VOCÊ GOSTA DE SER BEM TRATADO? Você se sente prestigiado ao ser recebido, por exemplo: pelo garçom do restaurante, pelo frentista do posto de gasolina, pelo caixa do supermercado, pelo motorista do ônibus, pelos seus colegas de trabalho, pelo seu patrão: enfim, pelos que o cercam? Imagine voltar para a casa e encontrar todos os seus: cônjuge, filhos, pais e irmãos de braços abertos, felizes em tê-lo de volta. É muito gostoso, não? Pense como é gratificante constatar que a sua presença ilumina o ambiente, agrada a todos, é desejada. Em contrapartida, imagine que, ao ouvir os seus passos na chegada, as pessoas se sintam incomodadas e preocupadas. Lá vem aquele chato! Acabou a nossa paz. Em mais de meio século de existência, já me deparei com diversas situações que retratam exatamente o que estou expondo. Tanto a de receber, com o coração transbordando de alegria, uma pessoa querida, amada, desejada como, ao contrário, ser forçado a fazer mesura a outras com quem, se fosse possível, sequer manteria qualquer contato. Criaturas, que sugam as nossas energias, escurecem os nossos ambientes. As suas presenças, em vez de elevar a nossa alma, sufocam-na, colocando-nos na defensiva para justificar, quase sempre, o injustificável, criando, por conseqüência, aquele clima de insegurança, de expectativa e de terror. Recebia, e certamente tanto eu quanto você seremos compelidos a receber, ainda, e muitas vezes pessoas assim; pois, infelizmente a convivência e a conveniência social remete-nos ao sacrifício de nos relacionarmos com estes espécimes de indivíduos; não por prazer, é claro; por obrigação, pena ou caridade. Se nos fosse dado optar, certamente evitaríamos momentos tão longos e ruins. Ser bem recebido, ser aceito, ser querido é, ou deveria ser, o sonho de todos. É uma coisa tão boa para nós, enquanto ser social, que deveríamos nos esforçar ao máximo na busca desta realização. Lamentavelmente não é o que acontece. Existem pessoas que ainda teimam em se mostrar azedas, ácidas, chatas. São, como disse certa feita o acadêmico Manoel Cabral Machado, “pedras pontiagudas não podem tocar o outro sem feri-lo”. E o pior é que fazem questão de demonstrar isso. A boa vontade abre as portas; a má vontade fecha-as; as boas maneiras adoçam os relacionamentos; as grosserias azedam as amizades; a polidez pavimenta os caminhos, a indelicadeza cria barreira. Dizia Mardem: “a gentileza é o óleo sutil que lubrifica as nossas relações com os outros, permitindo à máquina social desempenhar as suas funções sem atritos”. É possível mudar? As pessoas que agem assim há muito tempo poderão transformar-se em criaturas mais dóceis, educadas, gentis? Acredito que sim. Já vi muitas mudanças radicais, verdadeiras metamorfoses. Lamentavelmente, em sua grande maioria, aquelas mudanças só acontecem nas adversidades, nas tragédias, nas desgraças. Por exemplo: nas necessidades, era rico e de repente ficou pobre; nos acidentes violentos que deixaram seqüelas profundas; nas doenças graves que transformam a pessoa em sobrevivente etc. O que quero dizer é que esta grande maioria paga muito caro para aprender uma coisa tão simples. É necessário que a natureza o puna severamente para entender o óbvio. Ser bom é tão bom… Ou, por outra, pagam caro para ter aquilo que poderia sair de graça. Estas infelizes criaturas investem dinheiro para usufruir de um bom atendimento, de uma boa companhia e, às vezes, até de um amigo. Só que esta é uma “mercadoria” que, se comprada, além de muito cara, não tem sabor. É “fria”. Toda razão e nenhuma emoção. Não devemos nos olvidar. Nós só recebemos aquilo que nos dispomos a dar também. E, então, por que esta dificuldade imensurável de entender e praticar algo tão simples? Qual o grande óbice para que essa situação de paz, alegria e prazer, tão desejada por todos, aconteça? Alguém saberia apontar o tal empecilho que nos impede de sermos felizes, de sermos queridos e desejados nos ambientes em que vivemos? Não. Ninguém sabe? Pois eu sei. E vou passar para os que não sabem. O grande embaraço a esta paz reside na falta de amor das pessoas. Na nossa, inclusive. Esta falta de amor não é só com o outro, não. É, sobretudo, com nós mesmos. Nós não nos amamos o suficiente para construir em nossa volta um mundo amorável, de paz e concórdia. Por isso vivemos num mundo tão sombrio. Tão mesquinho. PENSE NISSO E BOM FIM DE SEMANA.
O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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