
O Brasil registrou, em 2024, 1,65 milhão de crianças e adolescentes entre 5 e 17 anos em situação de trabalho infantil. A informação foi divulgada nesta sexta-feira, 19, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O número representa 4,3% da população nessa faixa etária e mostra um aumento de 34 mil jovens em relação a 2023, quando o índice foi o menor da série histórica. De acordo com a pesquisa, 1,195 milhão estavam em atividades econômicas e 455 mil produziam apenas para consumo próprio.
A maior parte dos trabalhadores infantis está entre os adolescentes de 16 e 17 anos, que respondem por mais da metade (55,5%) do total. Nesse grupo, a proporção passou de 14,7% em 2023 para 15,3% em 2024. Além disso, 30% trabalham 40 horas ou mais por semana, em jornadas semelhantes às de adultos.
Entre as crianças de 5 a 13 anos, quase todas as que trabalham (87,5%) atuam até 14 horas semanais. Apesar disso, a pesquisa mostra reflexos na educação: enquanto 97,5% das crianças e adolescentes do país frequentavam a escola, o índice cai para 88,8% entre os que estão em trabalho infantil.
A pesquisa também aponta que 560 mil crianças e adolescentes estavam envolvidos nas chamadas piores formas de trabalho infantil, que incluem atividades perigosas e insalubres. O número é o menor desde 2016, mas ainda equivale a 37% dos que exercem atividades econômicas.
Perfil
O estudo revela também desigualdades: dois terços (66%) dos trabalhadores infantis são pretos ou pardos. Em relação ao sexo, os meninos representam 66% do total, enquanto as meninas são 34%.
A região Nordeste (547 mil) e Sul (226 mil) tiveram as maiores altas no número de crianças e adolescentes em situação de trabalho infantil, com crescimentos de 7,3% e 13,6%, respectivamente. Já o Norte registrou queda de 12,1%, mas ainda concentra a maior proporção relativa de jovens nessa condição (6,2%).
Renda
O rendimento médio das crianças e adolescentes em trabalho infantil foi de R$ 845 por mês, valor menor que o dos jovens fora dessa condição (R$ 1.083). Entre os que atuam nas piores formas, a média cai para R$ 789. Persistem desigualdades: meninos ganham em média R$ 924, contra R$ 693 das meninas. Entre pretos e pardos, a renda é de R$ 789, enquanto os brancos recebem R$ 943.
O levantamento ainda mostra que, entre os 13,8 milhões de crianças e adolescentes que viviam em lares beneficiados pelo Bolsa Família, 5,2% estavam em situação de trabalho infantil em 2024. Apesar de ainda estar acima da média nacional (4,3%), o índice vem caindo de forma mais acelerada do que entre os não beneficiários.
*Com informações do IBGE