XXXII Encontro Cultural de Laranjeiras

 

O Encontro Cultural de Laranjeiras é um desses fatos raros na história cultural de Sergipe e do Brasil, erguido num cenário exuberante de tradição, que vem sendo mantido pelo mais  democrático exercício da continuidade, pois entra Governo e sai Governo, entra Prefeito e sai Prefeito, e o evento se mantém íntegro, empunhando a bandeira da pesquisa, do estudo e da difusão do folclore, protegendo os grupos, valorizando os brincantes, procurando o melhor modo de garantir, para o futuro, a sobrevivência dos traços de cultura que o tempo tem deixado nos guardados do povo.


Ao longo de 31 anos, os Encontros Culturais sondaram o povo, para identificar quais são os fatos folclóricos recorrentes, e que têm sobrevivido, apesar do descaso e da omissão de muitos, e da disputa desigual com os artistas da mídia, patrocinada por outros. Parecendo ser como os gatos, que  para o povo têm sete fôlegos, ou sete vidas, os Encontros cobrem, já, uma trajetória singular de investigação, cuja maior marca seria o Atlas Folclórico de Sergipe, de 1977, elaborado a partir das 220 ocorrências devidamente anotadas pelos pesquisadores.


Durante três décadas, estudioso de várias partes do Brasil e do mundo, estiveram em Laranjeiras, juntamente com pesquisadores e professores locais, refletindo sobre as variadas temáticas que foram objetos de estudos e indicando caminhos que renovaram conceitos, aprofundaram dúvidas e oxigenaram a bibliografia do folclore, produzindo uma massa crítica circulante nos ambientes acadêmicos e escolares do País.


Na sua longevidade, os Encontros Culturais recuperaram grupos, concorreram, embora de forma tímida, com a renovação da indumentária, instrumentos, e outros elementos necessários às apresentações o que permitiu um desfile enorme e variado de manifestações folclóricas e populares, que combinou com o enunciado grandioso do Atlas Folclórico, que fez de Sergipe uma reserva folclórica.

        
A realização do XXXII Encontro Cultural de Laranjeiras reúne pesquisadores e estudiosos que, no curso do tempo, têm freqüentado Sergipe.

        
Alguns críticos mais apressados consideram que os Encontros podem ser medidos pelo número de convidados. A resposta tem duas vertentes, a primeira centrada nas próprias condições do Estado, que tem dinheiro para tudo, mas falta dinheiro para a cultura, muito especialmente para a cultura popular, a segunda está diretamente vinculada ao modelo dos Encontros, que constrói uma memória a partir do grupo original e central, que se expande ou se retrai de acordo com as temáticas estudadas. Não se trata, portanto, de desculpas, mas de explicação, ainda mais porque o interesse, os enfoques, as profundidades dos estudos depende menos da quantidade, e muito mais do preparo e da militância das pessoas.


Inaugura-se um novo Governo, prometendo um novo ciclo de Poder. O Secretário de Estado da Cultura, ao lado do Governador, dão mostras de articulação, ao programar uma Mesa Redonda institucional, sobre cultura, folclore, turismo, comunicação e educação, bem a propósito do tema central do Encontro – Folclore, Mídia e Turismo, com a participação do Ministério da Cultura, para expor sobre políticas públicas, o que representa uma novidade e o que gera uma expectativa promissora para os próximos anos do Encontro Cultural de Laranjeiras. Experiente pela cátedra, pelos estudos de antropologia, e pela presença nos eventos da cultura, incluindo os Encontros Culturais de Laranjeiras, com os quais colaborou, desde os primeiros, o novo Secretário de Estado da Cultura assume o comando da sua Pasta ao lado do novo Governador, inovando o XXXII Encontro Cultural de Laranjeiras e honrando a continuidade do evento.


O povo sergipano, que tem sua alma exaltada durante a festa laranjeirense, tem nas ruas da cidade e nos povoados por onde a população se espalha, um motivo a mais para celebrar a coragem, a força, a resistência, com a arte, a fé, a devoção, na travessia do passado para o futuro, tendo o presente como o baú das ocorrências, lúdico como os cantos, as danças, as representações que os grupos folclóricos, cheios de cores e de ritmos, lança sobre Laranjeiras, ad latere da história.

O texto acima se trata da opinião do autor e não representa o pensamento do Portal Infonet.
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