Você fala mandarim?

De uns tempos para cá, tenho percebido um aumento no número de empresas que solicitam a estruturação de seus sites para suportar conteúdos em múltiplos idiomas. Até aí, tudo bem, pois a internacionalização dos negócios é um passo que, se cabível e bem conduzido, realmente pode render frutos interessantes. O que chama a atenção é o fato de que, além da tradicional combinação português-inglês-espanhol, uma outra língua tem despontado com frequência nestes pedidos: o mandarim.

Na verdade, a inclusão do idioma oficial da China nesta lista tem justificativa na euforia mundial em torno da economia do país. Afinal, ela se tornou a segunda maior do planeta, perdendo apenas para os Estados Unidos e com um PIB cujo crescimento ultrapassou a meta estipulada pelo governo chinês, com 7,8% para o acumulado do terceiro trimestre de 2013 – ao invés dos 7,5% projetados. E o primeiro-ministro Li Keqiang também já anunciou, no último dia 1º: “por muitos anos, a economia da China continuará a crescer em ritmo médio a alto". Agora, é esperar para ver!

Diante deste cenário, algumas corporações parecem desenvolver uma ‘vontade quase incontrolável’ de contemplar a China em seus planos. E, como o site da empresa tende a ser um dos primeiros – e mais importantes – pontos de contato comercial com o mercado, iniciar por ali acaba sendo uma via comum.

Mas, agora, pense na seguinte cena: você desenvolveu um bom site institucional, com um SEO bem trabalhado (inclusive, foi pelo Google que você foi encontrado, neste caso), que transmite credibilidade, conta com fácil navegação e conteúdo bem redigido – também em mandarim. Um empresário chinês se interessa pelo seu negócio, preenche o formulário de contato da sua página na internet e envia algumas perguntas técnicas, para confirmar se a sua empresa está realmente apta a atendê-lo. Parece ótimo, não? Seria. Não fosse por um ‘mero’ detalhe: a mensagem está 100% em mandarim e a sua equipe não entende uma linha sequer do que está escrito ali.

Um outro agravante – e que muita gente ignora – é que existe uma diferença gigante entre as expressões do dia-a-dia e os jargões técnicos de cada profissão. Para jornalistas, termos como lead e release fazem parte da rotina. Já para profissionais de outras áreas, eles podem não fazer o menor sentido e, em consequência, não comunicar absolutamente nada. O mesmo ocorre com o mandarim (ou qualquer outro idioma): como as empresas lidam com produtos e serviços, automaticamente, o linguajar tende a ser mais técnico. Alguém cuja experiência recai unicamente sobre as expressões do dia-a-dia, portanto, não basta.

Por isso, fica a dica: se a sua empresa não está pronta para se comunicar com um bom nível técnico em um determinado idioma, é melhor pensar duas vezes antes de se aventurar no mesmo. Especialmente na internet, onde as barreiras geográficas desaparecem e o mundo passa a ser, literalmente, o limite do seu alcance.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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