Além da linha da pobreza

No barraco a alimentação é escassa (Fotos: Portal Infonet)
Em um barraco de cerca de três metros quadrados mora uma família que enfrenta as dificuldades de viver em uma invasão localizada no bairro Maria do Carmo, em São Cristovão. Lixo amontoado aos arredores da invasão, esgoto que escorre dentro e fora das casas, fiação exposta e falta de banheiros são alguns dos problemas. Uma complexa realidade que mais parece cena de ficção, onde os personagens são testados até o limite. Ao contrário do que se possa imaginar a dureza está há pouco mais de dois quilômetros da capital sergipana.

No cenário da vida real, a equipe do Portal Infonet encontrou uma dona de casa que dá lição de perseverança e fé. Aos 40 anos e aparência sofrida, Rísia Alves Santos, é casada, mãe de três filhos e mora no local há dez anos. No barraco que mantém arrumado e limpo, a dona de casa, se orgulha de poder ensinar para os filhos que a educação é prioridade e que sem fé é impossível

O local onde a família improvisa o banheiro
enfrentar as adversidades.

Comprar um carro, fazer uma viagem de final de ano ou ainda investir na compra de um imóvel. Sonhos que a maioria persiste em alcançar, mas para a dona de casa o pedido é um banheiro. O barraco construído com acabamento de lona, madeira improvisada, papelão, telha de Eternit e chão de areia, não possui banheiro.

Constrangida, Rísia conta como improvisa a ida ao banheiro. “Para ir ao banheiro é um sufoco, tem que defecar em uma bolsa plástica e jogar o lixo fora em um local longe, para não contaminar e trazer doença”.

Aos seis anos de idade, a filha mais nova da dona de casa, passa a infância sem ter direito a

O telhado corre o risco de desabar a qualquer momento
brincar. Dentro da casa, a menina enfrenta os perigos de conviver com madeiras que correm o risco de desabar, do lado de fora, o esgoto e a terra contaminada são os principais perigos.

É na frente da televisão que Estefani passa a maior parte do tempo, assistindo e desejando mudar de vida. “Gosto de brincar com meus amigos e meu gatinho branquinha”, diz a tímida menina.

“Minha preocupação é que este telhado pode cair a qualquer momento, as vezes olho e vejo que a mão de Deus está segurando esse barraco, porque a madeira está podre”, conta.

A mãe, que observa e entende que não pode resolver a situação de forma emergencial, contém as

Na falta de área de lazer Stefanie brinca com a gata Branquinha
lágrimas ao ser questionada sobre o almoço dos filhos. “Para dizer a verdade a gente aqui sobrevive como pode, meu marido trabalha como agente de limpeza e recebe menos que um salário. Hoje quando saiu de casa, senti que ele estava triste porque viu que não tinha nada na geladeira e comprou um quilo de arroz”,(sic).

A geladeira improvisada com a porta amarrada com um cordão, tem água, um quilo de arroz, leite já talhado e um pouco de peixe. O alimento que é multiplicado até o próximo pagamento. “Não sei quando vamos poder comprar mais comida”, diz Rísia.

Apesar da vida sofrida, a dona de casa lembra que é preciso ter fé. “Ensino aos meus filhos todos os dias que vivemos aqui, mas que podemos mudar de vida.

O esgoto é despejado na frente do barraco
Não é fácil porque me preocupo com as influências”, observa.

Com a chegada do final de ano, onde muitas famílias organizam ceia natalina, Rísia tenta ensinar para os filhos que o importante é a união. Para quem desejar ajudar essa família com o concerto do telhado ou doação de alimentos pode entrar em contato através do (079) 81673039.

Prefeitura

A informação da prefeitura de São Cristovão é que já existe um cadastro, onde todas as famílias foram incluídas no programa do Governo Federal, “Minha Casa, Minha Vida”. De acordo com a assistente social do Centro de Referência da Assistência Social (Cras) da prefeitura de São

Apesar da grande dificuldade a fé não deixa falhar a esperança de dias melhores
Cristovão, Raquel Maria da Silva, o município tem prestado assistência com relação à retirada de documentação como carteira de identificação e registro profissional.

A assistente também salientou que tem feito um trabalho para tentar acompanhar idosos e crianças com problemas de saúde para ter direito a aposentadoria.

Sobre a família em questão, a assistente social, informou que na próxima semana acompanhará a equipe do Portal Infonet para conhecer a situação da família.

 

Por Kátia Susanna

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