Apae de Sergipe paralisa atividades por falta de recursos

Apae paralisou atividades por falta de recursos
Depois de 41 anos de funcionamento, a Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Sergipe paralisou as atividades por falta de recursos financeiros. Com redução de 70% do montante de doações e com os salários dos funcionários atrasados em quatro meses, a presidência da entidade optou por suspender o funcionamento da associação a partir desta segunda-feira, 27. Dessa forma, 314 pessoas com necessidades especiais deixaram de receber atendimento.

Os gastos com folha de pagamento chegam a R$ 35 mil mensais, além de gastos com água, luz, material, manutenção de equipamentos e refeição que somam mais R$ 27 mil. Diante do agravamento da crise financeira mundial, os cerca de 400 colaboradores da Apae/SE reduziram ou cortaram as doações, deixando a associação em uma situação delicada.

Além disso, desde novembro do ano passado que a Secretaria de Estado da Saúde (SES) suspendeu o repasse financeiro para pagamento dos salários dos profissionais de saúde que atuavam na entidade. O corte da verba se deu em decorrência do vencimento do convênio que existia entre as partes. Segundo informações da Assessoria de Comunicação da SES, um novo projeto já foi encaminhado pela Apae e se encontra em análise na secretária.

Homero Filizola, presidente da Apae
Deficiência intelectual

Com a suspensão dos serviços, que incluem aulas, fisioterapia, cursos, oficinas, atendimento médico, odontológico e neurológico, 314 pessoas deixaram de ser assistidas pela instituição. De acordo com o presidente da Apae/SE, Homero Filizola,  a entidade atende desde bebês de duas semanas a idosos, sendo a grande maioria em situação de vulnerabilidade social. “As pessoas que são atendidas pela Apae são portadoras de deficiência intelectual, oriundas de famílias miseráveis, que não sabem lidar com o problema”, explica Homero.

Dentro deste grupo de deficientes intelectuais estão os portadores de paralisias múltiplas e da Síndrome de Down, além dos deficientes de mentalidade, que residem não só em Aracaju, mas no interior do Estado. Segundo a supervisora de marketing da Apae/SE, Adenildes Sampaio, “pessoas de Maruim, Laranjeiras, Nossa do Socorro e municípios vizinhos também procuram a Apae de Aracaju, mesmo que existam unidades da associação na cidade”. Isso ocorre porque a Apae da capital possui uma estrutura mais completa.

Sala de Fisioterapia da associação
Estrutura

No prédio localizado no Bairro Industrial, existem mais de dez salas para a realização de aulas, laboratórios médicos, sendo um odontológico, outro fisioterápico e mais três salas para atendimento de outras áreas, como a neurológica e a psicológica. A estrutura comporta ainda salas para serviços administrativos, pátio, refeitório e banheiros.

Diante da completude dos serviços prestados pela Apae, única a oferecer este tipo de tratamento para pessoas portadoras de deficiências, a situação se agrava. “Muitas crianças choraram na sexta-feira e as ligações dos pais e dos próprios assistidos não param. Eles querem o retorno do funcionamento da Apae, pois precisam desse espaço, para se sentirem incluídos e receberem os tratamentos adequados”, informa Adenildes Sampaio.

Somente o serviço de telemarketing e administrativo está em funcionamento na associação, para angariar recursos que garantam o retorno das atividades. “Ainda não temos previsão de retorno, mas estamos fazendo o possível para que isto ocorra logo”, afirma o presidente.

A instituição conta com 58 funcionários, que desde janeiro não recebem salário. Atualmente, apenas 14 deles continuam trabalhando. “A questão é bem maior do que a financeira e nós continuamos trabalhando para ver a Apae voltando a funcionar”, reitera a supervisora de marketing.

Adenildes Sampaio, supervisora
Recursos

Como forma de angariar fundos, a Apae estará realizado um show no próximo dia 30, no Calangos Bar, a partir das 22h, com Vou de Xote e Samba da Gente. Os ingressos podem ser adquiridos na seda de associação e no próprio local do evento, ao preço de R$ 8.

Além disso, a Apae aguarda a realização de um jogo beneficente entre as equipes do Sergipe e do Confiança. “O secretário de Esporte Maurício Pimentel visitou a associação na semana passada e ficou de articular a realização deste jogo para arrecadar fundos para a associação”, informa o presidente Homero Filizola. Ainda não há data para a realização da partida de futebol.

Entretanto, para a garantia da sustentabilidade da Apae é necessário que as pessoas voltem a realizar doações e que novos associados se unam a causa. “Neste local, eles se sentem iguais e recebem carinho, atenção e são cuidados de forma justa e nobre por todos os funcionários e por isso, nós precisamos da ajuda da sociedade, que precisa se sensibilizar diante da importância das atividades desenvolvidas na Apae”, apela a supervisora de marketing.

As doações podem ser feitas através da conta corrente 126776-7, agência 14, tipo 03, no Banese. Ou ainda entrar em contato pelo número 3215-6057.

Por Valter Lima

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