VITÓRIA DOS BADERNEIROS

Fui na quarta-feira que passou ao Batistão com Bruno, meu filho, assistir Confiança e  Fluminense pela Copa do Brasil. Um prazer e ao mesmo tempo uma inquietude total em poder torcer(!) pelos dois times do coração. Na hora do apito inicial, porém,  prevaleceu a torcida pelo time do Bairro Industrial durante todos os noventa minutos. Para a coisa não ficar mais esquisita na minha cabeça, o placar terminou empatado em 1 x 1. Não ganhamos, mas também não perdemos. Se houve um perdedor, esse sim, foi  o espetáculo.

Foi muito bom ver o estádio cheio, relembrando velhas e imortais jornadas. Apesar do esforço da torcida azulina distribuindo bexigas a granel, faltou o colorido das bandeiras, o canto da torcida, as charangas e as faixas gigantes. Tudo isso por uma absurda e autoritária intervenção de quem provavelmente nunca foi a um campo de futebol  e sentiu a alegria das torcidas.

Tudo agora passou a ser proibido em função de uma maior segurança dentro dos estádios. Por conta de meia dúzia de baderneiros, cachaceiros e irresponsáveis, que deveriam estar na cadeia e não nos campos de futebol,   a grande maioria dos torcedores foi penalizada, ficando proibida de hastear suas bandeiras e ruflar  seus tambores. O espetáculo de cores e sons foi penalizado.

O Ministério Público de Sergipe, impotente para cobrar do estado  ações enérgicas contra as transgressões da minoria, optou pelo caminho mais fácil, o de amordaçar a maioria, proibindo a festa e o colorido das torcidas. Para ele, mastros de bandeiras, camisas com estampas que evocam torcidas organizadas, charangas, latinhas de cerveja, transformaram-se  em perigosas armas.

De repente, a ordeira torcida sergipana passou a ser considerada de alta periculosidade, pelo exagero do aparato policial presente eo estádio Lourival Baptista no jogo do Flu contra o Confiança. Um helicóptero da polícia fazia  vôos rasantes com feixe de luz sobre os cidadãos, um sem número de viaturas policiais posicionava-se pelo lado do (claudicante) placar eletrônico, tropas de choque desfilavam garbosas pelas arquibancadas, parecia que todos os ladrões, marginais e meliantes da cidade estavam dentro do Estádio.

É possível até que  os bandidos de fato, que estavam do lado de fora, pelas cercanias do estádio, possam  ter feito uma festa mais colorida e rentável na noite de quarta-feira.  

É preciso urgentemente ser revista esta decisão, para o bem do esporte e para a  volta da alegria nos estádios. Os bandidos, estes sim, ficam na cadeia com direito a assistir as partidas pela televisão, quando muito.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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