Bicho M. é estrelado por Diane Velôso (Foto: Pritty Reis) |
O espetáculo Bicho M. está em cartaz na sede do Grupo Imbuaça nos dias 19 e 20 de agosto. O espetáculo é fruto de uma parceria entre e pesquisadora da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Maicyra Leão, e o grupo teatral Caixa Cênica. A montagem cênica reúne artistas sergipanos, tem dramaturgia original e é baseada em pesquisa acerca da maternidade e suas lacu nas não vistas. O Grupo Imbuaça fican a Rua Muribeca, nº 4, bairro Santo Antônio. Informações sobre o espetáculos podem ser obtidas através do telefone (79) 98106 9096.
De forma bem urgente e latente, o tema da maternidade surgiu como temática-desejo do projeto. A ideia é expor menos fora e mais dentro; a intenção é dar voz a uma visibilidade sufocada, mas entranhada no dia a dia do se descobrir mãe. Não apenas no sentido dos fantasmas internos vivenciados em suas particularidades, mas no sentido de um recalque social que apregoa à mulher a condição de felicidade inquestionável. Portanto, antes negar a maternidade, o projeto a cultiva com suas larvas e lagartas.
Assim, o espetáculo trata de possíveis sensações, sem julgá-las: "Poxa, eu não estou bem. Acontece que eu confundo se estou dormindo ou acordada e às vezes acho que o estrangulei. E nessas horas, não sei se peço ajuda ou se escondo o corpo. Vamos, não me olhe com essa cara de nojo, você também deve sentir. Essas preocupações já querem dizer que estou mudando, me transformando naquilo."
Enquanto direção e concepção, assinada por Maicyra, o espetáculo é contaminado pela linguagem de pesquisa da diretora, a Performance Art, sem se limitar a um mero estranhamento visual, mas lançando mão de um formato de teatralidade questionador. A cena atravessa o discurso ficcional, sem limitar a dramaturgia a ele. Ou seja, o texto ficcional original é entrecortado por depoimentos e experiências de mulheres comuns, não atrizes, oferecendo à dramaturgia ampliada do espetáculo pitadas de realidade anunciadas pelas próprias vivenciadoras, em cena. Em cada local de apresentação são selecionadas três outras mães não-atrizes para esse partilhar. Com isso, esperamos nos aproximar da evidência do que é ser mãe e estar no mundo por diferentes vieses, retornando o discurso a elas próprias.
Bicho M. mescla então real, ficcional, pessoal e noticiado. Tratando de subjetividades que antes de mãe, são também mulheres e bichos. Sendo assim, o público é lançado às feras da maternidade, que devoram o desassossego e regurgitam no colo do público as situações apocalípticas desde a extinção da figura materna, M., ao estranhamento da cria.
Complementando a paisagem geral do projeto, o elenco de Bicho M. é estrelado por Diane Velôso, fundadora do Caixa Cênica, Jonathan Rodrigues e Elze Valois. A produção e a assistência de direção é de Audevan Caiçara.
Com informações da organização do evento
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