Astrofísico fala sobre passagem de asteroide pela Terra

(Foto: NASA/APOD)

Nesta sexta-feira, 15, astrônomos de todo o mundo ficarão atentos com a passagem do asteroide 2012 DA14 pela Terra. Para saber um pouco mais sobre este fenômeno, a equipe do Portal Infonet entrou em contato com o astrofísico do Departamento de Física da Universidade Federal de Sergipe (UFS), Raimundo Lopes de Oliveira Filho.

O astrofísico ainda fez questão de esclarecer algumas dúvidas relacionadas a um possível risco de colisão do asteroide com a Terra e informar sobre o que muda com a passagem do asteroide pelo nosso planeta. Confira a entrevista abaixo.

Portal Infonet – É a primeira vez que esse fenômeno acontece?

Astrofísico Raimundo Lopes – A Terra foi bombardeada por asteroides ao longo de toda a sua história. Diversos pequenos, e poucos grandes, como o que supostamente ocasionou a extinção dos dinossauros. Inúmeros outros passaram próximos da Terra sem se chocar, e este será o caso do asteroide 2012 DA14. Com base em seu brilho, acredita-se que o 2012 DA14 tem aproximadamente 45 metros de diâmetro. Relativamente pequeno. Esperamos que, em média, um asteroide como esse passe próximo à Terra a cada 40 anos, e que um deles entre em colisão com o nosso planeta a cada 1200 anos.

Infonet – Aqui no Brasil que horas será possível ver a passagem do asteroide?

R.L – Aqui no Brasil, não será possível ver a passagem do asteroide, mas ele estará mais próximo da Terra por volta das 16h25 no horário de Aracaju, quando passará sobre a Indonésia em uma altitude de quase 28.000 quilômetros. Isso é bastante próximo de nós quando comparado à altitude de 35.800 km de diversos satélites utilizados para a nossa comunicação por telefone celular, por canais de TV e para o monitoramento do clima na Terra. Infelizmente, não será possível observar a sua passagem desde o Brasil.

Infonet – Há algum risco de colisão entre o asteroide e o nosso planeta?

R.L– O asteroide 2012 DA14 foi descoberto em fevereiro de 2012 e desde então vem sendo monitorado. O seu movimento é conhecido com precisão suficiente para que os cientistas que o estudam possam afirmar que não há risco de colisão com o nosso planeta.

Infonet – O que muda com a passagem do asteroide pela terra?

R.L – A passagem de um asteroide tão próximo à Terra oferece uma oportunidade bastante interessante de determinar, dentre outras coisas, a sua composição química. Diversos telescópios terrestres e alguns espaciais estão de olho no asteroide 2012 DA14. Qual é a importância de conhecer a composição química de um asteroide? Asteroides são relíquias da época de formação do sistema solar. Saber quais são os elementos químicos e a quantidade desses elementos nos asteroides nos permite conhecer melhor a história de formação do planeta Terra e, portanto, a nossa própria história. A UFS desde 2011 já oferece um curso de graduação em Astronomia.

Infonet – Caso fosse possível uma colisão entre o asteroide e a Terra, o impacto não seria suficiente para causar uma catástrofe de dimensões planetárias?

R.L – As consequências da colisão de um asteroide de tal tamanho seriam catastróficas, mas não a ponto de destruir o planeta. O caso do asteroide 2012 DA14 é especialmente interessante por ser a primeira vez que é feita a previsão de passagem de um asteroide de seu tamanho tão perto da Terra. Esse momento será aproveitado para estudá-lo melhor, já que quanto mais perto estiver, mais fácil é de observá-lo.

Infonet – O Brasil participa do estudo de asteroides?

R.L – Vários astrônomos brasileiros que estão no Brasil e no exterior dedicam a sua carreira ao estudo de objetos do sistema solar, incluindo asteroides. Aqui no Brasil há um projeto bastante interessante de descoberta e monitoramento de asteroides e cometas que é coordenado pelo Observatório Nacional. O observatório que abriga o telescópio usado no projeto fica pertinho de nós, na cidade de Itacuruba em Pernambuco.

Por Aisla Vasconcelos