Viana de Assis

Viana de Assis nasceu em 12 de setembro de 1933
A morte costuma estimular a exaltação de pessoas, como uma espécie de justiça tardia, revisando as omissões ou opiniões anteriores. Com Viana de Assis não será diferente, pois vencerá o reconhecimento do mérito, destacando uma existência rica de embates  e exemplar, uma cidadania que bem pode servir de modelo às novas gerações, quanto aos compromissos, formação política e ideológica, e uma militância conseqüente.

Nascido em Aracaju, em 12 de setembro de 1933, filho do comerciante Antonio Veriano de Assis e de Edith Viana de Assis, Antonio Fernandes Viana de Assis estudou no Grupo Escolar Manoel Luiz, no Salesiano e no Ateneu, onde integrou e presidiu o Grêmio Cultural Clodomir Silva, que naquele tempo ainda guardava o eco das causas abraçadas pelo seu fundador Joel Silveira. A política marcaria o caminho de Viana de Assis, bacharel pela Faculdade de Direito de Sergipe, na turma de 1957, guardando uma forte influência dos professores Renato Cantidiano e Armando Rollemberg, que o recrutaram para os quadros do PR – Partido Republicano.

Católico por convicção, atuou na AP – Ação Popular, enquanto advogava na área trabalhista, criando laços eleitorais com a massa de trabalhadores e suas famílias. Na sua banca de advogado repartia o trabalho com Jaime Araújo e Tertuliano Azevedo, que além de colegas e parceiros eram amigos. Trabalhou, como Assessor, na Prefeitura de Aracaju, na gestão do prefeito Roosevelt Cardoso de Menezes, antes de ser nomeado Delegado do INCRA em Própria, onde montou sua base de atuação política, liderando a coligação PSD – Partido Social Democrático e PR – Partido Republicano, candidatando-se e elegendo-se Deputado Estadual à Assembléia Legislativa, em 1958, cumprindo mandato que servia para colocar seu nome entre os grandes parlamentares que tiveram assento naquela Casa, sendo vice-líder de Manoel Cabral Machado, na oposição ao Governo udenista de Luiz Garcia. Em 1960 integrou o comando da campanha do general Teixeira Lott a presidente da República, na disputa com Jânio Quadros.    

Na eleição seguinte, de 1962, participou ativamente do lançamento da candidatura de Seixas Dória ao Governo do Estado, como dissidente da UDN, apoiado pela Coligação PSD-PR, contra o retorno de Leandro Maciel, que usava o slogan “Ninguém se perde na volta.” Com a eleição de Seixas Dória o tom dos discursos ganhou força progressista e Viana de Assis, ao lado de Cleto Maia e de Baltazar Santos, continuava com sua pregação nacionalista, enquanto prepara sua candidatura a Prefeito de Aracaju, que o movimento militar de 1964 abortaria. O Governador Seixas Dória foi preso, deposto e levado para a ilha presídio de Fernando de Noronha. Os discursos da Assembléia eram, na grande maioria, de apoio aos militares, mas a voz de Viana de Assis não calou, nem mesmo quando teve seu mandato cassado e recebeu, imediatamente, voz de prisão. Suas palavras soaram como uma reação digna, um protesto veemente, um testemunho de coragem, quando o manto escuro do autoritarismo interrompia a democracia brasileira.

Passada a borrasca, Viana de Assis retoma sua banca de advogado, inicia projetos como empresário, porém mantendo acesa a chama da vida pública.

Em 1955, com o retorno das eleições diretas para Prefeito das Capitais, foi candidato a Vice-Prefeito de Aracaju, como companheiro de chapa de Jackson Barreto de Lima. A tranqüila eleição de Jackson Barreto encontrou pelo caminho da administração certos percalços que determinaram a intervenção na Prefeitura Municipal de Aracaju. Viana de Assis assumiu o restante do mandato e apesar do pouco tempo que teve deixou marcas de sua passagem pelo executivo municipal, simbolizada pela construção do Calçadão da Praia 13 de Julho, conhecido como Calçadão de Viana, que por projeto do vereador Helber Batalha Filho passará a ser formalmente denominado de Calçadão Viana de Assis.

Exerceu o cargo de Secretário da Indústria e Comércio, consolidando uma postura em defesa do turismo, muitas vezes aflorada em iniciativas particulares e públicas, como é exemplo o Hotel Beira Mar. E em 1986 candidatou-se a Senador, tendo antes do pleito pesquisas que apontavam a sua eleição. Dormiu eleito, acordou derrotado, perdendo por pouco mais de cinco mil votos para Francisco Rollemberg. Com ele, mas por outra coligação, também perdia Seixas Dória. Por fim, ganhou relevo na biografia de Viana de Assis sua presença no Rotary Club, como espaço de convivência fraterna. Governador do Distrito, Viana de Assis foi, na história de 75 anos, um dos mais abnegados rotarianos, um líder, um companheiro, que deixa lacuna na instituição.

Política, advocacia, empreendedorismo, cultura, turismo, civilidade marcaram a vida de Viana de Assis, que morreu aos 76 anos, segunda-feira, dia 21, deixando tristeza e saudade para a sua família – a mulher Yara, paulista sergipanizada, e os filhos, que são mais próximos  -, e para os amigos e admiradores que sentirão a perda. E Sergipe ficará desfalcado da inteligência, do patriotismo, da cordialidade e do espírito público, sintonizado com os tempos renovados, de Viana de Assis.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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