Assoreamento faz rio São Francisco avançar na comunidade quilombola

Nesta edição da Fiscalização Preventiva Integrada, a situação da Comunidade Quilombola Mocambo, em Porto da Folha, chamou atenção da equipe de Patrimônio Cultural e Comunidades Tradicionais. Por causa do assoreamento, o rio São Francisco vem avançando e há iminente risco das águas do rio chegarem até as casas. “A comunidade está se sentindo como se estivesse prestes a ser engolida pelo rio”, alertou o coordenador da equipe, o historiador Marcos Paulo Carvalho.

O problema já tinha sido identificado em edições anteriores da FPI, e neste ano o problema foi agravado. A questão também foi apontada pelas equipes Aquática e Flora. Durante sobrevoo na região, a procuradora Lívia Tinôco e o vice-presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, Maciel Oliveira, ficaram assustados com o que viram. “O barranco está afundando e cada vez mais se aproximando das casas”, afirmou a procuradora. O CBHSF se disponibilizou a executar projeto a fim de tentar conter o assoreamento e melhorar as condições da comunidade Mocambo.

“Estamos em tratativas com a Codevasf para que possa ser elaborado e executado um projeto de engenharia para conter a erosão na região da Comunidade Quilombola Mocambo. O Comitê será parceiro com a elaboração ou com execução do projeto, a depender do posicionamento da Codevasf e do que for mais rápido para resolver o problema na região”, explicou o vice-presidente do CBHSF, Maciel Oliveira.

Comunidades Tradicionais – Na primeira semana de trabalho, a equipe de Patrimônio Cultural e Comunidades Tradicionais visitou durante a Fiscalização Preventiva Integrada (FPI/SE) as comunidades quilombolas Rua dos Negros, em Canindé do São Francisco, Serra da Guia, em Poço Redondo, Mocambo, em Porto da Folha e Caraíbas, com terras localizadas nos municípios de Canhoba, Telha, Amparo do São Francisco, Aquidabã e Cedro de São João. Durante a visita, os técnicos realizam o diagnóstico das condições sociais das comunidades.

Outro ponto levantado sobre as comunidades tradicionais diz respeito a falta de água. “O fornecimento de água interfere diretamente na qualidade de vida das pessoas”, explica o coordenador da equipe, Marcos Paulo. Na comunidade Rua dos Negros, em Canindé, a FPI/SE verificou que o sistema de abastecimento está pronto, mas a água não chega às casas. “Foram investidos recursos da Codevasf e da Deso na construção do sistema de abastecimento, mas não tem água para abastecer a comunidade”, destacou. Na comunidade Caraíbas, a situação não é muito diferente. “O fornecimento de água continua sendo realizado de forma irregular”, completa Marcos Paulo Carvalho.

O saneamento básico também foi outro ponto que chamou atenção dos técnicos. “Em várias comunidades percebemos esgoto a céu aberto. Na comunidade Rua dos Negros, por exemplo, quando chegamos na escola, logo sentimos o cheiro forte do esgoto à céu aberto que corre ao lado”, relata o coordenador da equipe.

Durante a FPI, os técnicos também buscam identificar nos municípios imóveis com valor para o patrimônio cultural local. Nesta edição, identificaram em Porto da Folha e em Canhoba aproximadamente 30 imóveis de interesse cultural local. “Muitos desses exemplares estão parcialmente descaracterizados, mas, detém na parte superior por exemplo, traços e vestígios de arquitetura de época, que possivelmente marcam períodos de formação dos conjuntos urbanos desses municípios, devendo ser preservados como parte integrante dos seus acervos patrimoniais, suas identidades culturais”, explica Marcos Paulo.

Equipe Patrimônio Cultural e Comunidades Tradicionais – É formada pela Fundação de Cultura e Arte Aperipê (Funcap), Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, Fundação Nacional de Saúde (Incra), Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF), Polícia Militar de Sergipe (PM/SE), Fundação Cultural Palmares (FCP).

Fonte: FPI

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