Quem frequenta as praias sergipanas nas últimas semanas tem notado o aumento do aparecimento de caravelas e águas-vivas. Esse crescimento súbito em um local é chamado de afloramento de medusas, fenômeno natural que pode estar associado ao aumento da temperatura das águas oceânicas e alterações dos ambientes praianos. Para evitar acidentes, os banhistas precisam estar atentos ao entrar no mar ou caminhar na areia das praias para não serem surpreendidos com queimaduras ao contato com a pele.
Segundo a bióloga da gerência de licenciamento da Administração Estadual do Meio Ambiente (Adema), Andreia Moura Beltrão, na costa sergipana a incidência das caravelas e águas-vivas é mais comum no período do verão, quando as águas estão mais quentes. Ela disse que as caravelas têm tamanhos variados, mas as que estão aparecendo atualmente na costa de Sergipe são pequenas e em grande quantidade.
“O aumento desses animais neste período indica um possível desequilíbrio ecológico. Estamos no inverno, mas as temperaturas das águas estão mais altas do que o normal, o que ocasiona o surgimento dessas caravelas. Isso sinaliza um desequilíbrio ecológico, provavelmente decorrente do aquecimento global”, afirmou a bióloga.
A especialista disse ainda que o fenômeno não se restringe a Sergipe, tem acontecido ao longo da costa nordestina e, inclusive, vem sendo monitorada por pesquisadores brasileiros, que apontam o aumento da temperatura dos oceanos como principal motivo.
Águas-vivas, também conhecidas como medusas, e caravelas são animais aquáticos simples e de vida livre que pertencem ao filo Cnidaria, assim como as anêmonas e corais. São caracterizadas por soltarem toxinas que, em contato com a pele, podem causar irritações e reações alérgicas. Encontradas em águas tropicais e subtropicais, as caravelas são impulsionadas pelo vento e pelas correntes oceânicas, não possuindo mecanismos de propulsão próprios.
A bióloga explicou que, embora pareçam similares, as águas-vivas e caravelas possuem diferenças importantes. “A água-viva tem uma aparência gelatinosa branca e se locomove sozinha. Já a caravela possui uma parte azul que parece uma boia, chamada pneumatóforo que se enche de ar, permitindo sua locomoção pelo vento e correntes marítimas”, detalhou.
Cuidados necessários
Com o aumento das águas-vivas e caravelas, os casos de queimaduras também têm se tornado mais frequentes. De acordo com o Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe (CBMSE), de abril a junho deste ano foram registrados 157 casos de queimaduras. No mesmo trimestre do ano passado, ocorreram 24 acidentes, um aumento de cerca de 554% no número de casos no litoral do estado.
Segundo o sargento Marino, chefe de guarnição e guarda-vidas do Corpo de Bombeiros Militar de Sergipe, a maior parte das ocorrências no mês de julho foi de queimaduras com caravelas, especialmente durante o mês de férias, que atraiu muitos turistas ao estado. “A maioria das vezes são ocorrências leves, com a pessoa se queixando de um desconforto na pele. Raramente haverá problemas graves, mas pode acontecer da pessoa ter uma reação alérgica severa, como o fechamento da glote, o que requer urgência médica”, explicou Marino.
Em caso de contato com esses animais, a orientação é lavar a área afetada com água do mar e, se possível, usar vinagre. “Não se deve esfregar a pele nem usar água doce, pois isso pode espalhar o veneno”, recomendou Marino. Para alertar a população sobre as áreas de risco, o Corpo de Bombeiros está colocando placas roxas em pontos estratégicos para chamar atenção dos banhistas sobre a incidência de animais marinhos.
A aposentada Tereza Cristina Cerqueira, frequentadora de umas das praias de Aracaju, admite que não sabia como proceder em caso de contato com esses animais. “Eu costumava coçar com areia quando era queimada, o que só piorava a situação”, relatou.
Tratamento da queimadura
O médico e coordenador da Unidade de Tratamento de Queimados do Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), Bruno Cintra, explica os cuidados em caso de queimaduras com águas-vivas e caravelas.
“É importante lavar o local com água do mar. A queimadura por água-viva é uma queimadura química, e deve ser feita a diluição da substância química com lavagem e irrigação abundante. É importante procurar um profissional de saúde para avaliação, principalmente quando a queimadura é extensa ou em áreas sensíveis, como face e mama”, disse Cintra.
Ele também orientou que as pessoas evitem exposição solar pelos meses seguintes, pois há uma chance maior da cicatriz ficar escura. Utilizar hidratação local com óleo de girassol três vezes ao dia vai ajudar no processo de cicatrização, além de analgésicos serem importantes no controle da dor.
Fonte: ASN
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