Com a crise política que se arrasta pelo país e ainda sem regras definidas para as eleições do próximo ano, a perspectiva para 2006 ainda é absolutamente turva. O governo federal desandou e o Congresso Nacional praticamente não funciona. Dessa forma nada se modifica. Apenas a cada dia aparece um novo escândalo, grandes revelações e uma indignação que abate a sociedade, cada vez mais descrente dos seus políticos. Sem pretender generalizar, o que está sob a mesa neste momento, em termos de dinheiro saindo pelo ralo, com destino incerto e não sabido, não é nenhuma novidade. Sempre se tomou conhecimento de trabalho indecente nesse mundo impuro das administrações e da forma de se chegar a um mandato popular. Muitos poucos – se é que existe algum – conquistaram alguma ascensão política sem um empurrãozinho desse mesmo tipo de sujeira que hoje enxovalha o Partido dos Trabalhadores, mas que tem precedentes em outras legendas.
Evidente que essa coisa repugnante que sai das entranhas petistas é muito mais grave do que já se viu em tantas outras legendas que comandaram o poder. É que durante os 25 anos que esteve fora do mandato, o PT, que tinha o comando e liderança do torneiro mecânico Lula da Silva, foi o símbolo do combate a todas essas mazelas que se praticavam nos podres poderes. Suas campanhas eleitorais eram feitas com a participação de uma militância atuante, progressista, temperada pela ideologia de esquerda e com o objetivo de mudar o país. Um pessoal que vendia camisas, estrelinhas e fazia feijoadas para arrecadar fundos de campanha. Era esse o PT que uma grossa fatia da sociedade acreditava, inclusive pela criatividade dos seus programas e pela participação espontânea de artistas, religiosos, jornalistas e intelectuais, que tinham um sonho de fazer um Brasil melhor. Até Lula tentar disputar a presidência da República pela primeira vez a coisa foi assim. Mas depois da tentativa pela segunda vez, quando já havia demonstrado sua capacidade de enfrentar a elite, despertou o interesse de segmentos fortes da classe dominante, que previu e investiu na capacidade eleitoral de um torneiro mecânico, consciente da sua incapacidade de administrar um país sem a ajuda da mesma elite que ele tanto combatia.
E fez-se Lula presidente. A campanha dele não fora tão humilde quanto as outras anteriores. Esboçava a mesma pujança financeira dos seus adversários. E isso descaracterizou o Partido dos Trabalhadores que vendia estrelinhas e bottons para arrecadar algum dinheiro. O que era vendido passou a ser distribuído e em todos os cantos que teve candidato, não se via dificuldade para a movimentação dos candidatos. Lula tinha jatinho à disposição e o mais caro homem de marketing, Duda Mendonça, foi quem o orientou nos comícios e debates, modificando a sua postura do Lula radical para um homem tolerante, articulado, que media as palavras e não brigava com ninguém. Manteve o seu discurso de vanguarda e expôs um projeto de governo que a sociedade esperava. Afinal, todos queriam mudança e imaginou que o Brasil tomaria o rumo da igualdade social, de melhor distribuição de renda, mais emprego, mais comida, mais escolas. Enfim: um país dos sonhos de cada um dos cidadãos que já havia perdido a esperança de tantos discursos repetitivos dos homens que dominaram o país.
O Partido dos Trabalhadores fez o mesmo estilo de campanha que habitualmente se praticou no Brasil de tantas necessidades. Aprendeu rápido e percebeu que não conseguiria chegar ao poder apenas com o discurso. Faltava-lhe a prática habitual da conquista do voto através dos cabos eleitorais, que comandam “rebanhos” de eleitores marcados a ferro e que sempre votaram em troca de qualquer tipo de benefício, que ia de alimentos a óculos, remédios, material de construção e outras necessidades simples que não chegam aos miseráveis que vendem consciência. Essa também foi a prática utilizada pelo PT para eleger Lula e seus seguidores, porque essa é a regra para chegar ao poder. Agora resta ao presidente parar e por à mesa um projeto para a transformação desse Brasil envergonhado.
