, vê-se logo que, diante dessa decisão do TSE, as coisas se complicam: o sempre “indeciso” Albano tende, agora, a ficar mais indeciso ainda. Experiente e comedido nas ações, o ex-governador Albano Franco ganha assim um tempinho extra para empurrar com a barriga as negociações com o PT/PFL. E também para poder avaliar melhor os cenários existentes.
Ninguém se engane: Albano sabe que o seu partido nacionalmente vai caminhar com o PFL de João Alves. Sabe que mesmo sem verticalização, uma aliança sua com Déda não lhe trará grandes vantagens eleitorais. E reconhece a boa vontade do PFL local em tê-lo lado a lado no próximo pleito.
Portanto, esse jogo de empurra-empurra é o que se pode chamar de mise-un-scene político. O nome fica na mídia, os afagos aumentam, o cacife vai às alturas. Uma “indecisão” que vale ouro.
Por outro lado, numa análise do eleitorado, percebe-se com clareza que a tendência dos votos na capital mudou consideravelmente, depois de os recentes escândalos do Governo Lula virem à tona.
Até a reeleição de Déda em 2004, havia quase que uma unanimidade entre os aracajuanos. Os votos migravam para o PT. Mas essa tendência reduziu drasticamente diante do inconformismo de centenas de companheiros petistas que se sentiram traídos pelas principais lideranças do partido. Vê-se, a olhos vistos, que a militância de outrora se esvaiu. Vê-se também um surpreendente crescimento do atual governador na capital pelo reconhecimento público de seu trabalho social e de suas obras em Aracaju.
A “onda verde”, iniciada na campanha de 2002 em Aracaju, pode não ser ainda uma Tsunami, mas poderá assustar muita gente, jogando por água abaixo os planos da “oposição”, que sonha com mais de 100 mil votos de diferença na capital.
A preocupação dos “companheiros” com a queda da verticalização, pelo STF, portanto, tem algum fundamento, pois posterga o sonho de terem Albano – quem diria – no mesmo palanque.