Ontem, a Câmara Municipal de Aracaju realizou uma sessão especial para debater a violência contra gays, lésbicas, bissexuais e trangêneros. Realizada em atendimento aos requerimentos apresentados pelos vereadores Iran Barbosa (PT) e Tânia Soares (PCdoB), a sessão contou com a participação da titular da Delegacia de proteção a Grupo Vulneráveis, Daniela Ramos Lima, de Reginaldo Batista de Souza, presidente da Associação de Defesa Homossexual de Sergipe, e da presidente de Associação dos Travestis de Aracaju, Jéssica Taylor.
Dando inicio ao debate, o presidente da Associação de Defesa Homossexual de Sergipe apresentou dados que comprovam o crescimento da violência contra este grupo. Os números mostram que no período de 1983 a 2005, 65 homossexuais foram assassinados em Sergipe. Souza comentou que o fato destes homicídios terem sido tratados pela imprensa como de menor importância ou como “fatos normais e insignificantes demonstra a forma discriminatória como muitas pessoas analisam estes acontecimentos.
Reginaldo lembrou ainda que os homossexuais são colocados como pessoas inferiores, contudo isto não corresponde a verdade, ainda mais num momento onde os conceitos internacionais já colocam que o homossexualismo não é uma anormalidade. Quem falou também sobre o assunto foi Jéssica Taylor, que destacou o alto risco que os travestis enfrentam no dia-a-dia. Ela lembrou que muitas vezes os clientes se recusam a pagar o programa e ainda agridem os travestis de forma violenta, apontando armas e muitas vezes a socos, tornando muito difícil a sobrevivência daquelas que apenas estão buscando desempenhar seu trabalho.
A delegada Daniela Ramos Lima também falou sobre o assunto. Ela explicou que o projeto do Centro de Atendimento a Grupos Vulneráveis, que surgiu inicialmente com a criação da Delegacia da Mulher, e que começou a atender as demandas que não eram especificamente da área. “Com isso surgiu a necessidade de outros grupos terem um tratamento especifico”, explicou a delegada, que destacou que Sergipe foi o primeiro Estado do país a criar um espaço para grupos vulneráveis. Daniela informou que em novembro já foram registrados 34 boletins de ocorrência contra homossexuais.
O vereador Iran Barbosa explicou que apresentou o requerimento, como presidente da Comissão de Educação e Direitos Humanos. Ele lembrou o grande número de agressões e assassinatos divulgados na imprensa, a exemplo do de alguns professores. “Foi importante ouvir tanto a voz dos representantes das instituições como da delegada da área. Há uma importância grande destas instituições para reduzir o índice de violência contra grupos vulneráveis no nosso Estado”, disse, agradecendo a aprovação do requerimento por unanimidade na casa.