Brasil lamenta a perda do “Víbora”, Joel Silveira

Joel Silveira/ Foto: Site Releituras
… e a Víbora foi embora sem se despedir da gente… Quem é essa Víbora? Ninguém menos que Joel Silveira, um dos mais ilustres sergipanos, autor de mais de 40 livros e, principalmente, jornalista. “Sou viciado em notícias”, disse ele um dia. “Onde há uma noticia, lá estou eu atrás dela”. Sempre foi assim nos últimos 70 anos. Joel Silveira morreu hoje, 15, no seu apartamento em Copacabana, ao lado da mulher, Iracema, com quem conviveu por mais de 50 anos. Tinha 88 anos de idade e nasceu a 23 de setembro de 1918, em Aracaju.

Deixou Sergipe cedo porque não se dava muito bem com o pai. Largara o curso de Direito e foi trabalhar no que mais queria no Rio de Janeiro. Conta a lenda que ele procurou então o diretor-geral dos Diários Associados, Assis Chateaubriand, e pediu-lhe uma ocupação. O velho Chateau pediu, então, um artigo sobre Getúlio Vargas. “Contra ou a favor?”, retrucara Silveira. E pela resposta ganhara o emprego.

Iniciava-se então uma fulgurante carreira no jornalismo. Foi correspondente de guerra nos campos da Itália, onde atuava a Força Expedicionara. De lá voltou com medalhas, uma série de reportagens antológicas e pelo menos quatro livros, o último, “O Inverno da Guerra”, editado em 2005.

Outra reportagem de Joel Silveira que causou furor foi sobre a sociedade paulistana. “A Milésima Noite da Avenida Paulista” mostrava todos os vícios da burguesia paulistana e também virou livro posteriormente. Amigo de todos os presidentes da República até o golpe de 1964, Silveira contava sempre os copos virados com o presidente Jânio Quadros. “Mas nunca o vi bêbado”. Com Juscelino Kubitschek, dividiu uma namorada, a quem JK procurava sempre saber noticias dela.

Pai de dois filhos

Elizabeth foi quem cuidou dele até o final e aquela que anunciou a sua morte – Joel Silveira aceitou ser Secretário da Cultura do Estado de Sergipe no governor de Antônio Carlos Valadares. Mas saiu daqui decepcionado porque não lhes deram as ferramentas necessárias para uma administração razoável. Recentemente recebeu o Prêmio Machado de Assis, da Academia Brasileira de Letras, pelo conjunto de sua obra.

Já há algum tempo cego e sofrendo de irisipela , o que limitava sua circulação por Copacabana, o bairro do Rio onde morava. Silveira também teve câncer de próstata, mas recusou-se a se tratar. Estava cansado e dizia que não agüentava mais outro tratamento.

Atendendo seu pedido – ele era agnóstico – não haverá velório nem missa. Seu corpo será cremado, possivelmente ainda nesta tarde. 

Por Ivan Valença

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