Não será com demagogia e lágrimas que o presidente vai reconquistar o povo e se eximir da culpa de todo esse lamaçal que inunda o Planalto. É preciso buscar a saída e ela pode se iniciar com uma confissão de culpa, mesmo que isso lhe valha o impeachment.
FARSA
O presidente do TSE, Carlos Velloso acha que a renúncia não poderia produzir o efeito de possibilitar que aquele que renuncia volte a se candidatar. “Acho que o processo deveria prosseguir nos órgãos competentes da Câmara e Senado para impedir a continuidade desta farsa”, disse.
TRANSPOSIÇÃO
O governador João Alves Filho terá um debate amanhã, às 9:30 horas, com o ministro Ciro Gomes, sobre a transposição das águas do rio São Francisco. O debate pode esclarecer dúvidas do Tribunal de Contas da União (TCU), que considerou vários aspectos do projeto como tendo muitas irregularidades.
NOVIDADE
O governador João Alves Filho foi surpreendido, ontem, com a inclusão de mais dois governadores contrários à transposição, que participarão do debate no TCU amanhã. João sabia que debateria sozinho com os ministros Ciro Gomes e Marina Silva e não sabe a inclusão dos governadores Cássio Cunha Lima (PB) e Ronald Lessa (AL), defensores do projeto de transposição.
VIAGEM
O Ministério das Relações Exteriores enviou ofício ao secretário do Planejamento, Sérgio Fontes, convidando-o a participar da comitiva do presidente Lula à América Central. O presidente vai a Guatemala, Belize, Costa Rica, El Salvador, Honduras, Nicarágua, Panamá e República Dominicana, dias 12 e 13 de setembro. Sérgio recusou.
DEBATE
O presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, participa sexta-feira, em Aracaju, de um debate sobre os rumos do governo Lula. O debate se realiza no ato político de lançamento do 11º Congresso Nacional, na Assembléia Legislativa.
FOLHA
O governador João Alves Filho visitou ontem diretores da Folha de São Paulo, onde almoçou e conversou com jornalistas, ao lado do advogado Ivis Gandra. João Alves relatou sua posição contrária à transposição do rio São Francisco, por considerar que ela prejudica profundamente os estados leitos, principalmente Sergipe.
ALBANO
O ex-governador Albano Franco (PSDB) confirmou que o ex-presidente FHC determinou que o PSDB tivesse candidato a governador em todos os Estados. Albano disse que ainda não tem nenhum nome para disputar o governo, lembrando que isso só deve surgir no próximo ano.
MABEL
O deputado Sandro Mabel (PL), que está com processo de cassação no Conselho de Ética, tem uma grande afinidade com Sergipe. Além de uma fábrica de biscoitos em Itaporanga D`Ajuda, Sandro Mabel tem casa na praia do Saco e passa temporada lá no verão.
MUDANÇA
O deputado estadual João da Graça avisou ao presidente regional do PMN, Nelson Araújo, que vai deixar o partido pelo qual se elegeu. João da Graça disse que integra a base de governo e vai procurar outra legenda. Aliás, não se trata nem de procurar, o deputado está se filiado ao PTdoB.
RODOVIA
Cinco deputados federais de Sergipe estiveram ontem com o ministro do Planejamento para entregar documento sobre a recuperação da BR-101 em Sergipe. Os deputados mostraram emenda orçamentária aprovada para recuperação da rodovia e conclusão de obras não acabadas em seu percurso.
OAB-SE
A seccional da OAB em Sergipe aprova que o presidente da República, Lula da Silva (PT), convoque o Conselho da República. Essa convocação foi sugerida pelo conselho da OAB nacional e o presidente regional em Sergipe, Henry Clay, acha que o momento é oportuno e a convocação pode ser uma saída.
