Beatificação de Irmã Dulce é vista como momento de reavivamento da fé dos católicos

Irmã Dulce será beatificada neste domingo, 22, em Salvador (Foto: Divulgação)

Marcada para domingo, 22, em Salvador, a beatificação de Irmã Dulce, cujo primeiro milagre reconhecido pela Igreja Católica foi o que salvou a vida da sergipana Cláudia Cristiane dos Santos, em 2001, deve ser considerado como um momento de reavivamento da fé não só dos católicos sergipanos, mas de todo o país.

O impacto esperado pela beatificação e, consequentemente, pela canonização de uma brasileira toca diretamente no quesito fé. Dois preceitos justificam o reconhecimento da beatitude – e da canonização – da freira que viveu em São Cristóvão por aproximadamente dois anos (de 1932 a 1934): ajudar ao próximo e ficar mais perto de Deus. Durante toda a vida, Irmã Dulce sempre ligou a fé às obras, deixando um legado que ainda hoje tem por objetivo ajudar aos mais carentes.

Frei Anilson diz que milagre passa pela fé (Fotos: Portal Infonet)

Para o Frei Anilson, da Paróquia de São Judas Tadeu, no bairro América, a beatificação da Irmã Dulce pode ser considerada um acontecimento nobre e representa um marco na história recente da Igreja Católica em Sergipe. “Nós temos como essencial a fé. E o milagre passa pela fé. Um acontecimento como esse enaltece esse sentimento e mexe com o lado mais fervoroso dos fieis”, reconhece o sacerdote.

Ele disse que não só Cláudia Cristiane, mas “tantas outras” pessoas recebem graças que são impossíveis para a ciência, mas “possíveis para Deus”. “Irmã Dulce foi forte e frágil; ela se doou plenamente ao próximo, usou a psicologia de Jesus. É uma santa do nosso tempo. Um fato como esse enobrece a Igreja, mas o mérito é unicamente de Deus que se manifesta em pessoas como ela, na fé do Padre Almir, que fez a prece. É um fato muito perto de nós, que reaviva a fé católica”, avalia Frei Anilson.

Ele explica que essa restauração da fé dos sergipanos se dá em um momento turbulento para o mundo, considerado por ele como descrente. “Há tanta coisa ruim, tanta morte, que uma notícia como essa dá alívio, acalenta, fundamenta a fé em Jesus Cristo”, destaca.

Del Maranhão acredita que milagre pode aumentar fé dos católicos

Segundo Frei Anilson, a notícia do milagre, que foi tomado por segredo durante os dez anos de investigação do Vaticano – a Igreja mandou um médico próprio para atestara veracidade do fato -, já correu o mundo.

O padre que fez a prece pela vida da sergipana salva por Irmã Dulce, que hoje pertence à Paróquia do Município de Nossa Senhora das Dores, recebe e-mails de todas as partes pedindo orações e conselhos. “As pessoas vão passar a acreditar mais em Deus. É a prova de que o milagre existe, que não é conversa de padre, mas é necessário ter fé”, diz.

Católicos

Entre os fiéis o discurso de Frei Anilson ganha coro. A cerimonialista Del Noronha, católica de berço, acredita que o milagre ocorrido em Sergipe foi mera coincidência, mas não deixa de reconhecer a importância dele para os sergipanos da mesma religião. “Já conhecia a história dela. Eu acredito que isso vai, sim, fazer aumentar a nossa fé e até trazer mais gente à igreja”, diz.

Rita de Cássia diz que as pessoas podem ter mais esperança com a beatificação

Para a professora aposentada Rita de Cássia Oliveira, também católica de berço, principalmente aqueles que precisam ‘ver para crer’ devem ser os mais afetados com a beatificação de Irmã Dulce. “Não acho que mude, mas contribui para o fortalecimento da Igreja. No Brasil vemos tantos casos de violência. Algo assim dá mais esperança às pessoas”, declara.

Para o aposentado George de Jesus trata-se de uma “benção de Deus”. “Sempre ouvi falar das obras dela. Isso com certeza vai aumentar a fé, que é a única coisa que vale em uma pessoa. Sem fé você não é nada”, teoriza.

Já o geógrafo Marcelo Alves, apesar de enxergar com apreço o primeiro milagre reconhecido de Irmã Dulce, discorda que apenas isso é suficiente para a pessoa ser mais fiel à religião. “A fé vai além do milagre. Não necessariamente uma beatificação vai atrair um indeciso”, explica.

"Deus suscita algo na própria igreja para provar que ele existe", diz Vera

A também aposentada Ieda Alves Coutinho diz que em vida Irmã Dulce foi um testemunho vivo por todo o trabalho que realizou. “Ela viveu como Cristo, colocou a sua vida a serviço dos outros. Foi um grande exemplo de solidariedade e fraternidade. Ela não morreu, ela semeou”, diz. A auxiliar de enfermagem Vera Lúcia Aragão completa: “Deus suscita algo na própria igreja para provar que ele existe”.

Por Diógenes de Souza

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