Alojados em galpão denunciam maus tratos

Nos dois galpões as reclamações são as mesmas (Fotos: Portal Infonet)

A equipe do Portal Infonet esteve na manhã desta quinta-feira, 7, em dois galpões localizados na zonas norte e Centro da capital. Endereços distintos e os mesmos problemas enfrentados por cerca de 500 famílias que estão alojadas após terem sido retiradas de áreas de risco do Santa Maria.

De acordo com informações do próprio município, a ação realizada removeu 1.005 famílias das áreas de risco, concedendo auxílio moradia a quase 600, elevando o total de benefícios para 2.100, e abrigando cerca de 100 famílias.

Cerca de dois meses após a retirada, famílias alojadas no galpão localizado na avenida Euclides Figueredo, no bairro Santos Dumont, afirmam que estão esquecidas e que com a desocupação muitos foram afastados da principal fonte de renda. “Claro que não era bom a gente morar naquela vida, era uma vida sofrida mesmo. O problema é que nossos barracos foram derrubados, nos colocaram aqui e esqueceram da gente. Estamos longe de tudo, sem uma comida e sem poder ganhar nenhum dinheiro, pelo menos lá todo mundo se virava, catava latinha, fazia reciclagem e aqui, nada”, reclama Alessandra Oliveira santos.

Fiação exposta e banheiros sujos

As famílias agradecem as visitas da Defensoria Pública e lamentam que o município não se manifeste sobre um prazo que serão retirados do local. “Estamos todos aqui amontoados, com dois banheiros e apenas um local para tomar banho. Além da fiação exposta e os perigos de pegar fogo em tudo, tem as crianças e adultos doentes”, lamenta Joseane Santos Conceição, mãe de um menino de três anos que apresenta sintomas de pneumonia.

Aos 39 anos, Shirleide Neves diz que nas últimas semanas apresenta um sangramento constante e que a falta de um médico ou mesmo a visita de agentes de saúde tem agravado o quadro. “Aqui não temos dinheiro para nada, até para pegar um ônibus é uma dificuldade. Estou aqui doente e ninguém lembra da gente, tiraram o problema do Santa Maria e deixaram a gente trancados aqui”, relata a mulher, acrescentando que as crianças que estavam estudando deixaram de frequentar a escola. “Ninguém aqui tem como mandar os meninos para escola, então nem sei o que vai acontecer, porque podemos perder o Bolsa Família”, observa.

Muito lixo e o aparecimento de insetos no galpão do Santos Dumont

Em outro galpão, a apreensão de corte de energia elétrica tirou o sossego das famílias que estão na avenida Airton Teles, Centro. Segundo o morador Gilnei Lima dos Santos na última quarta-feira, 6, funcionários da empresa de energia estiveram no local e apresentaram um aviso de corte. “Todo mundo ficou preocupado, porque já estamos aqui vivendo dessa forma como animais, com banheiros entupidos, insetos e sem comida e agora sem energia. Esperamos que alguém tome providências”, pede.

Mãe de três filhos de cinco, seis e 17 anos de idade, Josilene Batista dos Santos tem dificuldades para realizar as tarefas e cuidar dos filhos. A mulher tem uma hérnia abdominal e reclama de dores. “Não temos muito o que fazer, com esse problema de saúde não posso nem ajudar e fazer uma faxina. Todo mundo aqui conta com a ajuda de algumas pessoas que passam aqui e distribuem sopa, ou mesmo trazem roupa e cobertores”, salienta a mulher, que faz um apelo: “Peço que olhem para a nossa situação e façam alguma coisa, todo mundo aqui precisa de ajuda”, frisa.

Semasc

De acordo com a assessoria de comunicação da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc) as famílias devem procurar casas de parentes. A Semasc informou ainda que todas as pessoas estão cadastradas para programas futuros de habitação. Sobre o aviso de corte de energia a assessoria salientou que o problema já foi solucionado. 

Com problema de saúde, a mulher reclama da falta de assistência 

Ação Civil

A Defensoria Pública do Estado, por intermédio dos Núcleos de Direitos Humanos e Movimento de Bairros, ajuizou Ação Civil Pública em prol dos desabrigados. Na ação, postula-se a concessão de auxílio moradia na forma da Lei Municipal 3873/2010 para pessoas que ocupam galpões, como também aos desabrigados que já possuem cadastros na Prefeitura de Aracaju, mas que ainda não receberam qualquer assistência do poder público. Segundo o defensor público, Alfredo Carlos Nikolaus, a Defensoria está aguardando a decisão do pedido de liminar.

Por Kátia Susanna

Portal Infonet no WhatsApp
Receba no celular notícias de Sergipe
Acesse o link abaixo, ou escanei o QRCODE, para ter acesso a variados conteúdos.
https://whatsapp.com/channel/
0029Va6S7EtDJ6H43
FcFzQ0B

Comentários

Nós usamos cookies para melhorar a sua experiência em nosso portal. Ao clicar em concordar, você estará de acordo com o uso conforme descrito em nossa Política de Privacidade. Concordar Leia mais