A América Reflete

A América Reflete

Marcone M. Vieira
Analista de Sistemas,
há seis anos residindo nos EUA

Passado o primeiro impacto dos trágicos acontecimentos de 11 de setembro, a população se prepara para seguir com suas vidas, dentro do possível, num clima de normalidade, embora diga-se por aqui, que as coisas jamais serão as mesmas, pois a confiança do povo americano foi irremediavelmente atingida.

O maior poderio bélico do planeta, detentor da mais avançada tecnologia bélica disponível, considerava-se inatacável, o povo sentia-se inatingível. Em rápidos instantes, tudo mudou. A destruição das Torres Gêmeas do World Trade Center e a parcial destruição do Pentágono trouxeram ao povo americano profundas reflexões.

Inicialmente, diante do horror da catástrofe que ceifaria mais de 5 mil vidas, a preocupação com o atendimento às vítimas. Constatada a extensão dos danos, aquecem-se as emoções, sobrevindo a revolta, o desejo de vingança a qualquer preço. Palavras como guerra, vingança, retaliação, destruição em massa, punição, misturam-se a lágrimas e soluços. Dezenas de milhares de jovens alistam-se voluntariamente às forças armadas.

Investigações, feitas em ritmo jamais visto, revelam a identidade de pilotos e outros envolvidos no seqüestro dos aviões, apontando Osama Bin Laden como o principal suspeito dos ataques. Agora há um inimigo palpável.

Pesquisas de opinião pública, conduzidas pelos meios de comunicação, indicam que 86% da população apóia o uso de meios de destruição de massa para atingir o inimigo, ainda que ao custo de vidas inocentes. Por algum tempo o orgulho ferido fala mais alto do que a razão.

Sexta-feira passada, dia 14, foi declarada como Dia Nacional de Oração e a palavra de religiosos de todo o país se faz ouvir em rede nacional de televisão. Com igrejas abarrotadas, muitos assistem sermões e preces do lado de fora. Na Catedral de Washington, presidente, assessores e generais, escutam atentos ao pastor que em prece roga “sabedoria para nossos líderes, para que ao combater nossos inimigos, não nos transformemos naquilo mesmo, que combatemos”.

Entra, então, em cena, uma característica muito peculiar da América: a existência de mecanismos que permitem a população influenciar no processo de tomada de decisão em momentos críticos. E, como se todos, ao mesmo tempo, acordassem para a importância das decisões que estão por serem tomadas pelos Estados Unidos, catedráticos, líderes religiosos, especialistas de toda ordem passam a comentar os rumos da nação americana em rede nacional de televisão, com a participação do público, nos auditórios, através de telefone, por e-mail e nas ruas.

Enquanto milhares de pessoas trabalham na remoção dos escombros em Manhatan e milhares de agentes investigam os implicados no ataque, outros milhares de cidadãos pelo país afora estão assistindo e participando de programas, debates e discussões a respeito dos caminhos a seguir, todos influindo indiretamente nos rumos da nação.

Ao findar este domingo, dia 16, depois de muitas discussões e debates, a nação já não pensa em retaliar a qualquer preço: 81% dos entrevistados querem a identificação exata dos responsáveis, antes de qualquer retaliação. Os debates continuam, transformando opiniões, consolidando pontos de vista, servindo aos líderes da nação como um indicador das expectativas da população

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