Os jornais, as emissoras de rádio e televisão divulgaram nestes últimos dias a notícia de que o Governo do Estado retirou os policiais que faziam a segurança de um determinado “pássaro radialista-deputado”, conhecido pelos sergipanos como Cancão. Em passado recente o tal deputado divulgou aos quatro cantos de Sergipe, através do programa radiofônico que mantinha numa emissora de rádio de propriedade particular do governador, que havia sido ameaçado de morte. Providências foram tomadas pela Secretaria de Segurança Pública no sentido de proteger a vida do “ameaçado”, afinal de contas, estava em jogo a vida de uma autoridade. Até aí, tudo bem, porque na história de Sergipe há inúmeros casos de assassinatos e mortes de autoridades. Porém, o que chama a atenção neste caso é o fato de que as mesmas autoridades que disponibilizaram segurança pessoal ao “pássaro radialista-deputado”, afirmando que a denúncia era procedente, agora vão a público dizer que retiraram a escolta policial do Cancão porque ele nunca sofreu ameaça de morte. Esta informação das autoridades do Governo deixa, por assim dizer, a SSP em maus lençóis. Afinal, houve ou não ameaça de morte? Se não, de quem é a responsabilidade pelos R$ 185 mil gastos pelo Estado na segurança de Cancão? Todo Sergipe sabe que o deputado exercia um duplo papel: dava sustentação na Assembléia Legislativa ao Governo do Estado e comandava um programa de rádio, uma espécie de Voz do Brasil em apoio também ao mesmo governo do Estado. Mas isso é passado. Desassombrado. Dizia não ter medo de homem nascido de mulher. Na Assembléia foi parar na Comissão de Ética. Poderia de ter sido “cassado” por falta de decoro parlamentar. Hoje o “pássaro-radialista-deputado” se encontra na oposição ao Governo e já não mais pertence à emissora de rádio do governador. Dizem que ele é bom opositor quando está na situação. Se isso for verdade a oposição ganhou um presente de grego. Diante dessas mudanças é de se questionar a razão da retirada da segurança pessoal à vida do misto de pássaro, locutor e político. Não sendo mais “servidor” da rádio do governador e nem membro da sua base de apoio na Assembléia Legislativa, entendeu o Governo que a “Quenquém” (ave nordestina) teria criado asas e não mais precisaria de proteção. Então, diante disso, veio o decreto governamental dando licença à caça ao Cancão. Algo semelhante ao que fazem os ingleses com a caça à raposa. A lição que fica dessa história toda é que talvez a Secretaria de Segurança Pública não tivesse competência para proteger a vida do Cancão. Não seria esse assunto da alçada do Ministério do Meio Ambiente e do Ibama? Ou quem sabe da Sociedade de Proteção aos Animais? É bom lembrar que até recentemente o “pássaro-radialista-deputado” pertencia ao Partido Verde. Fazia, portanto, jus à natureza de animal de nossa fauna. Mas sendo uma ave inquieta, trocou o PV pelo PL e aí ele próprio liberou geral, facilitando completamente as coisas para o governador autorizar a caça ao Cancão. Por fim, é preciso que se apure a responsabilidade pelos gastos com o aparato policial colocado à disposição do Cancão, que segundo se diz hoje, foram desnecessários. Esse dinheiro deve ser restituído aos cofres do Estado. Criou-se uma situação absurda. Tipo se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. O governo liberal de plantão sabe que é proibido caçar Cancão.
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