REPUBLICANA
A OAB-SE ainda vai cobrar uma posição do presidente Lula para tratar de forma republicana essa questão que deixa o país sob tensão. Acha que o presidente deve descer dos palanques, sair da defensiva e agir como estadista, para explicar a nação o que está acontecendo.
JERÔNIMO
O ex-deputado Jerônimo Reis se recolheu e não tem sido encontrado para falar sobre os entendimentos políticos e a vinculação ao governo do estado. Ontem, de Lagarto, um aliado de Jerônimo disse que ele foi ao Maranhão, onde se encontra o prefeito Zezé Rocha, para uma conversa decisiva com ele.
Notas
IMPUNIDADE-1
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Carlos Velloso, reiterou que a Justiça Eleitoral, com o apoio do Congresso Nacional, vai tentar modificar a legislação em vigor para combater a prática e a impunidade dos responsáveis por crimes eleitorais, como o uso do caixa 2 nas campanhas políticas. A legislação eleitoral é liberal ao contemplar com a prescrição retroativa e ao não punir os crimes eleitorais. “É por isso que estes caras de pau estão confessando seus crimes eleitorais, porque sabem que ficarão impunes”.
IMPUNIDADE-2
Carlos Velloso propôs ontem a criação de comissão especial para analisar propostas e iniciar a elaboração de um anteprojeto de lei que aumente as penas por crimes eleitorais. Ele defende a fixação de uma pena mínima de três anos e máxima de até sete anos, e a extinção da prescrição retroativa. Segundo o ministro Carlos Veloso “O Tribunal deve e vai dar uma satisfação à sociedade brasileira. Estamos diante de circunstâncias de confissões de crimes eleitorais por pessoas que pensam que ficarão impunes”.
IMPUNIDADE-3
Segundo Carlos Velloso, a prescrição retroativa apanha a pena fixada, que raramente ultrapassa o limite de um ano, e retroage até a data da prática do delito, fazendo com que praticamente todos os criminosos eleitorais sejam beneficiados pelo instrumento da prescrição: “isso precisa mudar”, afirmou. A Justiça Eleitoral também promoverá mudanças administrativas internas para endurecer os processos de análise e fiscalização das prestações de contas apresentadas. Acha que o uso do caixa-2 afeta a legitimidade das eleições.
É fogo
A senadora Maria do Carmo Alves (PFL) concedeu entrevista, segunda-feira, à TV-Canção Nova e falou sobre a transposição do rio São Francisco.
D. Maria lembrou que o então candidato Lula da Silva havia declarado em Aracaju que não faria a transposição do rio São Francisco.
O deputado Francisco Gualberto (PT) denuncia roubo de gado no município de Cedro do São João: “existem criadores sendo roubados duas vezes por semana”.
Há um pedido formal de medidas enérgicas por parte da Secretaria de Segurança, para coibir esses assaltos constantes.
O governo do estado vai dispensar a Vivo e passar a atuar com a Oi, que ofereceu taxas mais baratas. Secretários, diretores e assessores vão trocar de operadora.
O deputado Valmir Monteiro (PFL) está cobrando do governo a recuperação das rodovias municipais, que considera intransitáveis.
O deputado Jorge Araújo (PSDB) também reclama da situação em que se encontram as estradas que ligam ao sertão.
O deputado estadual Antônio dos Santos (PSC) não participou das sessões de ontem e também não vai hoje porque participa de encontros importantes do seu partido.
O presidente nacional da OAB, Roberto Busato, virá a Aracaju para participar da solenidade de abertura da IV Conferência dos Advogados Sergipanos, dia 18.
O Bradesco apresentou lucro líquido de R$ 1,416 bilhão no segundo trimestre do ano, com crescimento de 120,8% em relação aos R$ 641,336 milhões do mesmo período de 2004.
A Varig conseguiu superar a Gol no transporte aéreo doméstico em julho. Com isso, a companhia aérea – que está em recuperação judicial – e voltou ao segundo lugar.
O mercado reduziu pela 12ª semana consecutiva sua projeção de inflação pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (IPCA) neste ano.