Aracajuanos falam da segurança

47,2% dos brasileiros vivem com medo de andar pelas ruas (Foto: André Moreira)
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) dá conta de que quase a metade dos brasileiros se sentem inseguros nas cidades onde vivem, o equivalente a 77 milhões de pessoas. A pesquisa revelou que 47,2% de pessoas vivem com medo de andar pelas ruas por causa da violência.

Durante o ano de 2010 a Secretaria de Segurança Pública de Sergipe (SSP-SE) registrou diversas apreensões, desarticulou quadrilhas, combateu o tráfico de entorpecentes. Mas será que mesmo com as ações policiais, os sergipanos ainda se sentem seguros? Qual o sentimento que toma conta dos moradores da capital da qualidade de vida?

Amanda diz que Aracaju já foi tranquila
A equipe do Portal Infonet foi às ruas conversar com as pessoas para saber o que eles sentem em relação à segurança e constatou que mesmo com ações divulgadas pela SSP, o sentimento de insegurança ainda predomina.

População

Para a atendente de uma empresa de telecomunicações Amanda Moraes, Aracaju já foi uma cidade tranqüila. “Eu não me sinto segura nessa cidade que é tão maravilhosa. Ando muito assustada e já fui vítima de vários assaltos trafegando pelas ruas”, explica.

Para Amanda, as informações divulgadas não condizem com a realidade da cidade. “A gente ouve informações à cerca do trabalho da polícia, mas não vemos esse trabalho nas ruas é como se isso fosse distante da nossa realidade”, pontua.

Amanda ainda pontuou que a violência em Aracaju tem acontecido como nas grandes capitais.  “O atentado ao desembargador, homicídios em vários bairros da zona norte, coisas que a gente só via pela tv, podemos presenciar aqui”, enumera Amanda.

Danilo se sente seguro dentro da residência(Foto: Portal Infonet)
Já o estudante Danilo Oliveira, que também foi vítima de assalto, diz se sentir seguro apenas dentro de casa.  “Nas ruas ando assustado, olhando para os lados com medo de ser assaltado ou coisa pior. Então me sinto seguro trancado em casa, enquanto os bandidos estão nas ruas. Deveria ser o contrário”, compara o estudante.

Para a dona de casa Virgínia Silva, embora a violência esteja crescendo em Aracaju, a capital ainda pode ser considerada segura. “A gente percebe que os crimes aumentaram, mas ainda é possível sair às ruas da cidade sem medo. Acho que faltam outras coisas, como moradia, educação, coisas que podem fazer com que a violência diminua”, opina.

Dados

Para Vírginia Aracaju precisa de educação e moradia(Foto: Portal Infonet)
No entanto os dados comprovam que existe uma diminuição da violência em Sergipe, sobretudo em Aracaju. Uma pesquisa divulgada no mês de setembro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que o Estado de Sergipe registrou uma taxa de 25,7 mortes por 100 mil habitantes, o que é considerado o 15º índice do país e 4º da região Nordeste. O resultado deixa Sergipe abaixo da média registrada no Nordeste (29,6/100 mil hab.) e dos índices alcançados por Alagoas (59,5/100 mil hab.), Pernambuco (53,0/100 mil hab.), e Bahia (26,0/100 mil hab.)

De acordo com a Secretaria de Segurança Pública o índice é influenciado por um trabalho que vêm reduzindo os homicídios no estado, sobretudo em duas regiões consideradas problemáticas em matéria de mortes violentas: a região metropolitana (Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro e São Cristóvão) e a cidade de Itabaiana, no agreste.

Já na capital, as maiores quedas de homicídios em relação ao ano passado aconteceram em três meses. O DHPP registrou, em agosto deste ano, 17 ocorrências, contra 30 do mesmo mês de 2009. A queda em relação a 2009 também foi alta nos meses de maio (10 contra 17) e março (20 contra 31).

Delegado

De acordo com o delegado Ronaldo Marinho muito do que a população olha na TV, acaba atribuindo à falta de segurança. “Vendo a TV, a impressão que a gente tem é que a violência é muito maior do que efetivamente é. Mesmo os dados não registrados não são muitos, a fim de achar que a violência ou os crimes em geral estão em cada canto da cidade”, ressalta.

O delegado ainda pontuou que se a sociedade não presencia ações as pessoas não se sentem seguras, ressaltando ainda que muito dos crimes tem relação com questões sociais.” Então acho que a mídia tem papel fundamental nessa questão, porque é preciso trabalhar com dados comparativos, detalhados. Onde aumentou e como aumentou, ser mais transparente com os dados

Delegado diz que ações da polícia refletem na segurança
e o que está sendo feito”, pontua.

Ronaldo ainda explicou que quando as pessoas se sentem protagonistas das suas vidas, elas se tornam mais confiantes e mais acolhidas. “Às vezes coisas como a construção de um ponto de ônibus mais próximo a sua residência ou a construção de um campo de futebol, ou iluminação em uma praça pública que está escura, o sentimento já é outro. Quando o Estado demonstra que o cidadão é importante ele se torna co-responsável, porque se sente em posição de destaque” explica

O delegado ainda ressaltou que Segurança Pública não diz respeito apenas a atividades policiais, mas pontuou que as ações da polícia refletem na comunidade. “Se nós estivermos próximos da comunidade tenho certeza que esse sentimento de insegurança começa a mudar. Falo próximo não no sentido de ter um posto policial em cada bairro, porque isso é inviável, partindo do ponto orçamentário. Não se tem pessoal para isso e nem dinheiro. Mas falo no sentido de identificar os problemas, incluir famílias e capacitá-las”, conclui.

Por Alcione Martins

Outros desafios
Cidade:
Sistema de transporte em Aracaju deve melhorar
Saúde: Falta retaguarda e pacientes lotam o Huse
Cidade: Crescimento da cidade deve ser repensado
Educação: Rede municipal de ensino necessita de apoio

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