Biografia de Júlio César Leite traça perfil do “Chefe Invisível”

O jornalista e advogado Ricardo Leite lança ainda este mês um livro que resgata a história de uma das figuras mais importantes da história política do Estado: Júlio César Leite. Neto do ex-senador, o autor garante que realizou um trabalho que se afasta de uma possível parcialidade devido o parentesco entre biógrafo e biografado. Intitulado “Júlio Leite: o chefe invisível”, a obra descreve uma série de fatos que fazem parte do folclore político sergipano. Nascido em Riachuelo ,em 1896, Júlio Leite formou-se pela Faculdade Livre de Direito do Rio de Janeiro, foi secretário de Segurança Pública, diretor da antiga Deso, secretário geral de Governo, diretor de banco, superintendente de fábrica de tecidos, líder de partido político e duas vezes senador da República. Segundo o neto “era uma amante e incentivador das artes, principalmente cinema e teatro”. O Júlio articulador também aparece no lvro. “Discreto e hábil, o senador foi decisivo em vários episódios políticos importantíssimos, como, por exemplo, a eleição de quatro governadores: Eronildes Carvalho, José Rollemberg Leite, Arnaldo Rollemberg Garcez e Seixas Dória.”, afirma o jornalista. Apesar da data de lançamento ainda não ter sido definida (por conta de detalhes técnicos), o autor acredita que a obra deve ser bem recebida. Prova do interesse que vem despertando é que o livro traz o prefácio de autoria da senadora Maria do Carmo, a apresentação do advogado Carlos Cruz e a orelha com texto do ex-reitor da UFS, Clodoaldo de Alencar Filho. Em entrevista ao Portal InfoNet, Ricardo Leite fala sobre a obra. Confira: PORTAL INFONET – Quando surgiu a idéia de escrever sobre seu avô e quando o senhor começou o projeto? RICARDO LEITE – Os jornalistas são sempre curiosos, inclusive sobre fatos históricos. Numa família de políticos, as narrativas dos feitos de Julio Leite são freqüentes. PORTAL INFONET – Quanto tempo levou entre pesquisa e redação do livro? RL – Foram oito meses mergulhado em documentos históricos e envolvido em entrevistas com personalidades contemporâneas do biografado. PORTAL INFONET – Em que situações estavam os registros históricos (arquivos, jornais, livros) aos quais o senhor recorreu? RL – Os jornais arquivados no Instituto Histórico e Geográfico e na Biblioteca Pública estão em péssimo estado. Felizmente, parte do acervo do Instituto está sendo digitalizado. PORTAL INFONET – A possibilidade de ser condescendente – ou realizar um livro de louvor e justificativas – é real em sua obra? Afinal o senhor escreve um livro sobre o seu próprio avô… RL – O livro não é laudatório. Traz toda a fuzilaria da qual o biografado foi vítima ao longo da sua vida pública. Há, escancarada, a versão da oposição. PORTAL INFONET – Contextualize o período vivido por Júlio César Leite e descreva quem foi ele e o motivo do codinome “Chefe Invisível”. RL – Os udenistas (que faziam parte do partido de oposição) codinominaram-no de “Chefe Invisível” para culpá-lo de fatos e atos cometidos por terceiros. Realmente ele tinha a marca da discrição, e adorava as sombras, num tempo em que a mídia era raquítica, com poucos jornais e rádios. PORTAL INFONET – Por que o senhor diz que JCL foi decisivo na trajetória política de quatro governadores? RL – No livro retratei em detalhes 13 eleições, desde 1933 a 1970. Em todas JLC esteve presente. Sendo que nas dos quatro governadores (Eronildes Carvalho, José Leite, Arnaldo Garcez e Seixas Dória) sua participação foi decisiva. Articulou, pediu votos e colaborou financeiramente. PORTAL INFONET – O “Caso da Fazenda Sete Brejos” é citado no livro. Baseado em que o senhor denomina o mesmo de “uma das maiores farsas políticas de Sergipe”? RL – Em 1947, doutor Leandro engendrou a farsa da invasão de sua fazenda. O inquérito aberto > confirma a farsa: ninguém foi indiciado, muito menos JCL. PORTAL INFONET – Qual a influência de seu avô nas lideranças políticas de sua época e qual o seu legado para a sociedade sergipana? RL – No seu agrupamento político não havia lugar para quebra-facas, ou tipos sem expressão. Desde a União Republicana na década de 30 e depois no Partido Republicano que JCL busca atrair os melhores quadros do Estado; juristas, médicos, empresários. Sua forma de fazer política visava o bem comum, atuando com dignidade, lealdade com os companheiros e fidelidade aos maiores interesses do Estado. PORTAL INFONET – Qual a influência de seu avô nas lideranças políticas de sua época e qual o seu legado para a sociedade sergipana? RL – No seu agrupamento político não havia lugar para quebra-facas, ou tipos sem expressão. Desde a União Republicana na década de 30 e depois no Partido Republicano que JCL busca atrair os melhores quadros do Estado; juristas, médicos, empresários. Sua forma de fazer política visava o bem comum, atuando com dignidade, lealdade com os companheiros e fidelidade aos maiores interesses do Estado. PORTAL INFONET – Quais as semelhanças e disparidades entre a política praticada por JCL e a política de hoje? RL – Os acordos e alianças políticas eram mais sólidas em sua época. Agora, até hoje pensa-se em política 24h por dia em Sergipe, e todos conversam com todos, sobretudo em terreno neutro, como Brasília e Rio de Janeiro. PORTAL INFONET – O livro narra uma série de fatos importantes da história sergipana. RL – É verdade. É apresentado com detalhes: o golpe de 64, as articulações de Lourival Batista, a Construção do Hospital de Cirurgia, o torpedeamento dos navios em 1942 na costa de Sergipe. Tudo em uma linguagem simples, direta, quase uma grande reportagem. Quem leu Chatô, Mauá ou a biografia de Garrincha deve gostar. PORTAL INFONET – O senhor já se candidatou algumas vezes. Além disso, é filiado a um partido e militante. O gosto pela política é algo que “está no sangue”? RL – A tradição política na família vem de tempos imemoriais, desde, por exemplo, o Barão de Própria, que no século XIX foi presidente da Província e participou ativamente na transferência da capital de São Cristóvão para Aracaju. A influência de JCL acabou me atingindo naturalmente. PORTAL INFONET – Qual o seu próximo projeto? RL – Estou biografando Jácome Góes e o médico Augusto Leite. Tenho mais algumas figuras em foco que merecem ter suas trajetórias retratadas: Eronildes Carvalho, Otávio Aciolly Sobral, Gonçalo Prado, Antônio Franco, entre outros. PORTAL INFONET – Quando o livro será lançado? RL – No final deste mês, na Biblioteca Pública Epifâneo Dória às 17h.

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