Biutiful

Biutiful (MEX/ESP-2010)
Gênero: Drama
Direção: Alejandro Gonzalez Iñárritu
Com: Javier Bardem, Maricel Álvarez, Hanna Bouchaib, Guillermo Estrella
Idioma: Espanhol
Legendas: Português
Áudio: Espanhol e Português (Dolby 2.0)
Tela: Letterbox
Distribuidora: Paris Filmes

Quem pensava que Alejandro González Iñarritu não teria condições de superar sua magistral trilogia (formada pelos ótimos "Amores Brutos", "Babel" e o regular "21 Gramas"), enganou-se. "Biutiful" é uma 'pedreira' de 2h20 minutos, mas que deixa o espectador/cinéfilo com aquela sensação de plenitude ao final da sessão, não só pelo ótimo roteiro, mas sobretudo pela estupenda atuação de Javier Bardem.

Vivendo num bairro pobre de Barcelona, Úxbal (Bardem) ganha a vida fazendo trabalhos escusos (exploração de mão-de-obra imigrante) e nas horas vagas, ainda 'ouve' os mortes e leva suas últimas mensagens para os parentes sedentos de algum tipo de redenção. Criando um casal de filhos  num apartamento de quinta categoria- já que a ex-mulher se prostitui e, recorrentemente, é internada por conta do alcoolismo- Úxbal é surpreendido com a notícia de que tem poucos meses de vida.

E como notícia ruim não vem sozinha, a partir de então, vários acontecimentos irão levar Úxbal a uma espécie de espiral sem saída, com ele enfrentando os policiais que perseguem "seus"  trabalhadores ilegais; a mulher que volta a aprontar das suas, mesmo tendo lhe dado uma segunda chance, entre outros percalços.

Como é de praxe em suas produções (apesar desta não ter a assinatura do roteirista Guillermo Arriaga), Inãrritu constrói várias subtramas em torno da principal, que aqui parece ser a sobrevivência do personagem central, em todos os sentidos. Apesar de explorar o realismo como de costume- de uma  maneira exageradamente perturbadora- dessa vez ele abre concessões ao sobrenatural.

Parece-me que é um terreno deveras movediço para os desacostumados, mas se o diretor derrapa nesse ponto, Javier Bardem faz com que esqueçamos de seus deslizes. Sua força está no olhar, nos gestos, na voz, na postura e talvez, junto com seu papel de “Mar Adentro”, esta seja a sua melhor interpretação.

Por Suyene Correia