CIDADE DE DEUS

Grande sensação no festival de Cannes, em maio último, só não saiu de lá carregando prêmios – em compensação colecionou elógios até de revistas sisudas como o “Cahiers du Cinema” e a “Positif” – porque passou como “convidado” e não como concorrente. Segundo filme de Fernando Meirelles – o primeiro foi “Domésticas o Filme” que não é exatamente um primor de comédia – e o primeiro da estreante Kátia Lund (embora seu nome esteja sendo “escondido” no material promocional), “Cidade de Deus” é tido como um novo “Pixote”. Difere dele não só no estilo narrativo (mais para o documentário) como até na história. Esta, feita a partir do livro homônimo de Paulo Lins, ousafalar da realidade do tráfico de drogas nas favelas do Rio sem amenizar a violência. Em três partes, mostra o processo de crescimento do tráfico de drogas nas favelas cariocas, mais especificamente na Cidade de Deus, entre as décadas de 60 e 80. Não há explicações históricas, só a exposição de fatos diretamente ligados ao cotidiano dos personagem, que se encontram à beira do abismo de uma vida criminosa. Segundo o “Variety” o filme oferece uma “visão visceral da violência que impele crianças a uma vida de crime, brutalidade e morte como o único caminho”. A não ser por um ou dois profissionais em papéis menores, os diretores recrutaram seu elenco na própria favela. Fique de Olho – Alexandre Rodrigues, Leandro Firmino da Hora, Douglas Silva, Seu Jorge, não são nomes conhecidos do público. Em verdade, são moradores da favela. Portanto, o destaque vai para Matheus Nachtergaele, que aparece num pequeno papel e domina o filme.

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