Abuso sexual: cresce número de casos em Lagarto

Lagarto apresenta grandes índices de abuso contra a criança
“Uma criança de 14 anos estava sendo abusada há aproximadamente um ano, o agressor era o próprio pai. No momento de desespero, a vítima contou para uma tia que relatou para a mãe. A criança e a mãe vieram até a delegacia, só que depois a mãe pediu para que o caso não tivesse continuidade, alegando que o homem era um bom pai”.

O relato é da delegada dos Grupos Vulneráveis, Suirá Luiri da Silva Paim, do município de Lagarto. Diariamente a delegada enfrenta diversos relatos de vítimas de abuso sexual. Um crime que segundo Suirá tem crescido no interior sergipano, mas o silêncio das vítimas, muitas vezes permite o abuso durante anos.

De acordo com Suirá os índices apontam mais de 20 casos registrados em 2009.“A incidência é muito alta, os números são alarmantes para uma cidade como Lagarto”, relatou a delegada.

Para a delegada alguns casos têm relação com a situação sócio econômica das famílias. “A miséria faz com que algumas crianças sejam seduzidas com coisas ridículas, tipo um caderno, um boné ou um bombom”, conta Suirá, destacando que a maior parte dos casos que chegam a delegacia acontecem em bairros  mais pobres.

“Não sei se as famílias mais humildes acabam procurando mais a polícia, ou se pessoas com  condições melhores preferem não registrar com medo da exposição. No entanto, a realidade aqui em Lagarto é que existe uma incidência maior na classe menos favorecida”, observa à delegada.

Família

A delegada também pontuou que diversos casos foram registrados com crianças de sete, oito e dez anos.”É um crime terrível e ainda me choca muito”, desabafou Suirá.

Na maioria dos casos quem pratica o abuso tem vínculo com a família da criança. São parentes, vizinhos ou mesmo pai. Suirá destaca que nesses casos os próprios familiares preferem não dá continuidade ao inquérito. “Nesse caso o que prevalece é o bem estar da criança. Se ela não quiser acompanhar a filha nós chamamos o conselho tutelar para dar essa autorização”, explicou.

Confissão

Suirá também afirmou que em muitos casos os agressores confessam o crime.”O que choca e  indigna é que muitos agressores chegam aqui e dizem que a criança quis” comentou.

Outro problema encontrado pela polícia especializada e pelo Conselho Tutelar é a demora da família em registrar o caso. “Muitas vezes quando a família resolve procurar ajuda, o agressor já fugiu da cidade”, explicou Suirá.

Suirá também relatou que o abuso não acontece apenas com meninas e que no final do ano de 2009, um garoto de 12 anos foi seqüestrado da cidade de Porto da Folha e levado até Lagarto. Durante todo o trajeto a criança sofreu abuso por parte do seqüestrador.

Delegada Suirá Luirí diz que índices são preocupantes
“Ele estuprou o menor e ao chegar em Lagarto obrigou o menino a pedir esmolas. A criança ainda tinha que chamá-lo de pai. Tivemos conhecimento do caso, porque a criança acabou pedindo ajuda em um centro de atendimento”, contou.

Mãe X Filha

Desesperada, Daniela de Jesus, mãe de uma adolescente de 14 anos, foi até a Delegacia de Lagarto, na tentativa de livrar sua filha de um agressor. “Lá em casa ninguém dorme e ninguém come, estou em uma depressão horrível em ver minha filha em uma situação dessa”, desabafou emocionada a mãe.

De acordo com Daniela a filha foi seduzida por um homem maior de idade e usuário de drogas. “ Ela mesmo me contou que ele usava drogas pesadas. Ele já

Daniela diz que não consegue mais dormir com a situação da filha
pegou minha filha e levou para uma favela aqui mesmo em Lagarto e eu fui buscar”, relatou.

Daniela contou a equipe do Portal Infonet, que há cerca de um ano, tinha percebido o comportamento estranho.“Pensei que era coisa de menina, esses namoricos de adolescente com alguém da idade dela, mas depois descobrir que não”, comentou.

A mãe explicou que mesmo com cuidados redobrados, teme pela segurança da filha. “Eu já troquei de escola, ela reprovou ano passado. Fico carregando essa menina para todo lugar que vou, até para o trabalho”, lamenta.

Daniela registrou a ocorrência na delegacia e segundo Suirá, o caso já está sendo investigado pela polícia.

Sem assistência

A delegada também ressaltou a importância da cidade em ter um centro de atendimento psicológico para essas crianças. “Não existe dúvidas de que essas crianças precisam de um atendimento especializado e é de extrema importância que esse atendimento aconteça mais vezes e aqui mesmo em Lagarto”, finalizou Suirá.

Por Alcione Martins e Kátia Susanna

Apesar da foto da menor não mostrar sua identidade e estar dentro dos regulamentos do ECA, retiramos a imagem atendendo a pedidos

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